Existem certos jogos que não foram feitos para serem exatamente jogos. Contrast é um deles. Ele tem toda as características para se tornar uma animação, ou qualquer outra coisa interessante, porém, te prende nesse universo de jogos.
Em Contrast o jogador entra na pele de Dawn, uma amiga imaginaria da garota Didi. Juntos, vocês começam a desvendar o motivo de seu pai ter saído de casa e rapidamente a trama se expande para outros assuntos maiores que a própria família de Didi.
Toda a trama de Contrast é deveras interessante, o problema é que ela acaba por perder a força dado a sua jogabilidade. Entre a narrativa, você tem de resolver variados puzzles, mas sempre com uma mecânica evidente, poder andar pelas sombras.
Dawn consegue entrar nas paredes e navegar pelo mundo das sombras. Assim, ela consegue alcançar locais inacessíveis e avançar na história. Diria que 90% dos quebra-cabeças envolvem movimentar fontes de luz para que as sombras alcancem um andar superior ou permitam que Dawn ultrapasse obstáculos.
Não é uma mecânica ruim, é interessante, mas depois de fazer o oitavo puzzle relacionado a ela as coisas começam a ficar chatas. No fim, você só quer que a história termine sem ter de consertar mais nenhuma luz como se fosse um eletricista que faz hora extra para ajudar uma garotinha.
Outro problema que senti em Contrast é toda a movimentação dos personagens. Não me leve a mal, eu sei que é um estúdio pequeno e sei das dificuldades financeiras de qualquer estúdio pequeno, mas toda a animação me faz sentir que estou em 2006 ou 2007. Ondes os estúdios faziam animações boas, mas não boas o suficiente para ser considerado “next gen” para os padrões do Xbox 360 e PlayStation 3.
Felizmente, Contrast é um game curto, em três horas e meia eu já o havia terminado, o problema mesmo foram que essas três horas pareceram mais sete.
Se você ainda quer mais conteúdo, ele oferece alguns colecionáveis espalhados pelo mapa que darão mais informação sobre o mundo. Em conjunto, há pequenas luzes colecionáveis que não fazem absolutamente nada e estão lá para encher linguiça.
Na parte técnica, Contrast não deixa a desejar. O mundo é belíssimo, com uma estética sensacional e uma trilha sonora de tirar o chapéu. Não há muitas configurações para quem tem um PC mais fraco, assim como os controles não são reconfiguráveis, o que é uma pena.
Como falei anteriormente, Contrast é um daqueles títulos que não necessariamente precisaria virar um jogo. Suas mecânicas atrapalham mais do que ajudam na hora de aproveitar a trama.
Antes fosse uma animação, ou até mesmo um game como Dear Esther ou Gone Home, na minha cabeça ele teria sido mais interessante do que um título que conta com puzzles fracos e uma jogabilidade batida. Se for para comprar, compre por sua estética e trilha sonora, que são ótimas.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Focus Home Interactive