Eu não tinha notado o quão sem esperança eu já estava com o futuro da franquia Stronghold até abrir um sorriso pelo simples fato que a movimentação e ataque das tropas em Stronghold: Warlords não é mais um sofrimento. Pode soar bobo para quem não acompanha a série, mas para quem viu a Firefly Studios tentar capturar a mesma magia do primeiro Stronghold pela última década, os menores gestos de Warlords fazem uma diferença enorme.
A versão demo que testei, a mesma apresentada durante a PAX 2020, pode ter só uma fase, bugs e uma interface claramente inacabada, mas ela restaurou a minha esperança no futuro da Firefly Studios mais que qualquer trailer divulgado até então. Stronghold: Warlords ainda mantém a pegada da série: construa uma economia forte, recrute tropas e desenvolva a sua província antes de sequer cogitar um ataque.
A palavra-chave que diferencia Warlords de Crusaders ou seus antecessores é “províncias”. O mapa agora é separado em áreas e só uma delas está sob seu controle direto. Espaço para deslizes é o que não falta, mas a Firefly ainda consegue manter uma incrível coesão entre controle direto e indireto de províncias – o indireto sendo o caso de vassalos ou facções aliadas.
Na demo a minha missão era destruir três portões e tomar o controle de um castelo, objetivos que não são incomuns em Stronghold. No entanto, o castelo estava defendido por cavalaria e arqueiros muito mais capazes e experientes do que a minha infantaria. Eu tinha duas opções: gastar todos os meus recursos para aprimorar a infantaria e tentar a sorte, ou pedir ajuda dos meus aliados.
Com a adição de setores, manter uma economia estável agora é muito mais difícil do que apenas aumentar as taxas e compensar com mais variedade de comida ou trabalho para todos os habitantes. A região é menor, nem sempre possui os recursos que você precisa e a velocidade de produção de alimento foi diminuída.
Sabendo que Stronghold nunca foi um jogo balanceado, optei primeiro por um ataque em massa com as unidades mais baratas e tinha certeza que ia me safar com essa tática.Vi o primeiro portão cair, o segundo portão cair e empaquei no terceiro. Meus suprimentos tinham esgotado, recrutar muitos soldados fez com que faltasse mão de obra na fazenda e em outros setores da minha cidade, o que fez a minha economia entrar em colapso. Parabéns Firefly Studios, pela primeira vez a tática mais banal de Stronghold foi corrigida.
Mas não só isso, o combate em si – por mais rudimentar que esteja na versão demo – sinaliza uma maior importância para a composição de tropas e diferenças de terreno. Cavalarias agora sofrem tanto atrito em áreas com corpos d’água quanto a infantaria, o dano causado vai variar de acordo com a classe e experiência de cada unidade. Eu consegui interrompe-los temporariamente pois minha infantaria tinha escudos, lanças e estava em maior número. Sem dúvidas não valeu o preço que foi pago.
Não demorou para ver que abandonar os meus vassalos e aliados foi uma péssima ideia. Com a mão de obra escassa, só eles seriam capazes de me prover matérias-primas como madeira para produzir equipamento, comida para alimentar a minha população e unidades especiais para conquistar a missão.
Estou vendo um sistema logístico mais competente em Stronghold: Warlods ou estou enlouquecendo? É cedo demais para ter certeza, mas a demo trouxe um pingo de esperança de que o sistema de vassalos seja a resposta para uma franquia que por muitos anos se escorou demais no bom e velho “build order” e se aproveitar dos vastos recursos de cada mapa.
A segunda tentativa em conquistar a missão foi muito mais bem sucedida. A interação com meus vassalos fez a minha economia florescer e a variedade de unidades de médio e grande porte – como artilharia munida de foguetes – fez o processo de derrotar o oponente algo trivial. Mas não sem as suas peculiaridades.
Artilharia, antes uma unidade formidável e a resposta para toda e qualquer tentativa de invasão das terras em Stronghold, requer mais cuidado em Warlords. Sua precisão foi diminuída e o tempo de preparo de cada disparo é longo. Micro gerenciar as tropas para formarem um escudo de proteção vira uma técnica viável – e um alívio de saber que eu terei mais ferramentas para trabalhar contra os possíveis desafios impostos pela versão final de Stronghold: Warlords.
E por falar na versão final de Stronghold: Warlords, a versão demo só me deu mais vontade de testá-la o quanto antes, mesmo que ainda não tenha data para lançamento. A Firefly Studios caminha para um futuro promissor para a franquia, se eles quebrarem a “maldição” de se prenderem ao passado, Warlords tem a chance de superar o primeiro Stronghold.