Imagine contratar uma empresa para a construção de um edifício, a prefeitura liberar a construção e dizer que o uso de vigas “X” está autorizado. No meio da construção, por conta de um desentendimento entre a prefeitura e a fabricante das vigas, o uso das mesmas é proibido. O que fazer? Demolir o prédio e reconstruir? Entrar na justiça? Essa é a questão que paira na cabeça de muitos desenvolvedores nesta quinta-feira, após uma mudança nos termos de licença da Unity definir que todos os jogos que usam o SpatialOS – uma plataforma de serviços em nuvem para hospedagem de jogos online – são uma brecha no contrato.
Em suma, se o seu jogo usa o SpatialOS para hospedar partidas online ou servidores, o que é o caso de MMOs como Worlds Adrift, ele agora “fere” os termos de licença da Unity. Isso é especificado no item 2.4, que agora proíbe a integração de serviços em nuvem a não ser que sejam explicitamente autorizados pela Unity.
A Improbable também apontou que a Unity revogou a licença da empresa, o que os impede de continuar a atualizar o SpatialOS na Unity ou oferecer suporte para os jogos que o utilizam, e que a mudança foi realizada no meio de uma suposta “negociação” que ocorria entre as duas empresas para encontrar “novas formas de trabalharem em conjunto”. Por ora, os principais MMOs, Lazarus e Worlds Adrift, continuam com seus serviços ininterruptos. Já o futuro de MMOs como Seed – onde você gerencia uma colônia – tem o seu futuro incerto.
Até o momento a Unity não se pronunciou sobre o assunto. Jogos que usam o SpatialOS e foram, ou estão em desenvolvimento na CryEngine ou Unreal 4 não são afetados.
[Atualização 11/01/2018]
Em nota oficial, a Unity negou todas as alegações da Improbable e disse que todos os projetos que usam a SpatialOS não foram afetados pelas mudanças dos termos de serviços. O que, supostamente, é um ponto de dissidência entre as duas empresas é usar um segundo kit de desenvolvimento (SDK) além da Unity.
Por exemplo, se uma desenvolvedora implementar o SpatialOS e usar o serviço em uma hospedagem na nuvem, como Azure ou Amazon Web Services, não há problema nenhum nisto. Agora, se a desenvolvedora usar uma solução própria da SpatialOS com o seu próprio kit de desenvolvimento, a Unity considera isto uma plataforma e requer uma nova etapa de verificação. A Unity também afirmou ter enviado há seis meses uma notificação da violação dos termos de serviço para a Improbable.
Todavia, pouco disso vai impactar o futuro da Improbable, pois ela e a Epic Games anunciaram um fundo de 25 milhões para ajudar os desenvolvedores que forem afetados pela decisão da Unity, e decidirem mudar de plataforma ou precisarem de uma ajuda adicional para efetuar uma nova integração de serviços de hospedagem. A derrota de alguns é a glória de outros, pelo visto.