Se eu pudesse definir March of the Eagles em poucas palavras seria: “Eu odeio Gibraltar”. Isso foi uma brincadeira, mas eu realmente odeio Gibraltar.
Desenvolvido pela Paradox, a primeira coisa que se nota ao iniciar uma partida é que a típica complexidade de seus wargames não está tão presente quanto se espera.
“Então eu conseguirei abrir o jogo e jogar de cara?”
Não, óbvio que não! Ainda demoram algumas horas, no meu caso cinco. Não só para entender os objetivos como também a interface, comandos, filtros do mapa e tudo mais.
Digo por experiência no gênero, se você nunca os jogou por favor faça os tutoriais e leia os manuais. Quando digo que está mais simples, não é algo tipo Starcraft II, mas você não ficará completamente perdido como ocorre no Victoria 2.
Se você, assim como muitos que conheço, tem um histórico de somente ter jogado Crusader Kings II, esqueça tudo o que entende sobre wargames da Paradox. March of The Eagles se foca unicamente no combate e na dominação, a diplomacia fica em segundo plano.
Como é imaginado pela sua capa, durante as guerras napoleônicas, o objetivo de sua nação é ter total dominação naval e territorial de certos locais da Europa. Isto é obtido por meio da conquista de certos pontos-chave do mapa.
Ainda existem elementos como economia, diplomacia e melhorias. Mas eles são demonstrados através de menus que deixam a complexidade para segundo plano. Dentre eles estão novas tecnologias, sejam para sua infantaria, produção, equipamento naval etc.
Tais tecnologias são obtidas por meio de pontos de prestígio (não é o chocolate). Os pontos são obtidos de algumas maneiras: Uma taxa específica mensalmente, vitória em combate e a rendição de outros países na guerra.
A falta de elementos mais complexos resulta em duas consequências: Por ser algo completamente focado nas batalhas, aqueles que querem um pouco mais de diplomacia ou um ritmo mais lento, não encontrarão aqui. Para um jogo cuja enfase é combate, a AI não é tão boa quanto se espera
Vamos dar um exemplo: Jogava de Espanha. Portugal declarou guerra por algum motivo. Até aí, tudo bem. O problema é que o exército deles era praticamente inexistente perto da minha máquina de guerra.
Batalhões com 2000, 3000 soldados vinham bater de frente com os meus de 25 mil. No fim, anexei dois terços do país e eles ficaram com duas ou três regiões aleatórias.
O combate por si só ainda precisa de algumas melhoras. Quem está acostumado com jogos da Paradox, sabe que as mecânicas de combate ainda não são as mais interessantes do mundo.
O velho esquema de “junte um grupo de soldados bem grande e jogue contra outro grupo que possivelmente você ganhará a batalha” ainda funciona. Repita isso quando o exército inimigo fugir e você o destruirá em questão de minutos.
Creio que este seja o…. quarto jogo da Paradox com esse problema? Quando é Crusader Kings, Europa Universalis, Victoria II não me importa muito pois o foco está na diplomacia.
Agora desenvolver um wargame cuja sua mecânica principal, as batalhas, ainda pecam muito é outro assunto. Trata-se da mesma situação que encontro em jogos da série Total War. Enfie uma quantidade absurda de cavalos e nem mesmo o exército mais forte terá chance contra o seu.
Agora você entende porque odeio Gibraltar? Acho que fiquei mais de uma hora tentando conquistar aquela cidade, sem sucesso obviamente, devido aos meus barcos apesar de serem mais experientes, tomarem uma surra dos britânicos.
Deixo aqui as esperanças que, assim como na série Total War, os desenvolvedores deem uma pequena arrumada nisso.
Após meu aprendizado e minhas frustrações com o single-player e sua inteligência artificial, era hora de ir para o Multiplayer.
Não sei se é necessário falar isso, mas March Of The Eagles não é um daqueles jogos que tem matchmaking ou algo do gênero. Você marca uma partida por IP ou busca alguma partida aberta dentro das opções do online.
Compreensivel tal decisão, já que ele suporta até 32 jogadores e é um gênero muito de nicho para se preocupar com tais aspectos que neste caso são irrelevantes. Bastaram alguns minutos para me lembrar que nenhum amigo meu joga títulos da Paradox, pelo menos não os de estratégia. Hora de dar a cara a tapa e conhecer pessoas no fórum para montar uma partida.
Consegui montar uma partida com oito pessoas, na época, March of The Eagles ainda era relativamente novo, portanto não haviam muitas pessoas que o compraram.
Minha experiência foi um misto de felicidade, dor e raiva. Felicidade pois descobri que ele é muito mais divertido quando se joga com outras pessoas, basicamente outro jogo.
Chega de AI burra, você agora tem outras pessoas no controle de nações, o que traz a parte da dor. Dois jogadores se aliaram contra mim pela metade da partida. Rapidamente pedi aliança a outros dois para tentar combate-los.
Foi por volta da metade da partida que os meus “amiguinhos” se viraram contra mim, decidiram ajudar os oponentes e resultou na total destruição de meu país. Quando eu digo metade da partida, eu falo depois de três horas de jogo.
Sabe o que são três horas perdidas por causa de dois… prefiro não adicionar adjetivos nesse caso? As minhas partidas de Dota 2 com mais de uma hora e vinte não significam nada perto disso. Nada.
No fim, devo dizer que valeu, e muito, a experiência. Gostaria que mais amigos jogassem para que eu os pudesse irritar profundamente, perder amizades, me bloquearem no Skype ou Steam, etc etc.
March Of The Eagles é altamente recomendável para aqueles que buscam um jogo de estratégia para se jogar com amigos e pessoas que buscam complexidade na medida certa. Assim como Sengoku, o considero uma ótima plataforma para partir para outros títulos da Paradox, mais completos e abrangentes.
Se for para pegar pelo single, você perderá seu tempo. Nem 2/3 das emoções que tive com as duradouras partidas online podem ser sentidas jogando com uma inteligência artificial não tão boa.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Paradox.