Estilo clássico? Sim. Gameplay onde o jogador tem de pensar antes de agir? Sim. Boa ambientação? Sim. Signal Ops é um jogo divertido? Bem… Veja abaixo.
Quando pus meus olhos sobre Signal Ops pela primeira vez, mal sabia do que se tratava, rapidamente descobri que seu objetivo era controlar um grupo de soldados com diferentes atributos. Logo imaginei, Hidden & Dangerous voltou! Bom, no fim descobri que não era muito bem o caso.
Você entra na pele de um diretor de uma agência governamental, durante as diversas missões do título deverás controlar esses soldados por meio de TVs. Você pensou por um instante que a TV era em um sentido figurativo? Não senhor, é literalmente em uma TV 4:3 com uma visão limitada de campo, assim como no período que o jogo se passa. Dê adeus ao widescreen e volte a sofrer com a falta de espaço na tela.
Voltando aos soldados, cada um deles conta com características exclusivas. Um pode abrir portas trancadas, outro passa despercebido por guardas, atiradores de elite e operadores de rádio. Eles são essenciais para as missões, caso um morra você poderá solicitar ao quartel general reforços, mas esse não terá nenhum equipamento, tendo portanto necessidade de buscar no mapa por munições e armas.
De todos eles, creio que o mais interessante e ao mesmo tempo mais complicado de se entender é o operador de rádio. Você não é como um deus, a visão que tens de seu personagem é limitada ao alcance do rádio desse operador.
Quando posicionado no chão, ele oferece uma cobertura mais abrangente. Ao movimentar o operador, ele será desligado da tomada e sua cobertura fica limitada a um círculo bem menor. Pode ser que alguns de seus agentes fiquem sem comunicação temporariamente até achar outra fonte de energia.
Deixo aqui minha profunda frustração e parabéns para quem pensou nisso. Primeiro que, você tem de posicionar seus soldados para que não sejam vistos, segundo que nem sempre uma fonte de energia para avançar no mapa está em uma posição fácil de se encontrar.
O esquema que criei foi usar meu espião para buscar as fontes de energia e calcular mais ou menos quanto tempo duraria para meu operador de rádio chegar antes que a bateria reserva acabe. Caso ela venha a acabar, não se preocupe, aperte “T” e ele retornará à última fonte usada.
Seus objetivos são variados, plante evidências para que pessoas inocentes sejam presas, eliminar pessoas contrárias ao governo, plantar bombas, enfim, tudo que um governo não deveria fazer.
Tudo soa ótimo no papel, mas na hora da ação, Signal Ops deixa a desejar em alguns pontos. Não nego, houveram momentos onde me diverti horrores, parte disso foi conhecer, planejar, arquitetar todo o plano para ter sucesso em uma fase.
Aí começam a aparecer algumas coisas que, para alguns podem ser algo muito incomêdo, mas para outros não é nada de importante.
Dentre elas, destaco ser furtivo. Essa, demonstrada até no tutorial, não oferece indicador algum para saber se me escondi ou não dos guardas. Tudo bem se seu gameplay é voltado ao público hardcore, mas algum indicador visual, nem que meu personagem ficasse com uma sombra como em Thief já seria suficiente para evitar frustração.
A tática que comecei a adotar foi: usar meu espião para conversar com um guarda e fazer meus outros soldados passarem por trás dele sem serem vistos. Algumas missões não contavam com esse personagem, ou eu fui idiota demais e não notei que ele estava presente na seleção de personagem.
Ah, que vontade que tive de jogar meu computador inteiro pela janela em certos momentos. Pensava que tudo estava indo bem e lá estava um guarda a distância. Poucos segundos, ele me avistava e prendia meu personagem.
O segundo ponto foram os controles em si. Primeiro que eles utilizam um botão “ ‘ “ (o apóstrofo) que não fica na mesma posição no teclado Brasileiro e no Norte-Americano. Foram alguns bons minutos gastos até descobrir porque não conseguia sair da tela de selecionar o personagem para controlar o meu diretor.
Com isso no passado, agora foi entender que a barra de espaço usa as ações do personagem e não o F, como já estou acostumado. Enfim, foi a mesma sensação recente com Resident Evil, onde passei meia hora tentando tornar os controles mais confortáveis de serem usados em um teclado.
Signal Ops tem suporte a controles, não cheguei a testar, mas parece ser a melhor opção no momento.
Quanto a problemas na parte técnica, não foram poucos. Tive bugs gráficos, meu personagem parou de andar do nada, ele deixou de funcionar umas três vezes e perdi meu progresso na missão. Desde que peguei o jogo, três patches foram lançadas, pelos menos a desenvolvedora está ciente dos problemas.
Outra parte que apontaria melhorias é a sua interface em si. Porque? Porque não dá para usar o mouse para clicar nas coisas. Não tem nada que me incomoda mais do que um jogo para PC onde não colocam uma funcionalidade tão banal quanto controlar com o mouse, deveria ser regra, não exceção.
Ah sim! Não podemos nos esquecer da grande ideia de colocar um coop online. Com uma temática que oferece grande oportunidade de jogar com seus amigos, pensei que seria uma boa idéia chamar outras duas pessoas para desfrutar de Signal Ops.
Pena que isso só ficou em ideia mesmo. Ainda bem que sou da geração que cresceu se conectando por IP no Quake, Unreal Tournament, Battlefield, etc etc. Ele não oferece nem um navegador de servidores, para se conectar tem de colocar o domínio, IP ou nome do computador, no caso de LAN.
Depois de decifrarmos qual eram as portas UDP e TCP que deveriam ser abertas, conseguimos finalmente jogar. Eu tenho essa paciência para fazer tudo isso; todos terão? Creio que não. Como já havia apontado em outros casos, é muito difícil de manter a atenção do público alvo de hoje em dia, basta um trabalho a mais e todos desistem.
(Vale apontar que ele tem suporte a servidores dedicados, um dos desenvolvedores explicou como realizar no fórum oficial do jogo no GOG.com).
Deixa eu parar de odiar tanto o jogo, destacar um pouco a atuação dos personagens, com linhas de diálogo muito engraçadas e sua estética. Pelo o que vi, o motor gráfico não é algo impressionante, não falamos de uma CryEngine da vida. Mesmo assim, Signal Ops conseguiu manter uma identidade própria e se destacar em relação aos outros títulos que tenho jogado recentemente.
Signal Ops é um conjunto de idéias, temática e gameplay muito interessante. Foi como o retorno a alguns clássicos de minha infância, o problema é que esses clássicos ainda continuam mais gostosos de se jogar do que Signal Ops.
Eu às vezes deixo passar algumas coisas quando se trata de desenvolvedoras Indie, mas nesse caso não tem como. Se você acordou com saco para arrumar controles, aturar bugs, tentar se conectar com um amigo online, está aí uma ótima pedida. Se não, uma pena, pois algo bom poderia sair daí.