Poucas raças são tão amáveis e detestáveis ao mesmo tempo em mundos de fantasia. Dentre elas, os elfos definitivamente estão bem próximo do topo da lista, sempre com ótimos arqueiros, mas egoístas ao extremo. Para os Wood Elves, a mais nova adição à Total War: Wahammer, eu abro uma pequena exceção. O DLC Realm of The Wood Elves está disponível no Steam por R$ 35,99.
Realm of The Wood Elves é um daqueles DLCs que definem muito bem que tipo de jogador você é. Você prefere uma campanha bem trabalhada ou unidades fantásticas para adicionar ao já extenso conjunto de Warhammer? Ao contrário de Call of the Beastmen, desta vez você tem de fazer uma escolha.
Como um exército, os Wood Elves são sensacionais para jogadores avançados, ainda mais para quem, como eu, passou boa parte do ano entre partidas online, batalhas contra a IA e um pouco da campanha. Micro gerenciamento é o seu sobrenome e dano absurdos são o seu lema de batalha. Nas mãos corretas, são devastadores contra quase todos os outros exércitos… nas mãos certas.
A maior discrepância que existe entre os Wood Elves e as outras facções é a necessidade constante de planejamento e de saber quando e como bater em retirada. Frágeis até o último ponto, eu precisava armar emboscadas e fazer um uso redobrado do posicionamento de terreno para ter o mínimo de sucesso nas batalhas.
O que, vindo de tantos exércitos relativamente estáticos, é aquela maravilhosa sensação de alívio e de ver que a Creative Assembly consegue manter as facções de Total War: Warhammer longe de problemas tão presentes nos outros jogos da desenvolvedora.
Um dos momentos mais divertidos foi o choque de realidade, tão acostumado a jogar com Bretonnia, em ver minhas unidades serem massacradas pois não tinha a menor ideia de como elas sairiam em combate. Exceto até o momento que um Dragão da Floresta veio ao resgate de algumas brigadas e colaborou a reduzir minhas perdas.
Por ter um estilo tão diferente das outras facções, não vou negar que Total War: Warhammer poderia ter algumas mecânicas melhor adaptadas a eles do que esperava. Garantir que uma unidade fique na posição correta para uma emboscada, por exemplo, ainda é um exercício mais irritante do que se espera. O mesmo vale para a teimosia de algumas unidades de baterem em retirada sem motivo aparente. Bug da inteligência artificial ou não, a última coisa que eu preciso é um exército elfos montados em cervos correndo em pleno campo aberto em meio a salvos de canhões e helicópteros de anões.
Entretanto, o estilo peculiar dos Wood Elves no campo de batalha não se traduz muito bem para um estilo que me agrada na camada estratégica. Tanto na campanha principal como na campanha secundária, o jogador tem de ser cauteloso demais e jogar na defensiva por conta de dois recursos que considero fiéis ao “Lore”, porém prejudiciais: Amber e a Oak of Ages.
The Oak of Ages é uma árvore gigante no coração de Athel Loren, floresta natal dos Wood Elves. Por consequência, eles fazem de tudo para defendê-la de invasores — especialmente aqueles com a marca do Chaos —, como os Beastmen e os Chaos Warriors. Isto torna a área controlável do mapa já consideravelmente menor, pois um ataque bem-sucedido à Oak of Ages e tudo está terminado para o jogador. Você me desculpa, mas depois de End Times e The Age of Sigmar, não há motivação no mundo que vai me fazer me importar com uma árvore no universo Warhammer, daqui há três séculos ela vai ser queimada ou algo terrível vai acontecer com ela de qualquer jeito.
Como se já não bastasse ser jardineiro, os Wood Elves usam possivelmente a mais irritante moeda já implementada em Total War: Warhammer, o Ember. Estas “pedras” preciosas são essenciais para ganhar acesso a tecnologias avançadas, evoluir a Oak of Ages e construções especializadas. Adivinhe como você consegue-a? Isto mesmo, por meio do ataque a outros assentamentos, cidades, vilarejos ou por meio de acordos econômicos / diplomáticos entre os Wood Elves e outras facções.
Imagine a maldita encruzilhada que eu me encontrava. Avançava demais e arriscava de perder a árvore. Ficava na defensiva e meu exército acabava estagnado. O recurso em si pode ser perdido pelo mais besta dos motivos, como sem querer atravessar um território neutro e o dono fazer cara feia para você. Pronto, lá se vai um possível Ember e lá estava eu na estaca zero. Viu o que dá querer ser jardineiro e colecionador de pedras? Sei lá, ao menos os Dark Elves usam trabalho escravo, que apesar de imoral, é menos irritante do que os Wood Elves e sua paixão por pedras. Depois me perguntam o porquê de não gostar de elfos.
A maneira mais “saudável” que encontrei para equilibrar estes dois terríveis elementos foi tentar manter meus vizinhos felizes, atacar as hordas do Chaos o quanto antes e torcer para que a inteligência artificial fizesse a parte dela. O que, por um milagre, aconteceu como eu esperava.
No fim das contas, a campanha de Realm of the Wood Elves acaba por ser chata. São turnos após turnos sem um desenvolvimento, sem uma batalha ou uma conquista relevante. Uma partida de olhar o contador de Ember subir e esperar que ele não reduza ao ponto de prejudicar a progressão.
Há quem encontre valor neste estilo de jogo, apenas creio que não seja um estilo que faça uso completo do potencial de Total War: Warhammer. Ainda mais quando se leva em conta que a diplomacia em si é relativamente rasa e direta demais. Seja amado ou seja odiado, raramente um meio termo.
Entretanto, é inegável o valor que Realm of The Wood Elves tem para Total War: Warhammer de um ponto de vista tático e a prova que a Creative Assembly está em uma busca constante de não homogeneizar as raças.
O tiro pode ter saído pela culatra quando o assunto é a campanha em Realm of the Wood Elves, mas é difícil não esboçar um sorriso ao ver grifos, elfos e árvores gigantes destroçarem legiões de Greenskins, anões ou o que vier pela frente. Pelo terceiro DLC seguido Total War: Warhammer se estabelece como um dos melhores jogos de estratégia do ano.
Total War: Warhammer - Realm of The Wood Elves
Total - 8
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Excepcionais no campo de batalha, Realm of the Wood Elves é perfeito para quem busca mais variedade e um estilo de combate pouco visto na franquia Total War. Só é uma pena que a campanha não consegue acompanhar o ritmo e falha em entregar algum componente cativante que não seja “aperte o botão para o próximo turno e quem sabe alguém te odeie menos".