Quem diria que mais um “O que estamos jogando” ia chegar atrasado? Eu não estou nem um pouco surpreso. Antes mesmo de começar o artigo eu falei “Não para de chover nessa cidade” — uma constatação peculiar, considerando o quanto reclamei da falta de chuva em agosto. Há uma constante nisso: eu estou reclamando pois estou cansado.
Não só fisicamente, como emocionalmente também. A última vez que eu fiz uma matéria sobre o que eu estava jogando, mencionei que ganhei na loteria do COVID. Agosto foi marcado por mudanças consideráveis na minha rotina para torná-la ainda mais saudável, por uma bateria de exames médicos e uma recomendação da minha oftalmologista de passar menos tempo na frente de um computador.
Questões pessoais, como um novo emprego, alteraram o meu horário de sono, e é um processo ao qual ainda estou me acostumando. Inicialmente aproveitei para ouvir áudio dramas, mas notei a minha dependência de dispositivos eletrônicos na hora de dormir e os aboli da rotina.
Quiçá o que está falando mais alto no momento, além do óbvio cansaço, é a saturação. Entre agosto e setembro eu visei publicar mais artigos e críticas. Esta deve ser a terceira ou quarta vez que falo a mim mesmo que eu vou diminuir o “ritmo”… e quebro a promessa. Esqueço que não posso me dividir em 100 e, por mais que eu gostaria de cobrir todo jogo independente ou grande produção, eu não posso.
Uma crítica sobre Europa Universalis IV demora semanas, outra sobre Orx me faz revisitar alguns jogos clássicos para garantir que eu não esqueci nada. Sequer entro no mérito de Hearts of Iron IV: By Blood Alone — que está em processo de finalização — e tantos outros jogos que não posso mencionar aqui. Foi relendo o texto de Kerry Brunskill (Kimimi) que me reconheci mais ainda. Há simplesmente jogos demais sendo lançados. Sejam DLCs, atualizações, sequências. É o melhor e o pior momento para ser fã de jogos — ainda mais se você tem um paladar variado.
Além disso, setembro foi o mês em que finalmente tomei vergonha na cara e inaugurei o perfil no Instagram do site. Ele ainda está engatinhando, e ainda não sei como vou adaptá-lo na minha lista de afazeres da semana. Essas respostas virão com o tempo, é claro.
Em detrimento disso, a maioria dos jogos que eu joguei nas (poucas) horas vagas vai ser um tanto diferente do que nas matérias anteriores, mas não menos importante. Eu sempre busco fazer uma lista que seja igualmente interessante para quem não está a par de tudo que está sendo lançado, e ao mesmo tempo demonstrar algo que eu estou jogando sem muitas expectativas ou para passar o tempo. Se bem que o meu passar do tempo ultimamente tem sido ver ou rever filmes. Prometi a mim mesmo que eu ia rever Cassino, de Martin Scorsese, e ainda está na lista. Ao menos consegui ver Kabul City in the Wind, que recomendo bastante, e Cyberpunk Edgerunners.
Queria ter colocado jogos como Islets, Fashion Police Squad, Cursed to Golf, Lost Fleet, Gerda: A Flame in Winter, a pet shop after dark e me perguntar por que diabos eu estou com Disney Dreamlight Valley instalado, mas eu sequer passei da tela inicial em alguns deles. Outros tantos ainda estão na minha biblioteca do Steam esperando serem instalados.
Outra vez eu agradeço demais pela paciência que vocês têm com os desabafos que solto em cada uma dessas matérias e pelo apoio que eu vejo no Twitter, Instagram e Facebook. Agradeço também ao Roberto, meu braço direito aqui no site, sempre revisando as matérias.
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Sem mais delongas, aqui estão alguns dos destaques do que eu joguei entre agosto e setembro.
Moonscars
Em teoria, era para eu ter a minha crítica sobre Moonscars no ar. Na prática, eu estou apanhando tanto, mas tanto do metroidvania com elementos da série souls (sim, mais um desses), que minhas sessões estão sendo separadas em períodos de 30 minutos para eu tentar não enlouquecer. Estou disposto a ir até ao fim, não só para escrever uma crítica, mas também porque a arte é maravilhosa
Dorfromantik
Já escrevi sobre Dorfromantik antes, mas agora que a versão de Switch foi lançada, eu vejo o quão excelente ele é em um dispositivo “portátil”. Partidas curtas, uma deliciosa combinação de jogo de tabuleiro e puzzle game, design elegante, e muitas atualizações e modos variados suficientes para eu deitar e rolar. O jogo perfeito para um dia de chuva e para me ajudar a desligar a cabeça no fim do dia.
