Eu vou ser sincero e falar que nunca dei muita bola para os jogos do Sherlock Holmes até Crimes & Punishment. Dessa vez, fico feliz em ter dado. Desenvolvido pela Frogware, Crimes & Punishment é uma nova era para a franquia, a mudança para Unreal Engine 3 e mudanças na sua estrutura.
No fundo, o game continua um adventure clássico, reúna as pistas, descubra quem foi o assassino, interrogue pessoas e ache evidências. O que faz Sherlock Holmes se destacar é que ele permite com que o jogador inconscientemente se sinta inteligente.
Não existe muita exploração, na verdade ela é bem limitada em certas áreas, mas as mecânicas trazem um reforço positivo tão forte que o jogador se sente como “meu deus, eu resolvi isso, eu consegui”.
Ele foge dos antigos paradigmas dos adventures onde você tem de misturar uma penca de itens para passar de uma área e se foca nas sutilezas do cenário para contar uma história. Isso funciona terrivelmente bem em Crimes and Punishment.
Por exemplo, uma das “habilidades” de holmes é enxergar peculiaridades nas pessoas que ele interroga, como roupas rasgadas, detalhes que podem resultar em novas perguntas. O sistema é muito simples, mova as setas do teclado para inspecionar o personagem e o mouse para encontrar tais peculiaridades. É praticamente on rails e mesmo assim traz uma sensação positiva para o jogador.
O mesmo acontece com os diálogos, já que não existe uma grande ramificação de perguntas, exceto aquelas que são liberadas pelas habilidades. Mesmo assim você continua com aquela sensação de “Te peguei!”.
Em alguns casos, existem mini games como acertar um arpão em um porco, misturar elementos para limpar panos e por aí vai. Poderia viver sem eles, mas não prejudicam a diversão.
Para finalizar, você pode personalizar Holmes com uma vasta quantidade de roupas que são liberadas ao longo das investigações, como um marinheiro bêbado, um coveiro e por aí vai.
Os casos do game são inconsistentes. Alguns são fáceis demais outros requerem uma grande dose de atenção. Em um deles eu já sabia o desfecho muito antes de sequer conseguir termina-lo de fato. Não prejudica a diversão no geral, porém.
Independentemente, é bom prestar atenção, pois casos podem ter mais de um final. Eles são liberados por meio de um sistema de dedução, onde você já pega o conhecimento que tem sobre o que aconteceu e organiza mentalmente quem pode ser o culpado. Por isso novamente reforço a necessidade de pesquisar bem nos lugares, pois eu acabei acusando um garoto de um assassinato que ele não cometeu.
Os cenários são variados, de estações de trem a pequenas casas na área rural ao entorno de Londres, o que prejudica o ritmo do game são as telas de loading. Elas existem em demasia, algumas vezes tínhamos que ir e vir de um local mais de uma vez em questão de minutos só para pegar um item extra. Toda vez que você muda de local tem de aguentar uma animação de Holmes andando na charrete e ainda confirmar para sair dela.
Ao menos a beleza dos cenários compensa. Se me falassem que isso é Unreal Engine 4 e não Unreal Engine 3, eu não ficaria impressionado. O trabalho de recriar uma Londres do século XVIII foi sensacional, com detalhes na roupa dos personagens, objetos, ambientação e principalmente trilha sonora. Não sou ninguém para julgar a atuação dos personagens, apesar de ter gostado bastante do ator que fez Holmes e do ator que fez Dawson.
Se você gosta de adventures, mas tem medo de ficar prezo naqueles puzzles intermináveis, dê uma chance para Sherlock Holmes – Crimes & Punishment. Ele é um ótimo jogo, belíssimo, que te guia e te mostra como solucionar casos sem te tratar como um idiota.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Focus Home Interactive