Em desenvolvimento pela Grey Wolf Entertainment, Dawn of Andromeda sedimenta os lançamentos de estratégia 4X do ano. Disponível no acesso antecipado do Steam em 1º de dezembro, ele busca ser o mais acessível possível para novos jogadores. O que isto quer dizer exatamente, ainda tento descobrir.
Ao contrário do padrão do gênero, Dawn of Andromeda segue um estilo mais focado no combate do que exploração e obtenção de recursos. Com uma partida que se desenrola em tempo real, ele lembra bastante Sins of a Solar Empire caso ele tivesse se esquecido de metade de suas funcionalidades. Ok, eu dou um breve desconto, ele está em beta e tudo está sujeito a mudanças na versão final, porém, parece que a Grey Wolf não entendeu muito bem o que quer que ele seja exatamente.
À primeira vista eu enxergo um jogo que tenta ser o mais direto possível com o jogador: Crie sua frota, colonize planetas, invista dinheiro neles, crie uma frota maior ainda e ataque o oponente. Eventos aleatórios e oportunidades surgem no mapa para dar mais variedade. Raças podem ser personalizadas, facções menores já estão inclusas, em tese era tudo o que alguém pudesse querer de um 4X. Exceto pelo fato que, jogá-lo é quase uma pequena tortura.
No momento o jogo oferece apenas partidas personalizadas, e no futuro, uma opção de início de acordo com eras. Alguns conceitos são interessantes, como apontar um conselho com diferentes opiniões que variam de acordo com as decisões tomadas nos planetas em que governam. As facções em si já são variadas, ao menos tematicamente, para garantir que em algum ponto do desenvolvimento do jogo as partidas não vão trazer a sensação de serem repetitivas.
Os primeiros minutos foram simples. Peguei a nave de scout, verifiquei a existência de planetas colonizáveis em outro sistema solar. “Ok, achei um, agora só falta selecionar a aba de construção”. Minha reação direta foi obviamente clicar no ícone com o símbolo de nave, correto? Errado.
Este na verdade é o designer de naves. A construção de naves deve ser feita em uma janela separada, junto com a administração do planeta, cujo ícone é o mesmo do menu de opções.
Isto é apenas um exemplo de como a interface é confusa e parece desenvolvida para aparelhos mobile, e não exagero nesta colocação. Tudo ocupa espaço demais na tela, apenas para você gerenciar um planeta, é preciso clicar em dois, três, quatro itens que ocupam a tela inteira sem motivo aparente e todo o sistema funciona em um nível de abstração assustador. As informações essenciais ficam escondidas por trás de painéis em um jogo cuja proposta é ser o mais direto possível.
Ele tenta simplificar ainda mais justamente nas áreas que não devia, como a diplomacia e o combate. Minha interação com outras raças se resumiu a “Olá, viemos te oferecer um acordo absurdo e se você não aceitar entraremos em guerra”, e o combate não te dá retorno sobre qual a melhor configuração em relação a do oponente. É como se o designer de naves foi colocado lá para marcar um “X” na lista de “coisas que um 4X no espaço deve possuir”.
Nem mesmo a tela de pesquisa, sim, a tela de pesquisa, é capaz de fugir dos problemas. Para “facilitar” e planejar o desenvolvimento de sua raça, é possível enfileirar pesquisas para reduzir o micro gerenciamento. Decidiu mudar de ideia? Boa sorte na tentativa de encontrar qual é o botão que elimina uma delas.
O que, honestamente, é frustrante, pois a única coisa que eu sinto que Dawn of Andromeda faz, e muito bem, são os eventos aleatórios e a comunicação com facções menores. Ambos os casos foram os pontos altos das minhas partidas. As facções menores ofereciam dicas sobre componentes importantes no universo e elementos aleatórios podiam prejudicar ou ajudar a defesa de naves, movimentação delas entre sistema solares ou um bônus de rendimento a cada dez ou quinze segundos.
Mesmo assim, até das partes boas surgem sérios problemas, mais uma vez ligados à interface. O sistema de notificação — se é que posso chamá-lo disto —, é abismal. Todas as notificações ficam posicionadas no canto inferior da tela e inúmeras vezes as vi serem repetidas ou ter sua prioridade alterada. Em certo ponto, quando menos percebi, estava em guerra com alguma facção que sequer tinha trocado uma palavra. O motivo? Não sei, a notificação desapareceu rápido demais antes que eu pudesse clicar nela para compreender.
À esta altura eu já estava frustrado, eu queria gostar de Dawn of Andromeda e no momento ele não consegue me cativar de maneira alguma. Para cada momento de curta alegria, outros inúmeros problemas apareciam e a vontade de fechar o jogo e não olhar para trás aumentava. Não existe tática para conquistar planetas, me sentia pouco estimulado a buscar soluções diferentes para empecilhos. Qual o motivo de eu me empenhar se o nem o jogo se empenha para me dar os dados que eu preciso?
Minha maior preocupação com Dawn of Andromeda no momento é esta contradição em que cai constantemente. Por um lado, quer ser um 4X “acessível” e faz isto de uma das piores maneiras possíveis. A segunda é a estimativa de se manter no acesso antecipado do Steam por um máximo de três meses. Confesso que não sou um profissional na área, entretanto, acho pouquíssimo provável que ele fique menos de seis meses e, caso não fique, todos os problemas sejam sanados até o lançamento.
A premissa é boa e algumas áreas, como comentadas, tem potencial. Mas, em um ano tão repleto de jogos de estratégia — especialmente 4X —, acho que a melhor opção no momento é aguardar alguns meses para ver como Dawn of Andromeda vai caminhar.