Finalmente voltamos a Nova York na pele de Prophet. Agora que Manhathan está muito mais para Crysis 1 do que Crysis 2, podemos ver uma evolução na série, pensei. Estava parcialmente certo. Crysis 3 consegue dar um passo a frente e meio passo para trás na franquia.
A partir dos primeiros minutos, não pude ficar mais feliz com a adição do arco-e-flecha. Por ser uma pessoa que tem grande preferência por uma jogabilidade mais stealth e menos “saia matando todo mundo”. Pensei que verificar meu cenário e escolher a melhor hora de atirar o arco fariam parte destas mecânicas.
Até certa altura é o que acontece, houve momentos onde tive de verificar o que havia à minha volta, esperar o inimigo chegar em algum ponto para assim, matá-lo. O problema se encontra no fato que o arco-e-flecha simplesmente quebra o jogo.
Sabe quando você está numa parte muito difícil de um RPG tipo Final Fantasy e decide sentar e lutar por horas a fio até matar qualquer inimigo com um golpe? É mais ou menos o que ocorre aqui, mas só que sem a parte de demorar horas.
Um ótimo caso de gratificação instantânea para quem precisa de gratificação instantânea. Um elemento comparável às medalhas que você ganha somente por matar alguém no Call of Duty. Eu não sei o que eles tinham na cabeça quando decidiram que o arco seria a arma mais desbalanceada de todos os tempos.
Talvez porque o público de forma geral não tem uma grande capacidade de jogar algo furtivamente. As pessoas reclamaram da dificuldade do Dishonored, por exemplo. Imagina se jogarem Thief? Com isso eles decidiram recompensá-los com “Se vocês tentarem jogar assim, vocês poderão melhor usar essa arma forte, que tal?”.
Afinal de contas, um alien com uma tecnologia nunca antes vista na Terra morre com uma flechada, faz sentido.
Isso se expande a outras áreas do Crysis, onde a gratificação instantânea aparece a cada segundo. As missões sempre tem aqueles “OBJECTIVE COMPLETED” berrando na sua tela, o multiplayer traz o mesmo arco-e-flecha (bem, quase o mesmo, dessa vez você precisa de duas flechas para matar alguém).
O título tem este problema, mas existe outro ponto muito positivo: Os cenários. Não falo dos gráficos, isso vem depois. Falo do tamanho deles. São tão grandes quanto os de Crysis 1? Não, mas são “não-lineares” o suficiente para trazer uma gama de maneiras que podem resolver uma situação.
Diferente dos dois jogos anteriores, os aliens dessa vez não me incomodaram tanto quanto imaginei que iriam. Isso talvez ocorra por dois motivos: Eles estão melhor espalhados durante as fases (algumas fases com aliens, outras não) e porque Crysis 3 é curto.
Sim, Crysis 3 é extremamente curto quando comparado com o resto da série. Na dificuldade considerada “difícil”, foram cerca de seis a sete horas para terminá-lo. Se comparar com as 18 horas que demorei em Crysis 2, é um tanto quanto decepcionante.
Quanto à história… Por favor, né? Se você esperava algo nesse departamento, desista da série. Pelo o que eu entendi ela só ficou mais confusa ainda e no final correram para finalizar tudo com um tom de “este é o último jogo da série.”
Chega de gameplay, vamos falar sobre os aspectos técnicos de Crysis 3!
Como era de se esperar, seus gráficos estão espetaculares, muito acima do que vimos até então na atual geração. Um grande destaque vai para os reflexos da água em ambientes internos. A modelagem de personagens, como o Psycho, que também está excepcional.
No departamento de áudio, muitos sons foram reutilizados de Crysis 2, tanto de armas quanto de cenário. Isso passa uma sensação horrível de Deja Vu e preguiça da Crytek em melhorar este aspecto. Outra parte que sofreu foi sua trilha sonora, não tao boa quanto o antecessor.
Seu desempenho nos PCs ficou relativamente bom se levarmos em conta a quantidade de efeitos na tela. É mais ou menos assim: Se você tem um PC bom, não se preocupe que irá rodar super bem; caso não o tenha, não irá, fim.
O que seria de um shooter nessa geração sem um modo online? Crysis 3 também tem o seu modo multiplayer. Não houve grandes modificações neste caso. Se você quiser uma rápida definição de como ele funciona: imagine o desbalanceamento do arco comentado acima, aplique a cada item do modo multiplayer. É bem assim.
Os superpoderes da Nanosuit ainda não se encaixam muito bem em um ambiente online. Tudo bem, são dadas as ferramentas necessárias para que esses poderes não sejam abusados.
Imagine, porém, um jogador com uma perk que te dá melhoria para invisibilidade com um arco, no canto do mapa, matando o time inteiro. Parece divertido? Não, né?
O único ponto positivo que vi neste modo foi sua variedade de mapas, se não me engano são 13 ou 14 no total. Tendo em vista que muitos jogos saem com cinco ou seis mapas e depois entopem de DLC, acho um milagre isto não ocorrer neste caso.
Crysis 3 faz algumas coisas que gosto, mas peca em muitos aspectos de gameplay para que seja possível recomendá-lo a não ser para fãs da série. Se você quer algo para passar o tempo, um multiplayer semi-descartável, espere uma promoção e o pegue, se não, o deixe pra lá.