Eu tinha riscado Warhammer: Vermintide 2 (Steam) da minha lista de “jogos para relaxar” há um bom tempo. A sua primeira grande expansão, Winds of Magic, foi um desastre devido a ausência de bots, um terrível sistema de matchmaking e uma segunda camada de progressão desnecessária. O que não imaginava é que, em pleno 2021, Vermintide 2 pode acabar ao lado de Nazi Zombie Army 4 como uma daquelas “experiências” coop que eu recomendo para todos. O motivo? A atualização Chaos Wastes.
A atualização adiciona um novo modo “roguelite” para o jogo onde toda run é gerada “aleatoriamente” a partir de 15 mapas com uma progressão no estilo FTL. Escolha uma das três rotas e torça para a sorte te favorecer. Um mapa pode ter uma maior quantidade de skaven de alto nível, mas uma redução considerável de hordas. Outros mapas podem ter uma enormidade de inimigos elite – como o demônio do Chaos Spawn que me mata em quase toda partida – e oferece mais oportunidades para melhorar o seu equipamento.
Quem conhece um pouco do histórico de Vermintide 2 vai notar algumas similaridades entre Chaos Wastes e Winds of Magic. Há uma nova meta progressão, alguns mapas dos mapas são fortemente inspirados pelos presentes na campanha original e seus respectivos DLCs. “Mais do mesmo”, clamariam alguns. Pelo contrário, a experiência não podia ser mais distinta.
Grande parte disso vêm do sistema de modificadores que, ao contrário da mixaria de Winds of Magic, aparecem aos montes em Chaos Wastes. Tais modificadores podem parecer “inofensivos” de início até você completar dois ou três mapas e receber um aumento de 40% de stamina. Isto sem contar o novo sistema de poções que inclui lifesteal, uma poção de agilidade mais eficaz, uma poção de lifeshare para que você e sua equipe sejam curados ao causar dano aos inimigos. A minha favorita, no entanto, é a de bombas infinitas, só tome cuidado para não matar o resto da sua equipe.
Como alguém cansado de jogar os mesmos mapas pela centésima vez (e isto não se limita a Vermintide, mas também com jogos como Left 4 Dead 1 e 2, ao menos o jogo da Valve foi salvo por mods), modificadores são como aquela revitalizada que eu preciso para voltar.
Eu pulava de entusiasmo toda vez que começava uma partida de Chaos Wastes “Qual será a surpresa da vez? Como eu irei me desvencilhar da horda de Skaven / Chaos / Beastmen que virão ao meu encontro?”.
Como se já não bastasse os modificadores, há uma notável melhoria no IA Director (o sistema que administra o grau de dificuldade de cada mapa). Foi-se o tempo de você sofrer em corredores apertados pois um Chaos Spawn decidiu surgir do nada e acabar com a sua run. A maioria dessas lutas ocorrem em arenas mais abertas e com mais chances de se esquivar ou bloquear seus ataques.
Entretanto, não nego que Chaos Wastes ainda tem uma pegada muito voltada para quem já ao menos concluiu a campanha de Vermintide 2. Dezenas de mecânicas nem sempre muito bem explicadas como a própria esquiva e bloqueio citadas acima são alguns elementos cruciais para você chegar no final da run e alcançar a tenebrosa Citadel of Eternity.
Por ter jogado a maioria do tempo com bots já que só possuía um código para preview, a minha jornada deve ter sido ao menos dez vezes mais longa do que deveria. A minha única run bem sucedida durou cerca de três horas com breves intervalos para respirar e escolher o próximo mapa a ser jogado. Creio que aqueles mais experientes do que eu em Vermintide 2 e com uma equipe mais coordenada conseguirão completar uma run por volta de uma a duas horas. Mas não vou reclamar, a atualização que acompanha Chaos Wastes traz algumas melhorias cruciais para o comportamento dos bots, agora eles ao menos pararam de beber toda poção que eu os dava como se fosse um copo d’água.
Eles foram especialmente úteis quando eu entrei em uma das áreas amaldiçoadas pelos deuses do Caos, Khorne, Tzeentch, Nurgle e Slaanesh. Tais áreas adicionam objetivos extras, dão buffs nos inimigos e são um caos de serem completadas (perdoem o trocadilho). Imagine um mapa onde você toma dano constantemente? Pois é, essa é uma das maldições de Slaanesh. É mais uma daquelas variantes que acredito que jogadores muito mais experientes do que eu tenham mais sorte em vencê-las.
E, por mais que eu tenha arranhado apenas a superfície de Chaos Wastes, afinal ainda existem dezenas de desafios diários, baús, áreas com runas que invocam inimigos elite em troca de armamentos mais poderosos, é de longe a melhor coisa que a Fatshark fez para Vermintide 2.
Pode ser que não vejamos mais atualizações para o game além das tradicionais correções de bugs já que a desenvolvedora deve estar mais do que ocupada com o seu próximo jogo – Darktide. Se for o caso, Vermintide fechou a sua jornada com o pé direito. Saiu de um jogo mediano com um sistema de loot fraco para algo versátil e com modos de jogo para todos. Se este for uma palhinha do que me espera em Darktide, tenho certeza que ficarei um tanto feliz quando ele for lançado.
Curioso para mais? Dê uma olhada em uma das minhas runs, incluindo a defesa de um Riftgate e o novo sistema de “buffs” para as armas.