Retrospectivas, listas de jogos do ano, essas coisas são sempre estranhas para mim. Significam que o ano está acabando e que cedo ou tarde eu terei de ponderar sobre ele. 2015 em específico não foi algo muito agradável.
Foi um ano complicado, com momentos onde produzi mais conteúdo do que imaginava ser capaz. Em outros, minha única vontade era de fechar o site e não escrever mais uma linha sobre jogos. Não creio que existam leitores tão assíduos para perceber as mudanças, mas que para mim fizeram bastante diferença.
Minha lista com os melhores jogos de 2015 sempre tem um caráter emocional maior do que uma pontuação pelo conjunto da obra, pela quantidade de conteúdo ou se a história é boa ou não. Nela você tem jogos com três horas de duração, mas que tiveram um grande impacto em mim, ou outros com 100h de duração que me deram vontade de conhecer cada pedaço do mundo ali apresentado.
Vale lembrar também que não há uma ordem específica para os games listados abaixo, se você quer dar uma ordem a eles o problema é seu. Não gosto de colocar um jogo sobre o outro e ficar nessa discussão eterna de qual jogo é melhor como se isso fosse levar a algum lugar. Isso eu deixo para vocês discutirem em fórums, no Twitter, onde bem entenderem.
Sem mais delongas, aqui vão os melhores jogos de 2015.
The Witcher 3: Wild Hunt
Eu tenho um sério problema com jogos longos, no momento que o Contador de tempo atinge mais de 50 horas eu começo a refletir se todo esse tempo gasto em um único game vale a pena. Em The Witcher 3 valeu cada segundo.
O combate não é excepcional, tenho as minhas dúvidas sobre a progressão de personagem e o ritmo da quest principal. Tudo isso fica de lado quando o mundo que a CD Projekt RED criou consegue ser tão “real”. É difícil não se impressionar com o primeiro momento que se chega em Skellige ou passear pelos campos a cavalo enquanto a trilha sonora torna a ambientação ainda mais especial.
Não há como não ficar encantado com os personagens, com as cenas de combate, com os visuais e principalmente com o final — seja ele qual for. Geralt e Ciri sem dúvida foram um dos meus personagens favoritos de 2015.
SOMA
Poderia passar horas tentando definir como SOMA não é o melhor jogo da Frictional Games ou como certas partes são completamente irrelevantes. Ele que tem um “combate” enfiado no meio para que alguém não o julgasse como um “jogo”.
Ao mesmo tempo, era o jogo que eu precisava na hora que eu precisava. Não vou entrar muito em detalhes, afinal é de âmbito pessoal os motivos pelo qual ele se encontra na lista.A maneira que ele lidou com a solidão e a própria ambientação dele me ajudaram a lidar com meus receios.
É raro me conectar com um personagem, acho estranho a facilidade que muitos têm disso, em SOMA isso aconteceu com naturalidade. Mesmo que os meus problemas fossem diferentes dos de Simon, o medo era real. (link para análise)
Cities: Skylines
Confesso que não esperava Cities: Skylines na lista. Ele é demasiadamente fácil e de certa forma carece de mais mecânicas para torná-lo mais interessante. Meu amor por jogos de gerenciamento ou no estilo “Tycoon” falou mais alto.
Não teve um dia que eu passei esse ano desde o lançamento sem dar uma parada para olhar nos posts da comunidade, ver quais novos itens foram lançados, como eu poderia melhorar a minha cidade e pensar em novas maneiras de resolver problemas de trânsito ou o layout em si. A última vez que fiz isso foi quando comecei a jogar DOTA e essa “obsessão” me fez falta. Enquanto produzia esse texto até percebi que criaram um novo modelo de trem que em breve vou usar em minha cidade.
Talvez sua grande contribuição foi ter aumentado meu acervo literário com três ótimos livros: Imaginary Cities do Darran Anderson, Happy City do Charles Montgomery e A History of Future Cities do Daniel Brook. Não é algo que eu vá colocar em prática no jogo, mas qualquer coisa que possa expandir meus interesses é extremamente bem-vinda. (Link para análise)
Invisible Inc
Um sistema de turnos junto com stealth é algo que na minha cabeça não funciona, mas aí chega Invisible Inc mostra que não só funciona como é divertido. O game da Klei (Don’t Starve) foi lançado em uma época um pouco complicada, onde muitos aguardavam The Witcher 3, ainda estavam presos em Pillars of Eternity ou até quem sabe em Chroma Squad.
Invisible Inc é um jogo onde toda ação deve ser pensada e repensada. Posicionamento dos personagens, quais dos terminais devem ser hackeados primeiro, como lidar com guardas e por aí vai. Da mesma medida em que é punitivo com aqueles que são apressados, ele te força a sempre agir com um sistema de alerta que aumenta a cada turno que passa.
Eu morro de amores de jogos onde eu posso montar as minhas pequenas táticas e as ver desenrolar na tela. Invisible Inc ganha um lugar na minha lista de jogos do ano por causa disso. Um conceito pouco utilizado, uma campanha que pode ser rejogada incontáveis vezes e ainda assim continuar tão divertida quanto. Além disso tem uma interface maravilhosa.
Pillars of Eternity
Se me perguntassem alguns meses atrás se eu gostava de Pillars of Eternity, diria que o amava. Hoje em dia? Nem tanto. O novo RPG da Obsidian perdeu um pouco de seu brilho após uma expansão mediana e outros RPGS com mecânicas mais envolventes serem lançados. Ainda o considero um dos melhores com um estilo “clássico” dos últimos dez anos, porém.
