Imagine que fantástico seria para mim, que tenho um gosto muito variado, se existisse um mês sem grandes lançamentos. A possibilidade de acordar uma manhã e dizer “hmm, não tem nada que eu quero jogar em breve”. Meus amigos mais próximos diriam que julho é o mês mais “fraco de lançamentos”. Só se for para eles, pois aqui no Hu3Br eu não parei um minuto sequer — apesar de grandes pesares.
O mês de julho foi constituído de descobertas, introspecção e equívocos em um âmbito pessoal e profissional. A começar que eu, infelizmente, acertei na loteria do COVID no começo de junho e até agora estou lidando com as sequelas desse maldito vírus. A recuperação — emocional e física — durou muito mais tempo do que eu imaginava. Só no começo de julho que eu comecei a me permitir sair de casa (com máscara), retomar as minhas atividades físicas e quebrar de novo as barreiras que eu tinha levantado no começo da pandemia.
Assim que os mares acalmaram, entrei em uma outra tempestade causada por mim mesmo. Lá vou eu enfrentar os mares — essa vai durar ainda mais. Espero que agora munido de um mapa, de um compasso, e de um melhor entendimento dos astros que me ajude a não bater nas pedras de novo.
Em detrimento de tantos rebuliços na minha vida (e sabe lá quantos mais virão nas próximas semanas), eu acabei passando muito menos tempo jogando coisas novas, e me retraí para o que era confortável. Partidas de “Beat Saber” para compensar as minhas caminhadas / voltas de bicicleta, corridas em “Assetto Corsa” em mapas vastos para acalmar a mente e o coração. Até rolou um pouco de minigolfe, mas não achei um ângulo interessante para falar sobre. Por “Beat Saber” e “Assetto Corsa” terem aparecido na lista do mês passado, eu preferi excluí-los desta lista e focar mais em recomendações e jogos que me saltaram aos olhos.
Para todos que leem o site, obrigado mais uma vez pelos comentários seja aqui, na nossa página do Facebook, no Twitter — pessoal ou oficial do site. Obrigado como sempre ao eternamente paciente Roberto que edita todos os gigantescos textos que eu lhe envio. Dei o meu melhor na medida que a minha saúde mental e física permitiu.
Estou com alguns mini projetos em andamento (quem me acompanha no Twitter e viu algumas postagens aleatórias de fotos de jogos sabe do que falo). Eles verão a luz do dia? Não sei. Pode ser que eles acabem na pilha de descarte do site ou que virem apenas um “experimento” pessoal. Ao menos garanto que em agosto eu terei algumas boas surpresas vindo aí.
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Sem mais delongas, aqui está a nossa lista do que estamos jogando ou jogamos em julho!
Unity of Command 2 – Desert Rats
Não há dicionário da língua portuguesa que contenha adjetivos que eu já não tenha usado para descrever “Unity of Command 2” e seus subsequentes DLCs. “Desert Rats”, tal como o resto do game de estratégia em turnos que vem se reinventando desde 2019, é maravilhoso.
Cenários desafiadores e o tão impressionante sistema de suprimento acompanhados de uma IA sagaz fazem as batalhas que se intercalam entre a África e o Mediterrâneo serem intensas. Mapas de 50+ turnos passam em um piscar de olhos, mesmo que eu soubesse dos muitos minutos gastos planejando onde colocar linhas de suprimento para que as minhas tropas não ficassem sem munição.
Ele pode não ter a mesma dificuldade que “Moscow ‘41” — o DLC mais difícil da franquia até então — mas isso não diminui o quão brilhantes são os cenários incluídos, como a batalha de Tobruk e de Trípoli. Fiz malabarismos para manter minhas tropas vivas e devo fazer tudo de novo no modo mais difícil.
Não sei como a “2×2 games” vai conseguir superar os mais de 20 cenários desse DLC, mas eu imagino que a equipe já tem um novo projeto em mãos.
Witch Strandings
“Witch Strandings” é um jogo complexo de recomendar. Parte jogo, parte experiência, vai depender muito do seu estado mental e até que ponto o seu interesse pende mais para uma jogabilidade “aprofundada” ou algo especial. No meu caso, foi a segunda opção.
Imagens e vídeos não são o suficiente para passar a sensação que é jogar “Witch Strandings”. A floresta — destruída por uma bruxa — toma toda uma nova dimensão quando você é só um pequeno ponto de luz, de esperança. Arraste ícones e imagine-os como grandes forças benéficas. Ajude os habitantes daquela floresta, tão devastados e famintos. Veja como as cores e luzes dançam em cada parte do mapa; ouça o barulho da chuva, das árvores e depois o silêncio que as acompanham.
Quem se aprofundar, como eu fiz, vai ainda encontrar um jogo com uma escrita afiadíssima, momentos de felicidade, tristeza e emoção. Cada habitante era uma nova história, uma nova vida salva — ainda que ela estivesse em frangalhos. Meu coração transborda de amor por Witch Strandings e eu torço muito para que outras pessoas deem uma chance a ele.
Strategic Command: American Civil War
Eu acompanho o trabalho da Fury Software desde que ela decidiu revisitar a série “Strategic Command” com “WWII: War in Europe”. É com pesar que aponto “American Civil War” como um dos trabalhos mais fracos deles.
Eu juro que tentei dar uma chance ao jogo de estratégia, e o esforço da desenvolvedora em adequar as mecânicas da franquia para a Guerra Civil dos EUA — mesmo sendo um tema no qual eu tenho pouco interesse — é notável. Infelizmente, a rigidez de muitos sistemas, como a impossibilidade de ter duas unidades em um mesmo “hex” (ou “hexágono, em bom português) falha em demonstrar os problemas logísticos e a linha do tempo do período.
