Já fomos para uma ilha paradisíaca, a África e dessa vez estamos nos Himalaias. Far Cry 4 retém o que fez seu antecessor tão divertido de jogar e expande em maneiras interessantes a franquia.
De cara, Kyrat é uma região muito mais interessante que as ilhas paradisíacas de Far cry 3 e também mais ameaçador. A estrutura de mundo aberto do game não foi muito modificada. Vá até tal lugar, complete um objetivo, ganhe uma recompensa, libere torres e mate animais para criar itens.
É um tipo de jogo que eu diria que é melhor jogado em doses para não enjoar. O mapa é extenso e liberar outposts para viajar mais rapidamente sempre será divertido.
Far Cry 4 – melhorias, mas sem arriscar muito
Uma das novidades são os Strongholds, fortalezas que funcionam como outposts, mas melhor fortificadas. Para vencê-los, você precisará da ajuda da AI do jogo por meio das Armas de aluguel ou de um amigo no Coop.
Ao contrário do Coop de Farcry 3, separado da campanha principal, Far cry 4 permite ao jogador fazer certas atividades com outro jogador. Para a minha surpresa, o modo funciona muito bem, uma bênção após lembrar o quão estressante foram algumas partidas com outros jogadores em Assassin’s Creed: Unity, também da Ubisoft.
Por outro lado, a AI dos seus aliados que você ganha com as armas de aluguel é terrível. Não foram poucas as vezes que os vi prenderem o carro em uma árvore ou se tacarem de um penhasco sem motivo aparente, o que tornou liberar os strongholds uma tarefa muito mais complicada.
Far Cry 4 te prende de uma maneira que nem o 3 conseguiu fazer, a forma que o mapa está disposto, as diferentes montanhas, escala-las com ajuda de um gancho e fazer rapel delas, se movimentar pelo mapa é muito mais prazeroso do que antes. Nada de usar apenas o carro ou uma asa delta para ir do ponto A ao ponto B. Far Cry 4 agora conta com um pequeno helicóptero que, apesar de fraco e não voar alto, ajuda a criar o caos.
Com ele você pode não só se movimentar como também atirar com uma submetralhadora, pistolas ou tacar granadas. Era a minha maneira preferida de atacar um outpost, os inimigos ficavam perdidos sem saber de onde as granadas caiam e só depois de alguns segundos se tocavam que era um helicóptero em cima deles.
Quem optar por uma entrada mais triunfante ainda, pode usar elefantes a partir do momento que liberar a habilidade. Esses monstrinhos praticamente não tomam dano e destroem praticamente tudo pela frente. Digo praticamente pois não há como destruir edifícios infelizmente.
É importante notar que as melhorias não vieram apenas para a jogabilidade como também para a história. Enquanto Vaas e Hoyt não foram personagens ruins para Far Cry 3, tanto os antagonistas como o coadjuvantes de Far Cry 4 são melhor desenvolvidos.
Não por suas motivações, que obviamente ainda não são fortes, mas sim os diálogos e toda a interação jogador – ambiente. Far Cry 3 te jogava em uma ilha, com um roteiro clichê de turistas que foram sequestrados e fica por aí. Ajay Ghale ao menos tem uma conexão com Kyrat, o que facilita isso.
Far Cry 4 – Dunia Engine mostrando o seu poder
A mudança para a nova geração fez muito bem para Far Cry 4, Kyrat mostra todas as novidades da Dunia Engine de maneira clara. Pode não ter o primor técnico de Assassin’s Creed Unity, porém esteticamente dá um show a parte.
Para a análise, foi usada como base a versão PC, que felizmente não mostrou problemas e ainda conta com efeitos adicionais em relação as versões consoles. O novo sistema de iluminação cria um certo tipo de volume para a luz do sol.
O amanhecer em Kyrat permite ao jogador ver pequenos animais correndo pelas matas, os feixes de luz do sol cortando as árvores que junto com a trilha sonora sensacional cria uma ambientação de certa forma como em um sonho.
Um dos locais mais impressionantes foi Shangri-La, uma terra mística que você tem acesso em certas missões após avançar um pouco na campanha. As cores, a trilha sonora, tudo parecia estar em harmonia, possivelmente o ponto alto do jogo para mim.
Algumas coisas foram reaproveitadas de Far Cry 3? Sim, principalmente as animações dos personagens e boa parte das armas. Claro que todos com texturas melhoradas para tirar melhor proveito dos consoles da nova geração
Far Cry 4 – bom multiplayer
Novamente, para a minha surpresa, o multiplayer de Farcry 4 é divertido! Duvido que vá ter uma comunidade consistente como outros shooters, porém as ideias são interessantes.
Com uma pitada do antigo remake de ShadowRun para Xbox 360, o multiplayer de far Cry 4 busca ser o mais assimétrico possível. Enquanto uma das facções envolve armas, granadas e por aí vai, a outra se volta para a natureza para encontrar poderes. Com isso, eles podem andar em elefantes, ficarem invisíveis, chamar animais para a sua ajuda e muito mais.
É raro ver um multiplayer assimétrico dar certo, normalmente são entupidos de problemas de desbalanceamento ou classes desinteressantes, coisa que não acontece em farcry 4. Só acho uma pena as partidas contarem com tão poucos jogadores em mapas tão grandes. Para a captura de três pontos onde em alguns mapas é preciso pegar até um veícolo para se movimentar mais rápido, apenas dez jogadores é muito pouco.
Para completar, o famoso editor de mapas, disponível desde Farcry 2 está de volta, mais recheado de novidades do que nunca. Para quem nunca testou, ele permite criar pequenas missões para jogar sozinho ou com amigos no mapa. Você pode colocar estruturas, inimigos, traçar rotas para eles, enfim, o que bem desejar. Dessa vez ele conta com presets de iluminação, de áreas diferentes da campanha principal e outras melhorias que vai facilitar a vida dos mapmakers por aí.
Farcry 4 expande e melhora a fórmula da franquia. Não consigo me imaginar jogando-o sem o helicóptero ou sem me divertir no coop. O grande trunfo dele está na história, que se apresenta mais interessante e com mais traços humanos. Sem tomar riscos, posso recomendar Farcry 4 facilmente para qualquer um que gostou um pouco ou um monte de Far Cry 3.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Ubisoft