Kredolis
Kredolis caiu no meu colo de surpresa. Feito em boa parte por um único desenvolvedor, ele consegue evocar elementos de The Witness — ao menos a parte boa — e Myst e traz consigo um excelente visual que me lembra o mediterrâneo. Os puzzles começam simples mas avançam bem em complexidade. Creio já estar na parte que eles ficam obtusos e vou ter que fazer anotações no meu fiel caderninho.
Destroyer: The U-Boat Hunter
Embora ainda não tenha uma opinião totalmente formada, Destroyer: The U-Boat Hunter é um dos pouquíssimos jogos atualmente a usar um sistema de sonar de forma mais “realista” e também oferecer batalhas contra submarinos alemães. Eu sempre achei bizarro a ausência de estar “do outro lado” do conflito marítimo na Segunda Guerra Mundial. Agora eu sei o porquê: esse jogo é difícil demais.
Isonzo
Estou em uma tremenda mistura de amor e ódio pelo terceiro jogo da Blackmill Games. Isonzo é o mais belo da franquia WWI, mas também adota alguns sistemas de progressão terríveis. Onde Verdun e Tannenberg te deixam liberar equipamento à vontade, a necessidade de completar “objetivos” de Isonzo é uma dor de cabeça desnecessária. Se fosse para isso eu jogava Battlefield 1. Ainda não larguei o osso pois ainda torço por uma atualização que vá melhorar o spam de granadas que vem acontecendo.
Ctrl Alt Ego
Outro jogo da lista que, embora não tenha terminado — longe disso aliás — já se provou como excelente. Ctrl Alt Ego é o melhor Immersive sim que não aparenta ser um Immersive sim de 2022. Controle um robô, transfira a sua consciência, encontre maneiras inteligentes ou inusitadas de explorar uma área ou derrotar um inimigo. Ponto extra para o seu sistema de movimentação, a liberdade que você tem em interagir com o ambiente, e o seu humor.
Lakeside
Lakeside tem uma premissa muito simples: construa uma cidade e lide com eventos aleatórios. Se você ainda não se apaixonou pela estética acima, com certeza irá ficar feliz em saber que ele não pede tanto investimento de você. Ele não é “fácil”, por assim dizer, mas traz aquela fantástica sensação de relaxamento de só cuidar de um pequeno vilarejo e vê-lo crescer.
Kayak VR Mirage
Literalmente o único jogo em VR que eu joguei por mais de 30 minutos e eu sonho que fizessem uma versão não-vr para ele. Explorar cenários com seu caiaque é relaxante e delicioso. Foi meu companheiro de agosto e setembro para os dias mais estressantes.
Potion Permit
Eu nunca dei muita bola para Stardew Valley e similares. Potion Permit me conquistou já nos primeiros minutos de jogo. Não é de hoje que eu tenho afinidade com jogos de “criar poções” — vide o quanto gosto de Potion Craft e da série Atelier. Junte isso com uma pitada de exploração e combate e você tem uma combinação que me atrai. Espero explorar mais os seus sistemas assim que estiver mais descansado.
Menções honrosas
Quake com o Brutalist Map Jam
Não imaginava colocar Quake nessa lista, mas depois do Summer Map Jam e agora o Brutalist Map Jam, está mais do que na hora de eu reaprender a lidar com todos os monstros do jogo e parar de morrer toda vez em cada mapa. Ainda estou na primeira fase do Brutalist Map Jam, mas já é um baita map pack. É incrível como a comunidade de Quake tem crescido.
Beat Saber
Beat Saber vai aparecer na lista ad eternum pelo visto. Só o coloco nas menções honrosas pois não tive tanto tempo quanto gostaria para jogá-lo, e alguém bateu meu recorde em duas músicas da Dua Lipa. Isso não vai ficar assim.
Field of Glory II: Medieval – Sublime Porte
Com o lançamento de duas expansões, Field of Glory Medieval voltou para a minha rotação por conta das suas partidas rápidas e a facilidade que eu já tenho com a maioria dos seus sistemas. Fico feliz em ver a Slitherine expandindo tanto os sistemas, ao ponto que aqueles problemas de batalhas que não acabavam nunca são coisa do passado. Só deixo um alerta: se você pegar o último DLC — Sublime Porte — pode se preparar para proteger os seus flancos. Os Otomanos não estão para brincadeira.
Moss
Demorou três meses? Sim, mas eu finalmente estou bem nos minutos finais de Moss. O adorável adventure em VR pode ser curto, mas o meu tempo andou tão apertado que nem pra isso eu tive tempo. Estou ansiosíssimo para voltar e pular direto para a sequência.
Agora é a vez de vocês! O que vocês estão jogando?