Mais uma vez, a Paradox dá um passo para frente, 35 passos para trás quando o quesito é ganhar confiança da comunidade. Nos últimos meses ela vem trabalhando arduamente para refinar as arestas que muitos reclamaram sobre Imperator: Rome – o que é louvável. Por outro lado, ela silenciosamente começou a testar um modelo de assinatura para Europa Universalis IV e seus DLCs. A descoberta foi feita pela própria comunidade ao encontrarem a seguinte imagem dentro dos arquivos dos jogos após a atualização 1.29.4.
Como é de se imaginar, os jogadores não reagiram nada bem sobre isso e a desenvolvedora explicou em um post no fórum oficial que a imagem não era para ter sido divulgada ao público – já que contem informações antigas como uma skin exclusiva –, que os jogadores poderão continuar a comprar os DLCs separadamente, e que isso não é nada mais do que um “teste”.
Entretanto, isso abre portas para uma discussão ainda maior: até que ponto vale investir tanto nos DLCs de Europa Universalis IV. Um sistema de assinatura mitigaria isso? Uma rápida olhada na página de Europa Universalis IV no Steam e você verá que todos os DLCs – incluindo cosméticos e trilhas sonoras – não saem por menos de R$646,00. É um valor altíssimo para um jogo.
Tal valores são normais em comunidades de nicho, como as de simuladores de voo, mas a comunidade é muito menor do que a de estratégia. Isso sem contar na tremenda confusão de entender quais DLCs vale a pena ou não, vide inúmeros guias publicados por aí; sejam eles em forma de vídeo ou escritos.
Por outro lado, eu jamais irei apoiar um sistema de assinatura. Seja ele vindo da Paradox, da Microsoft (Gamepass) ou de qualquer outra empresa. Pode funcionar a curto prazo, ser útil para ver se um jogo é bom ou não para você ou ser uma porta de entrada para quem comprou um novo console e já quer uma biblioteca recheada.
Mas no fim do dia, isso não é nada mais do que ganância. A mais pura ganância. A Paradox, com a sua contínua decisão de reinventar seus jogos e mudar mecânicas que dividem a comunidade, não está em nenhuma posição de oferecer esse tipo de serviço. O que acontece com a comunidade de mods? Modders terão que lidar com uma versão diferente para assinantes ou será tudo gerenciado pelo novo – e irritante – launcher que a empresa implementou em todos os seus jogos?
Tudo isso em troca de que? Espremer um pouco mais de dinheiro da comunidade? Reduzir a barreira de entrada? Uma outra opção seria sabe o quê? Criar tutoriais decentes, coisa que todo grand strategy carece – e muito.
Você já foi melhor, Paradox. Eu não quero nem ver como vai ser com Crusader Kings 3.