É o único jogo da lista que acabou sendo engavetado muito antes do tempo. Estou de olho em possíveis mods que permitam uma partida mais próxima das estratégias do período, mas não tenho muitas esperanças.
Warrriors Orochi 3 Ultimate Definitive Edition
Até então exclusivo para consoles, “Warriors Orochi 3 Ultimate Edition” chegou na hora certa da minha vida. Eu precisava de um jogo para “desligar a cabeça”, e ele oferece isso aos montes. Isto é, exceto nas dificuldades mais altas, em que a coisa esquenta e um conhecimento mais aprofundado dos combos de cada personagem é essencial.
Para quem começou com “Dynasty Warriors 8”, fiquei surpreso o quanto eu caí de amores por ele em instantes. Ele não possui mecânicas mais refinadas, já que usa o sistema de Dynasty Warriors 7, mas compensa com uma variedade absurda de personagens, locais e sistemas — como a possibilidade de criar seus próprios “cenários” com base em um mapa.
Investi pouco mais de 15h de jogo nele e sequer arranhei a superfície. A jogabilidade é deliciosa, o sistema de evolução e fusão de armas me intriga e a história é tão insana que me faz dar gargalhadas. Imagine uma missão onde você tem de acabar com a briga entre vários personagens históricos da China e Japão por conta de bebida. Essa é a essência de “Warriors Orochi 3” e eu o amo.
METAL MAX Xeno Reborn
Junto com Witch Strandings, “METAL MAX Xeno Reborn” é o exemplo de “ame ou odeie”. O JRPG da Kadokawa Games teve um lançamento conturbado no PC e está longe de ser uma recomendação fácil para quem gosta do gênero pela narrativa e as cinemáticas.
Chamar de rasa a trama “METAL MAX Xeno Reborn” é ser bem conservador. Eu não tenho a menor ideia do que está acontecendo além do meu personagem não ter memória, a Terra ter sido destruída e ser agora um gigantesco deserto tomado pelos mais bizarros inimigos. E quer saber? Está ótimo. O que me interessa mesmo é pegar o meu buggy rosa, explorar esse deserto, derrotar chefões que vão de tanques que parecem elefantes até um helicóptero/drone com olhos. O sistema de turnos dinâmico e o grau de personalização compensa todo o resto. Ainda não tenho ideia de quando os créditos vão rolar na tela, mas até lá eu estou bastante satisfeito com o combate.
The Hand of Merlin
Já que 2022 é o ano de jogos baseados na lenda do Rei Arthur, “The Hand of Merlin” vai no sentido contrário ao gigantesco “King Arthur: Knight’s Tale” — que até recebeu uma mini campanha no final de junho. A ideia da Room-C Games é juntar elementos de roguelike sem tanta dependência de meta progressão, uma boa variedade de builds, e inimigos que vão muito além de esqueletos e zumbis.
Eu gostei bastante do resultado final. As runs são relativamente “curtas”, durando 3h em média, mas apenas revelando pequenos pedaços da história. Eu me senti instigado a tentar novas combinações de personagens, tomar outras decisões nos eventos brilhantemente escritos por Jonas Kyratzes — conhecido pelo seu trabalho em “The Talos Principle” e “The Sea Will Claim Everything” — e Verena Kyratzes de “The Lands of Dream”.
Se os eventos, que fazem você imaginar cada cena na sua mente, não forem suficientes… Que tal alienígenas de outra dimensão? Ou táticas inusitadas que te fazem pensar como posicionar as unidades no turno seguinte, ou habilidades que não se veem muito em jogos de estratégia por turnos? Acredite, Hand of Merlin mais do que merece a minha e a sua atenção.
Symphony of War: The Nephilim Saga
Após ponderar por pouco mais de um mês desde o lançamento em 10 de junho, eu chego à conclusão que “Symphony of War: The Nephilim Saga” não tem fim. Todo cenário completado resulta em outros dois, três, quatro novos mapas. Volto para a cidade para comprar equipamento e lá estão mais classes e mais interações entre os personagens.
A história dele deu uma decaída do que eu assumo ser a “metade” do SRPG por conta do uso demasiado de estereótipos tão vistos no gênero. Sigo em frente pois é um dos poucos jogos em recente memória que faz toda unidade ser crucial no campo de batalha — tanto em como você distribui as tropas e quais equipamentos que elas usam, quanto em qual é o objetivo da missão e o que deve ser feito para atingi-lo.
Eu já havia escrito um breve texto sobre o game, e reitero que, se você gosta do gênero, sente falta da dificuldade dos “Fire Emblem” antigos e quer juntar com algo similar a “Ogre Battle”, “Symphony of War: The Nephilim Saga” é uma escolha certeira.
The Last Clockwinder
A ideia de “restaurar uma árvore à vida” pode soar meio pedante ou um pouco “simpático demais” para alguns. Não se engane, “The Last Clockwinder” tem uma trama genuinamente bela e tocante, e um sistema de automação que eu não imaginava ver tão cedo em realidade virtual.
Cada fase composta pelo objetivo de replantar uma árvore da maneira mais “eficaz” possível é completada ao gravar as suas ações e fazer com que robôs a repitam. Intuitivo de entender e muito fascinante de ver em ação.
Sabe aquela alegria que você tem quando vê a sua fábrica no “Factorio” funcionando em plena capacidade? “The Last Clockwinder” causou o mesmo efeito em mim, mas eram as minhas “mãos” que tinham criado tudo — que tinham “solucionado” o quebra-cabeça. Ver partes de mim sendo replicadas por outros pequenos robôs, chegar próximo deles, vê-los nos mínimos detalhes é fascinante. Tem um headset de RV? Por favor, não deixe esse jogo fora da sua lista.
Agora é a vez de vocês! O que vocês estão jogando?