Meu histórico com Yakuza é bizarro, de uma série completamente ignorada a uma das mais interessantes que já joguei. Após praticamente ignorar Yakuza 1 e 2, Yakuza 3 rapidamente se tornou um dos meus favoritos. Agora depois de anos na esperança de uma tradução para o quinto capítulo, finalmente o tenho em mãos e não poderia estar mais feliz. Ele está disponível na PlayStation Store a partir de R$ 122,90.
Yakuza 5 caminha nos passos do antecessor, com a possibilidade em múltiplos personagens e de prosseguir com a trama quando bem entender. A história começa com Kazuma Kiryu trabalhando de taxista e deixando sua vida em Kamurocho para trás. Como já era esperado, nada é tão fácil assim e rapidamente ele se encontra no meio de mais uma conspiração que ameaça a existência da família Dojima.
No que diz respeito a história, sempre joguei Yakuza mais pelos personagens do que a trama. Ver Kiryu e outros personagens “evoluírem” com o passar do tempo é como ter uma família que você não visita a anos toda reunida na sua sala de estar.
Mesmo para mim, que não tenho uma memória perfeita da série, consigo ver a importância de cada personagem e como eles reagem a certas situações sem ter de rejogar os anteriores. Digo, até certo ponto, pois Yakuza 5 é um péssimo ponto de entrada para quem sequer ouviu falar da série antes. Onde os antecessores possuíam vídeos com retrospectivas dos acontecimentos, Yakuza 5 já te enfia no meio da ação e em questão de horas já aconteceram tantas reviravoltas que você nem sabe quem é quem. Em momentos é exagerada, em outros tenta ser romântica ou passar “lições de vida”. Ao menos tenta se desvencilhar de alguns clichês, apesar de cair em outros.
Yakuza 5 também marca o lançamento de um novo motor gráfico para a série, bem, isso em 2012 afinal tivemos três anos de uma longa espera até que a sequência chegasse no ocidente. Vamos combinar que Yakuza tem ótimas cenas, mas quando assumíamos o controle do personagem, não era lá essas coisas. Dessa vez se vê uma iluminação melhorada, em troca de uma taxa de quadros em muitos momentos sofrível e umas texturas de dar medo. Incomoda? Nem um pouco. O legal mesmo é a quantidade de coisas a serem exploradas.
Não faria jus chegar e falar que Yakuza 5 é um jogo linear. De certo ponto de vista é, se você quiser ir de missão em missão e não aproveitar nada. Por outro lado, quando você se imerge nas peculiares regiões oferecidas, se vê perdido por horas e mais horas em missões secundárias. Poderia muito bem ter completado o primeiro arco nos dois primeiros dias de que comecei a jogar, apenas não aconteceu pois decidi ser um motorista de táxi. Sim, um motorista de Taxi. É apenas umas das missões secundarias de Kiryu, onde deve levar passageiros até determinado ponto e respeitar as leis de trânsito. Eu sei que a ideia pode soar um pouco idiota, mas é o que torna esse Japão virtual mais convincente.
É como chegar na loja de conveniência virtual e ver uma edição da Famitsu ou da Shojen Jump, como encontrar pratos típicos — que por acaso tem imagens de dar água na boca — em restaurantes. Esse contraste com uma realidade distante de um país que possivelmente nunca irei visitar é um dos grandes atrativos de Yakuza, que só vem melhorado a cada sequência. Atividades como essa estão presentes aos montes, de Taiko no Tasujin a Karaokês, e muitas delas cheios de colecionáveis para aqueles que preferem um pouco de motivação fora a já ideia de visitar um local tão “próximo” da realidade.
Enquanto não era um taxista ou avançava na história, os protagonistas de Yakuza fazem o que sabem melhor, lutar. O sistema de luta do quinto game sofreu pequenas mudanças, com mais ênfase em Quick-Time-Events, onde você deve apertar o botão no tempo correto, e alguns golpes a mais. Infelizmente está longe de cativar quanto eu gostaria.
Por um lado, é simples e direto. “Aqui está um bando de malfeitores, acabe com ele”, me apontava o jogo, em segundos estavam no chão. Diferentes estilos de golpes são restritos a cada personagem e a variedade é aceitável. Por outro, o combate é tão constante e cansativo que lá pela 40ª luta você deixa de se importar com o que acontece na tela. Lutas em Yakuza funcionam da mesma maneira que batalhas aleatórias em RPGs japoneses, principalmente os clássicos, a cada cinco passos você encontra alguém querendo te enfiar a porrada. Não ajuda também que a engine tem um carregamento relativamente lento para entrar e sair do combate. Fato que era bem pior nos antecessores, mas que a essa altura esperava um pouco mais de refinamento.
Por mais que deslize nesse quesito, Yakuza 5 ainda se mantém especial. Conto nos dedos os jogos que me fazem imaginar e me sentir imerso como ele faz. Nessa aproximação da “realidade” que faz ao retratar o mundo e o submundo japonês, consegue cativar, prender a atenção e impulsionar o jogador a conhecer, encontrar segredos e descobrir personagens carismáticos.
A biblioteca do PlayStation 3 é algo impressionante e Yakuza 5 apenas a torna melhor ainda. Demorou três anos para chegar? Demorou, mas valeu a espera. Enquanto que não é uma apresentação perfeita para iniciantes na série, demonstra uma atenção e carinho para os fãs de longa data que me deixa muito feliz. Se você se interessa o mínimo por um pouco desse submundo da máfia japonesa, cenas exageradas ou apenas uma boa pancadaria, Yakuza 5 irá tomar horas de seus dias.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela SEGA