Nos últimos dias, ativei alarmes sem querer, me espreitei por meio de pequenos corredores na esperança de que não houvessem inimigos e montei um robô mortífero em Cogmind. O Roguelike está em acesso antecipado por meio do site oficial e promete ser uma ótima pedida para fãs do gênero.
Você assume um controle de um robô que acorda em túneis sem exatamente saber o que fazer e tem de explorar um extenso labirinto com terminais, robôs escavadores, construtores, mercenários e dentre muitos outros tipos. Alguns não oferecem nenhum perigo, já outros me fizeram pensar duas vezes antes de adentrar uma porta.
Roguelikes são um gênero um tanto quanto complexo de se começar a jogar, primeiro por no geral oferecer uma interface pouco intuitiva para novatos, as vezes sua estética é feita em ASCII ou contam com tantas mecânicas – como em Tales of MajYeal – que fica difícil para compreender. Cogmind consegue oferecer uma curva de aprendizado relativamente simples graças a sua ótima interface.
Você tem uma visão em ASCII, assim como uma visão modernizada com blocos, basta apertar um botão para que você mude entre elas e com um efeito futurista. Não poderia deixar de citar a ótima estética e efeitos criados. Josh Ge, o desenvolvedor de Cogmind soube explorar bem as limitações impostas e ainda assim oferecer um jogo bonito. O destaque vai para o sensor de área, que cria uma breve “corrupção” no cenário como bits de dados sendo analisados.
Por falar em futurista, o maior trunfo de Cogmind foi fugir do esteriótipo medieval tão encontrado em roguelikes e oferecer uma temática diferente. As peças de equipamento de um personagem se tornam partes do robô. Você deve definir qual usá-las e quando ativá-las. Um reator fraco resultará em perda de energia durante a movimentação ou caso tenha armas mais poderosas ativas. Pode parecer simples, mas é uma mudança que altera toda a dinâmica de um roguelike.
Eu estou acostumado a matar inimigos, ganhar pontos de experiência, melhorar habilidades. Em Cogmind não existe pontos de experiência, apenas equipamento melhores ou piores que você obterá dos inimigos ou espalhados pelo mapa.
Um elemento adicional de estratégia aparece em saber que o custo de um equipamento novo pode ser adentrar uma sala cheia de robôs com armas poderosas ou usá-la com a ciência de que tem chance de superaquecer e gastar parte de sua energia — Eu devo entrar na sala? Há outra maneira de encontrar a saída sem entrar em conflito? E se eu passar para a próxima fase e meus equipamentos forem fracos demais? — esse microgerenciamento do robô foi muito interessante. Debruçava sobre os dados que Cogmind me passava e tentava descobrir qual a melhor maneira de seguir em frente com o mínimo risco possível.
Ao longo dos mapas você encontra terminais que não só oferecem dados importantes, como localização de itens, como fortalecem a história por trás de Cogmind. Não é comum em ver um Roguelike com tantos detalhes para cada unidade, mapas, linhas do tempo.
Acessar tais terminais ajuda a imergir mais no universo, te imaginar na pele daquele robô indefeso navegando por corredores escuros, com luzes que já deixaram de funcionar há muito tempo. A ajuda que esses terminais trazem é muito bem vinda, mas não sem um custo. O nível de segurança destes varia de um a cinco. Acessar uma opção resulta no aumento do nível de detecção, caso seja detectado mais robôs serão enviados a sua caça. Será que vale a pena entrar em confronto apenas por uma nova roda ou uma peça que aumenta a capacidade do inventário?
O sistema de combate mantém sua similaridades com outros roguelikes. As ações são feitas por turnos e você deve escolher em que inimigo irá disparar primeiro. As armas até então variam bastante, vão de rifles com um maior alcance a canhões com um poder devastador mas um alcance reduzido. Cada inimigo tem uma peculiaridade e exige diferentes táticas, como é o caso dos Scouts. Esses pequenos robôs podem navegar pelo mapa com agilidade e alertar outros robôs da sua presença. Houve momentos que fui avistado por um Scout e em alguns turnos minha tela estava repleta de robôs de combate, armados com poderosos rifles e uma armadura mais resistente que a minha. A luta não durou muito, fui reduzido a pó em três turnos.
A versão usada para o teste foi a Alpha 1b. Ainda está nos estágios iniciais do desenvolvimento, mas suas mecânicas já estão sólidas e oferece uma boa quantidade de conteúdo. O desenvolvedor, Josh Ge, explica que ainda existem muitas áreas para serem adicionadas, além de equipamentos feitos pela comunidade ou para quem comprou durante o acesso antecipado.
Cogmind é jogar com a sorte, com a esperança de que irá encontrar um novo equipamento que o fará prosseguir. Saber quando é hora de avançar, quando é hora de recuar e aprender qual arma usar para derrotar o inimigo com maior efetividade. Ainda tem um longo caminho a percorrer, mas de pouco em pouco garante seu espaço entre um dos meus roguelikes favoritos.