O mundo dos jogos de Warhammer parece ser uma roleta russa. Devido a forma que a Game Workshop trabalha com essa propriedade intelectual no mundo dos jogos virtuais, desenvolvedores diversos podem trabalhar com esse universo. De vez em quando vemos resultados satisfatórios como Vermintide, ou o promissor Battlefleet: Gothic Armada, pelas primeiras impressões do Lucas. Eisenhorn infelizmente não parece se encaixar nesse grupo.
Baseado na novel de mesmo nome, Eisenhorn: Xenos é um jogo de ação que conta a história de Gregor Eisenhorn, um Inquisitor que durante uma busca pelo assassino Murdin Eyeclone, acaba descobrindo que pessoas muito mais perigosas estão por trás de estranhos acontecimentos que vem causando distúrbios na região.
O gameplay é de longe o pior aspecto do jogo. Nele é possível ver como foi feito para smartphones — plataforma a qual seria lançado exclusivamente. Pouco desafiadora, simples, tenta se inspirar na série Arkham de Batman, mas se perde no meio do caminho e esquece o que torna aquele sistema tão agradável. Para piorar as coisas, copia o que não deve, como partes de stealth que não condizem com o universo warhammer. Em momentos tinha que me esgueirar por tubulações como se fosse o homem morcego.
Jogos que também beberam da formula estabelecida por Batman entendem as nuances, como Mad Max e Shadow of Mordor, que nas suas proporções — e apesar de suas falhas — oferecem ao jogador habilidades e ferramentas diferentes.
Em Eisenhorn, o jogador tem acesso a quatro habilidades: armas a distância, uma espada de curto alcance, um empurrão psíquico e desviar de ataques. A única coisa que impede o jogador de simplesmente apertar os botões sem parar é uma barra de stamina, que caso não seja seguido um ritmo, acaba rapidamente.
Devido a isso o desafio não existe, é basicamente esperar a barra de stamina recarregar para atacar novamente. Parece que cada batalha não tem uma estrutura por trás, os inimigos não têm importância, o importante mesmo é esperar a barra recarregar e atacar novamente.
Com isso, a história, que até onde pude jogar, o prólogo e dois capítulos, é o seu melhor aspecto. Esse, entretanto não é mérito dos desenvolvedores, devido ao fato de que o roteiro quase não sofreu alterações do livro, contendo frases exatamente iguais, no máximo omitindo ou oferecendo soluções diferentes devido as diferenças de mídia. A versão final do game contará com 14 capítulos e cerca de onze horas de duração.
Graficamente, o Eisenhorn: Xenos se mostra desbalanceado. Certos personagens como o próprio Eisenhorn contam com um modelo bem trabalhado. Já outros, parecem ter saído de um jogo do início da geração passada, carentes de detalhes, e texturas simples demais.
Claro que isso também pode estar atribuído a versão não final e tais aspectos podem melhorar no futuro. A própria desenvolvedora que algumas animações ainda estão em fase de polimento e assim como alguns menus e efeitos não foram finalizados. Ao menos a estética está condizente com o universo Warhammer, que apesar dos cenários um pouco repetitivos que vi, a Pixel Hero Games acertou em cheio.
Nem mesmo a parte sonora escapa de deslizadas. Dublado pelo ator Mark Strong (O jogo da imitação, Kingsman, Rocknrolla), Gregor é de longe o melhor personagem. Outros, como Eyeclone, tanto a sua dublagem quanto a qualidade do áudio são assustadoramente amadoras, contrastando demais com o personagem principal. Outros personagens como capangas, e até os parceiros iniciais de Gregor também seguem essa linha.
Isso fica mais aparente no prólogo e melhora progressivamente na medida que joguei os outros dois capítulos. Mas, assim como tantos outros detalhes, denota que a desenvolvedora se foca demais em pontos específicos e não em polir o game de maneira geral.
Previsto para lançamento em maio, é preocupante o estado atual de Eisenhorn: Xenos, que até então, tem tudo para cair na categoria “mediano”. Mesmo com uma história até então bem interessante, peca bastante em praticamente todo o resto. Um mês me parece pouco para mudar aspectos tão grandes.