Diacho, outro mês que passa voando e quase que eu não tenho tempo de preparar a coluna “O que estamos jogando”. Entre escrever notas, críticas, primeiras impressões e participar de eventos como o de Saints Row, o tempo parece lutar cada vez mais contra mim.
Apesar dos pesares, maio foi um mês consideravelmente produtivo para mim, tanto em termos de pesquisa quanto de entender qual é a melhor direção para o site. Alguns podem ter notado que nós focamos um pouquinho mais em jogos de estratégia e RPG — enquanto títulos secundários foram para a minha lista de jogos que eu jogo fora do “trabalho”.
A razão disso é um pouco de medo de burnout ao cobrir múltiplos títulos — e por consequência criar linhas de pesquisa paralelas — e acabar sem tempo de respirar ou focar em coisas que são do meu agrado pessoal, como andar de bicicleta. Lembrando sempre que 90% do site é coordenado por mim, com o Roberto fazendo a edição dos principais artigos (e um agradecimento a ele sempre!). Além disso, em breve estaremos entrando na grande temporada de lançamentos e anúncios, e haja fôlego para cobrir tudo!
Bom, chega de piriri pororó e vamos falar do que eu joguei no meu tempo livre este mês. Vale lembrar, é claro, que alguns jogos da lista podem acabar tendo críticas no site, e posso também estar jogando algo que ainda não posso comentar sobre.
Lembrando é claro que, esses e tantos outros posts são possíveis graças aos nossos apoiadores via Ko-Fi ou Pix. Quer apoiar o site? Você pode fazer isto a partir de R$1,00! Saiba mais sobre.
Warhammer 40K: Chaos Gate – Daemonhunters
Minha relação de amor e ódio com Chaos Gate vai além da minha típica “eu não gosto desse sistema de batalha”. Eu o peguei esperando um “XCOM mas com uma temática Warhammer 40K”. O que eu recebi foi um jogo tático mais no estilo Gears Tactics e com dano “pré-definido”. Como um grande fã de RNG, isso me frustrou um pouco, mas se ele possuísse RNG, ele perderia metade do apelo que gerou para mim.
As missões iniciais podem dar uma sensação de “segurança”, mas quando as coisas esquentam, é questão de vida ou morte. Os seus sistemas mais “agressivos” fazem com que você nunca deixe os seus personagens no mesmo lugar. O fato de que a Complex Games usou Nurgle — que me fez torcer o nariz de início — foi uma jogada fabulosa.
Cada missão é recheada de momentos “Ah não, se eu movimentar meus soldados para aquela posição eles serão atacados ou envenenados”. Eu passava os turnos na esperança de que os reforços do inimigo acabassem ou que a minha nave me resgatasse. Chaos Gate testa os seus nervos e a sua ansiedade mas nunca ao ponto de te frustrar, e atingir esse equilíbrio dá um belo trabalho.
A única coisa que pode frustrar é o péssimo desempenho em certos mapas, mas isto vem sendo corrigido em atualizações.
Apico
A mais “nova” adição a esta lista ainda é uma grande incógnita para mim. No papel, Apico devia ser aquele jogo tranquilo sobre cuidar de abelhas, conviver em “harmonia” com a natureza, e salvar espécies de extinção. Na prática, ele me deixa mais estressado que Stardew Valley e Animal Crossing e Hearts of Iron IV combinados.
Sinto que, embora o foco seja “relaxar”, há mecânicas demais que requerem minha atenção — da manutenção dos apiários a encontrar novos tipos de abelhas, garantir que o ambiente delas esteja bem situado, construir casas, cortar madeira, cortar mais madeira. Argh! Isso me cansa!
É possível que eu esteja vendo Apico sob a lente errada; afinal, não há um “limite” nem um “endgame”, é só um simpático jogo sobre abelhas. Continuarei tentando por mais uns dias, mas se você gosta de Stardew Valley e afins, é bem provável que você acabe gostando de Apico.
Beat Saber
“Só…mais…uma…música, eu consigo”. Digo enquanto sento no chão para recuperar o fôlego depois de uma sessão de 40 minutos de Beat Saber. Estou fora de forma? Não muito, levando em conta o contexto da pandemia e que eu ainda pratico exercícios físicos em casa e ando de bicicleta. Só não estava preparado para algumas músicas no hard / expert, nesse jogo que foi a minha primeira investida em realidade virtual.
Mesmo “chegando atrasado” (a uma tecnologia a que nem 1/128 da população brasileira tem acesso), Beat Saber já está no topo dos meus jogos rítmicos, ao lado de Project Diva e DJMax. Toda a oportunidade que eu tenho jogo uma ou duas músicas, ou três … ou uma hora inteira. Depois tomo um banho e obviamente limpo meu Quest 2.
Não me peçam para listar as músicas que eu jogo… usem a sua imaginação.
SnowRunner
Em virtude do lançamento de uma nova temporada de SnowRunner, nada melhor do que começar a amarrar os nós das temporadas anteriores. Sendo honesto, acho que eu não cheguei a ver nem a metade do conteúdo que a Saber Interactive publicou nos últimos meses.
Mas do que já vi, olha, eu continuo a parabenizar a empresa por inventar e reinventar SnowRunner com desafios ainda mais complexos, mapas maiores e novos caminhões. O melhor de tudo é saber que ela abraçou de vez a comunidade, e agora mapas personalizados e dezenas de outros veículos podem ser obtidos facilmente via o Mod.io. Mesmo que tenha sido lançado em 2019, eu só arranhei a superfície desse fantástico jogo, e continuarei até cansar.