Sua grande contribuição foi mostrar que ainda gosto de RPGs, apenas que os procurava no lugar errado. Eu cresci com Baldur’s Gate, Planescape Torment, Might & Magic e Fallout. Após o mediano — ou terrível — Fallout 3 e essa enchurrada de RPGs japoneses o meu interesse pelo gênero morreu. Até cheguei a jogar Skyrim, mas ele servia mais como uma ferramenta para testar mods em si do que me divertir.
Divinity Original Sin em 2014 chegou e me mostrou que eu talvez ainda gostasse de RPGs, mas foi com Pillars of Eternity que esse interesse voltou com tudo. Desde seu lançamento eu gastei mais tempo com games parecidos este ano do que quase todo o resto. Deixei de jogar alguns lançamentos — talvez para o meu próprio bem — em favor de games mais “clássicos” como Serpents in the Staglands e Age of Decadence. Por isso, eu agradeço a existência dele. (Link para análise)
Outros jogos de 2015, jogos que não entraram na lista, etc.
Enquanto listava meus jogos favoritos desse ano, coloquei e tirei Bloodborne pelo menos umas dez vezes da lista. Escrevi diversos parágrafos para tentar defender o meu ponto de vista sobre o porquê de ele estar nela. Cheguei a triste conclusão que é um jogo bom, mas não deixou a menor marca em mim.
Como alguém que gastou mais de 500 horas na série Souls, foi uma revelação um pouco assustadora. Ainda é um jogo extremamente competente em diversos aspectos. Mas se for colocar todos os jogos extremamente competentes de 2015 a lista vai de 5 para 35 com facilidade.
Isso também demonstra a minha falta de interesse por Dark Souls III, onde eu faço mais as notícias por fins de noticiar (lembrando que apesar da cara não tão pessoal do blog, ele é gerido por uma pessoa), do que ansiedade para o jogar.
2015 também foi o ano onde eu finalmente me desprendi do universo dos MOBAs. Após mais de 1000 horas gastas em Dota 2, clicar no botão de procurar partida gerava uma crise de ansiedade ainda sem explicação. Talvez seja a ideia de ficar preso as vezes 50 minutos com pessoas que não conheço direito, que podem tornar a partida um inferno e ainda gritar no microfone. Com a carga de trabalho que eu tive esse ano, não estava disposto a aguentar isso.
Talvez isso aplique a jogos competitivos no geral. Tirando algumas partidas que fiz do alpha do Unreal Tournament 4, outras de Halo 5, Rainbow Six Siege e Black Ops III, boa parte do tempo foi gasta com ótimos jogos single-player. Isso é, com a exceção de Fallout 4 que foi uma senhora decepção.
Após 15 horas de jogo eu não sinto a menor vontade de jogar Fallout 4. A história não me prende, a ambientação é boa, mas a interface me cansa e por aí vai. Quem sabe, daqui a alguns meses quando a comunidade de mods “consertar” os meus principais problemas eu volte a jogá-lo?
Dois jogos que foram muito aclamados pela crítica, Life is Strange e Undertale, não tinham nem chances de estar na lista, pois não tive tempo de os jogar. Talvez eu me arrependa disso no futuro? Talvez, mas estou contente com a lista que fiz e planejo jogá-los o quanto antes.
Mais uma vez eu perdi horas com o sempre maravilhoso The Long Dark, um dos poucos “survival” no acesso antecipado do Steam que eu vejo que vale a pena. Listado anteriormente como um dos melhores exclusivos do ano passado, e agora disponível no Xbox One, ele merece ser jogado pela maneira inteligente que ele lida com as adversidades.
Não por punir o jogador ou fazer a sua jornada um constante “pegue X itens para não morrer”, mas por te dar a sensação de que de fato está preso em uma região fria do Canadá. O primeiro capítulo do modo história deve chegar ano que vem.
Não necessariamente ligado a lançamentos de 2015, mas tão importante quanto está o Itchio, um dos sites que mais visitei nesse ano. De pequenos projetos experimentais a jogos que fazem piadas com a estranha “cultura” do Vaporwave, sempre tinha alguma coisa nova para descobrir. Se há algo que me deixa esperançoso para o futuro é ele.
Eu gosto dos meus shooters, dos meus RPGs, mas ao mesmo tempo quero que jogos evoluam, que saiam desse mar de “open world” que nadamos no momento. Às vezes, são os menores jogos ou os menos significativos que ficam mais tempo na memória.
O mais irônico é que de um ano repleto de grandes lançamentos, eu vou fechar jogando um de 1999, Jagged Alliance 2. Apesar da interface um pouco antiquada, liberar Arulco se mantém tão divertido quanto sempre. Eu prometi a mim mesmo escrever algo sobre ele, quem sabe no começo do ano que vem?
Expectativas para 2016
Bem, este é um post um tanto quanto pessoal, portanto não espere um “Estou muito ansioso para o XCOM 2” (Eu realmente estou ansioso para o XCOM 2). Dentro de poucos dias o site vai para o terceiro ano de funcionamento e talvez esteja um pouco incerto sobre seu futuro.
Não aquelas incertezas de que eu vou fechá-lo ou que vou abandonar, isso não está nos planos. Recentemente alguém quem eu valorizo muito a opinião me disse que eu deveria mais escrever para mim mesmo e apenas postar se eu quisesse. É algo que tenho feito pouco, meu intuito nunca foi gerar renda com o site, mas servir de plataforma para falar algo que eu tenho interesse.
Acho que já dá para perceber isso, afinal eu prefiro 10 vezes falar mais sobre o American Truck Simulator que vai sair ano que vem do que um novo Call of Duty. Apenas creio que isso vá aumentar mais e com alguns artigos mais interessantes que planejo fazer.
Quanto aos jogos? Bem, eu não gosto de criar expectativas antes da hora, apenas torço para que seja um ano melhor ainda com algumas boas surpresas. E que venha 2016!