Acho que pelos últimos dois dias eu nunca me senti tão burro em toda a minha vida. Ok, talvez houveram outras vezes, mas em momento algum foi tão explícito quanto as minhas partidas em AntiChamber. Ele está disponível no Steam por R$ 34,99.
Antichamber é um puzzle game desenvolvido por Alexander Bruce. Com fortes inspirações em M.C. Escher, seu objetivo principal é basicamente encontrar a saída de um labirinto.
Em cada um dos quebra-cabeças, o jogo te dá uma imagem e texto com base no tema proposto. Alguns contam sobre escolhas na vida, caminhos que um ser humano percorre durante a sua vivência, dentre outras coisas.
É por aí que as coisas começam a se complicar. Tais desafios são compostos das regras mais bizarras possíveis.
Para não estragar a surpresa, vou exemplificar um dos quebra cabeças: Durante a tentativa de resolver como abrir uma porta, eu sem querer caí em um fosso e me encontrei em uma sala escura.
Andei para frente e uma escada se formou. Mal percebi que estava em frente a outra porta, virei de costas, a sala se tornou azul. Demorou alguns segundos para notar que na verdade ela não tinha mudado de cor, estava em outra área do labirinto.
O que descrevi acima não é a exceção, mas sim, a regra do que se pode esperar.
Não diria que os quebra cabeças são difíceis, na verdade eles requerem que você pense de maneiras diferentes do que está habituado. Não é um “vamos pensar diferente” no estilo Portal, onde você sabe as ferramentas que pode utilizar.
Muitas das vezes a única coisa que eu precisava usar não era o cenário, não era uma arma, era só a minha cabeça, pois “I am not a clever man”.
Outra coisa que contribui para a “loucura” é a sua estética. Tecnologicamente avançado, ele não é. Mas há algo com os corredores brancos, as cores fortes. É como se eu estivesse em um filme do Lynch baseado no Pacman, mas só que ligaram as luzes.
Alguns momentos ele consegue ser extremamente calmo, outras vezes perturbador. Não há muita trilha sonora, para não dizer alguma. Você está lá, sozinho, na tentativa de resolver algo e um canto de pássaro começa a tocar ao fundo, o vento passa a distância… não foi agradável certas partes durante a madrugada.
Antichamber aposta no óbvio e no bizarro para nos mostrar o quão pouco acostumados estamos a pensar em problemas de maneira diferente. Se você tiver paciência, você não só encontrará um dos melhores puzzle games dos últimos anos, como também uma daquelas experiências únicas, vistas em jogos como Proteus, Journey e Dear Esther.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Demruth