ADOM (Ancient Domains Of Mystery)
Depois de dezenas de tentativas de gostar de Rogue Legacy 2 mas ficar frustrado com a sua meta progressão, e agora com a opção de “travar” o castelo — o que para mim é uma ótima opção de acessibilidade, mas destrói o que torna interessante um roguelike — eu voltei para algo mais “familiar”. ADOM é mais um dos tantos jogos que eu não tiro do meu computador, seja para fazer desafios, seja para completar quests ou usar mods para melhorar a experiência.
O fato que ele está em desenvolvimento há mais de 25 anos também ajuda, com muitos sistemas já robustos — e longe de ser a zona que é o constante de desenvolvimento de outros roguelikes como Cataclysm Dark Days Ahead — e a variedade de combinações possíveis te garante uma eternidade de jogatinas. A versão do Steam que oferece visuais melhores para quem não quer lidar com estilo ASCII e mais opções de dificuldade é sempre uma ótima opção.
Unexplored 2
Declarar que Unexplored 2 é um roguelike é um tanto quanto redutivo dos planos da Ludomotion. Ainda que seu antecessor tinha o estilo e a cadência de um, Unexplored 2 toma uma direção diferente, preferindo ser um “Escolha a sua aventura”, mais conhecido pelo seu termo em inglês “Choose Your Adventure” (CYOA) com geração procedural, o que o faz ser controverso até para os fãs da série.
Ao meu ver, foi a melhor direção que ele poderia ter tomado. Explorar mapas em busca de recursos, lentamente trilhar caminhos e evitar armadilhas, encontrar templos e saber que pouquíssimos daqueles elementos foram feitos à mão é um feito técnico impressionante.
O combate, agora deliberadamente mais lento, dá ênfase ao posicionamento e a compreender como usar o ambiente ao seu favor. A ausência de pontos de experiência te incentiva a tomar mais riscos.
“Será que eu deveria acampar no deserto”? Já respondo que não, pois fui surpreendido por uma tribo — mas, ao invés de lutar contra eles, conversei e eles me permitiram passagem temporária. São esses momentos singulares que tornam Unexplored 2 especial, e um dos jogos mais ambiciosos do ano até então.
Dune: Spice Wars
Considerando o meu fantástico histórico com a Shiro Games, Dune: Spice Wars tem sido uma grandíssima decepção. Eu sei muito bem que ele está em acesso antecipado e que a primeira atualização já “resolveu” uma parte dos problemas que o jogo enfrenta no momento. Porém, não consigo parar de imaginar se uma opção mais “enxuta” de Duna não teria servido melhor para o misto de 4X e estratégia em tempo real.
Em contraste com outros jogos que decidem mesclar os estilos, Spice Wars o faz de um jeito confuso e pouco intuitivo. Os mapas são grandes demais para a quantidade de eventos disponíveis, a variedade de ações que podem ser feitas são escolhas binárias, e o sistema de suprimentos é pouco intuitivo. Eu não vou me dar ao trabalho de entrar nas diferentes facetas do “lore” de Duna que a Shiro não adapta muito bem, mas ainda há um grande trabalho a ser feito pela frente; seja como for, no momento, eu não consigo recomendar o game para ninguém.
Derail Valley
Derail Valley já estava na minha lista de desejos fazia tempo, mas vendo que Train Sim World não vai evoluir além de um gigantesco mercado de DLCs, e que a Dovetail não está interessada em melhorar os aspectos de desempenho ou de simulação dele, decidi dar uma chance ao título da pequena Altfuture. Fico feliz em ter dado a chance.
Derail Valley é praticamente Euro Truck Simulator com trens. Um mapa gigantesco sem carregamento entre estações, missões que variam de 30 minutos a 2 horas e um complexo sistema de gerenciamento de velocidade e trilhos. O que completa o pacote para mim é que ele não usa nenhum tipo de “apoio” para o jogador; você tem um mapa com cada estação e os seus terminais de carga. Cabe a você identificá-los, mover o trem e acoplar os vagões.
É prazeroso, relaxante, e bem o estilo que eu buscava há tanto tempo em um jogo de trens. A equipe está trabalhando em uma nova atualização que vai expandir o mapa, trazer novas locomotivas e condições climáticas. Mal posso esperar para testá-la.
Gloomhaven
Outro que voltou para a minha lista por conta do lançamento de um DLC (Jaws of the Lion). A versão inicial de Gloomhaven não era tão intuitiva para quem tinha jogado pouco, ou nada, do jogo de tabuleiro original. Agora, com dezenas de atualizações e melhorias por parte da Flaming Fowl Studios, a curva de aprendizado está muito mais suave.
Você ainda vai ter que investir um tempo absurdo para aprender a sinergia entre cartas — e como evitar de queimá-las antes do necessário —, mercenários, e é quase certo que as suas primeiras missões vão acabar em derrota. Se você estiver disposto a superar esse obstáculo, vai se deparar com uma das melhores adaptações de um boardgame para o digital que eu já pude presenciar, ficando atrás apenas de Wingspan.
Como se já não bastasse a imensa campanha, o DLC Jaws of The Lion trouxe novos mercenários e ainda mais missões para o modo Guildmaster (aventura). Ainda que as partidas durem mais tempo do que eu gostaria, eu não me vejo desinstalando Gloomhaven tão cedo.
Agora é a vez de vocês! O que vocês estão jogando?