Lançamento após lançamento, a Codemasters caia lentamente na minha opinião. O Primeiro DiRT foi bom, depois chegou o Grid, DiRT 2 e DiRT 3 consolidaram a minha esperança de que nunca veríamos um jogo de corrida voltado para o realismo novamente. Eis que então chega DiRT Rally e muda completamente meu conceito. Ele está disponível em acesso antecipado no Steam por R$ 63,99.
Apesar do nome, DiRT Rally não se assemelha em quase nada aos antecessores. Falo de Rally de verdade, onde um erro pode custar a corrida inteira, onde não há espaço para respirar. Cada curva é uma sentença, cada pulo a chance de dar tudo errado. Freiou tarde demais? O resultado é uma arvore na sua frente. A comparação mais próxima que posso fazer é com Richard Burns Rally, game de Rally lançado em 2004 e amplamente ovacionado pela comunidade dados as pistas complexas e a grande possibilidade de mods.
Na versão disponível no Acesso Antecipado, existem 36 pistas divididas por três localidades e 17 carros. Cada corrida tem uma duração média de três a quatro minutos. Pode parecer pouco, mas gastarás tempo até conseguir dominar cada uma delas.
DiRT Rally conta até então com um modo carreira e eventos personalizados. Na carreira você pode entrar em diversas competições e contratar membros para a sua equipe. Por exemplo, você pode ter um engenheiro que irá reduzir o tempo de conserto de peças do carro entre as corridas. No momento é um sistema bem simples e ainda não se sabe se eles irão expandir isso para novas funcionalidades.
O modo carreira em si continua com tal simplicidade, você iniciará um campeonato, fará quatro corridas e ganhará pontos de acordo com a posição no pódio. Como apontado antes, você pode consertar partes do carro que foram danificadas durante a corrida. Uma suspensão que não está completamente funcional pode ser a diferença entre maior controle do carro e consequente um tempo melhor ou não.
Isso adiciona um elemento de estratégia entre as corridas. Com 30 minutos antes que receba uma penalidade, qual parte do carro irá consertar? A suspensão? O controle de direção? Independentemente você terá de sacrificar uma parte do carro por outra.
No modo carreira joguei tanto de controle como com o volante G27. No momento jogá-lo com o controle ainda é uma melhor opção. DiRT Rally está com alguns problemas no force feedback, assim como o volante (visualmente) só gira até 180º. Isso resulta em ter que diminuir o ângulo de rotação do volante e tendo menos precisão nas curvas. A própria Codemasters aponta que a melhor configuração fica em torno de 200º a 270º, outro elemento que espero que seja melhorado nas próximas atualizações.
Do interior do reino unido, com suas estradas cheias de lama, ao terreno coberto de neve de Monte Carlo, as corridas são conquistadas na base da tentativa e erro. Como um bom jogo de Rally de verdade, você tem como ajuda apenas um copiloto e reflexos rápidos. A nomenclatura de curvas do esporte foi mantida em Dirt Rally, ou seja é bom que você saiba que uma curva Right 6 long significa que a curva não é tão acentuada, porém longa. No momento não há nenhum tutorial que exemplifique isso, o que resta dar uma olhada no site oficial com as dicas.
Com muitas horas gastas em simuladores, jogar DiRT Rally foi um longo aprendizado. Na primeira corrida eu literalmente cai de um penhasco, na segunda não soltei o acelerador e fui direto em uma árvore. Lá pela terceira comecei a me acostumar com os controles, pontos de frenagem da pista e consegui alcançar a linha de chegada sem bater tanto. Se você for pegar DiRT Rally, saiba que a curva de aprendizado está um nível acima de quase tudo que a Codemasters já lançou.
A variedade de carros também já agrada, de um Mini Cooper ao Subaru Impreza, os carros clássicos de Rally já estão presentes, mas com uma física que ainda está em desenvolvimento. Com exceção dos carros mais recentes, muitos controlam como se fossem iguais. O mesmo feedback que tive no Mini Cooper foi o que tive em um Renault. A diferença na potência é clara, mas eu quero mais do que isso. Quero que cada carro seja único, próximo da realidade sem perder a diversão.
O motor gráfico usado é o EGO, também usado em Grid e DiRT 1/2/3. Com anos de maturidade , não vi problemas no desempenho do jogo, que se manteve em uma taxa de quadros bem acima de 60 fps em um i5-2500k com uma Nvidia 780Ti. Para aqueles que tem uma máquina mais fraca, já existem variadas opções para reduzir a qualidade de certos efeitos.
Com todas essas coisas boas, aparecem também preocupações. DiRT Rally está no caminho certo para ficar ótimo, mas até quando? A Codemasters já comentou em focar exclusivamente no PC, com quase nenhuma menção sobre a versão console. O mercado de fãs de corrida no PC é mais crítico do que quem joga em um console. Definitivamente eles não irão querer alguma tentativa fraca de se criar um “simulador”.
O modelo de dano dos carros ainda está nos estágios iniciais, assim como a simulação não é lá essas coisas. Há muitos momentos onde não conseguia sentir o que acontecia com o carro, o que tornava a direção bem mais complicada. A curto prazo, levando em conta que é acesso antecipado não vejo motivos para preocupação.
Eu gostei muito do que vi até então de DiRT Rally, quero muito que dê certo, que após quase 10 anos tenhamos um jogo de Rally de verdade, não uma tentativa medíocre de agradar uma base de usuários maior com um jogo de corrida na terra.