Você foi acusado de matar a princesa, sua amiga de longa data. Seria você o culpado ou só estava no lugar errado na hora errada? Esse é o pontapé inicial de Blackguards, RPG desenvolvido pela Daedalic Entertainment, famosa pela série Deponia e outros adventures.
Ao contrário do que esperava, a história de Blackguards não é tão boa quanto eu imaginava. A trama chega até a ser interessante, mas acaba por não prender. Parte disso é relacionado a atuação fraca dos personagens, que sempre parecem estar desinteressados com o que ocorre no mundo a sua volta.
Ter um grupo de ladrões, malfeitores, como deseja chama-los, em um ambiente medieval não é algo padrão da indústria. Mas só isso não é suficiente para salvar a história.
Enquanto a história, mas sim em seu combate. Com um sistema de turnos, ele utiliza o sistema de regras The Dark Eye, muito famoso na Alemanha.
Não existem encontros aleatórios, todas as batalhas são devidamente feitas com o maior cuidado possível. Com isso, não é apenas um mero teste de força, mas sim quase que um quebra cabeça.
Por exemplo, algumas batalhas faz com que seus personagens tenham de realizar ações no cenário como derrubar candelabros, salvar prisioneiros, dentre outras, para avançar na história. Isso é explicado apenas uma vez e nem todas as batalhas tem isso.
É bem provável que após algumas horas de jogo você acabe por esquecer e fique empacado sem saber como concluir um combate.
Para quem conhece Dungeons & Dragons, The Dark Eye não é tão difícil de aprender, apesar que Blackguards faz um esforço considerável em o tornar ainda mais difícil do que deveria.
O problema reside na interface de habilidades e na página do personagem. Ambos são mais confusos do que deveria. Existem tutoriais, mas eles não chegam a cobrir tudo que é necessário para compreender totalmente.
É um sistema que em seu núcleo provê uma liberdade impressionante, existem habilidades para todos os gostos, diferente maneiras de criar o seu personagem. Como falei antes, porém, é preciso de um esforço mais do que o normal para se compreender isso.
Complexidade em um RPG não é de todo mal, mas Blackguards poderia ter um sistema de dicas dinâmicas, como aparece nos jogos da Paradox, Galactic Civilizations e tantos outros por aí.
Entre os combates, você navega pelo mundo por meio de um mapa. A única real interação ocorre dentro das cidades, onde se pode comprar itens, descansar nos Inn e receber quests. Tal sistema pode ser visto, por exemplo, em Fire Emblem, Final Fantasy Tactics e outros RPGs de estratégia.
Para a parte técnica, Blackguards não agrada nem desagrada. Sua estética é bem parecida com que se vê em quase todo RPG medieval. Apesar de que devo parabenizar a Daedalic pelo design dos monstros, que foi a real atração das batalhas.
Por ser seu primeiro RPG desenvolvido, ainda mais vindo de uma empresa famosa pelos seus adventure games, Blackguards foi um sucesso.
Pode não ter o mesmo brilho no quesito história de outros títulos da empresa, mas ainda assim foi um experimento que deu certo.
Espero que eles consigam notar o que deu de errado em relação ao desenvolvimento de seu personagem, assim como facilitar todo o sistema de habilidades. Quem sabe no futuro não veremos um novo RPG deles?
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Daedalic Entertainment