Se existe uma empresa que consegue reinovar a cada game, é a ACE Team. Primeiro com Zeno Clash, Rock of The Ages, Abyss Odyssey e agora The Deadly Tower of Monsters chega para mostrar que eles não são apenas bons na estética, como também na jogabilidade. Ele está disponível no Steam e na PlayStation Store a partir de R$ 27,99.
Após um leve decepcionante Abyss Odyssey, não tinha grandes expectativas de The Deadly Tower of Monsters, um jogo que mistura uma histrória Sci-Fi dos anos 40/50 com plataforma e ação. A história em si já é bizarra o suficiente, onde o piloto Dick Starspeed cai no planeta Gavoria. Sem possibilidade de contatar a terra, terá de escalar uma torre repleta de monstros em busca de salvação
A premissa é simples, mas quem rouba a cena é Dan Smith, o suposto diretor do clássico filmado na década de 70m que agora aparenta ter os seus 50/60 anos e uma mentalidade arcaica, ele apresenta ao outro personagem — nós, o jogador — sobre as dificuldades de se criar o “filme”. Monstros que a animação estava estranha? Dan explica que na verdade eles foram feitos em stop-motion. Ao invés de pedras que explodem, elas esvaziam como um pneu de bicicleta. “Eu achei a ideia que a equipe de efeitos especiais teve para essas pedras genial”, comentou Dan após eu explodir uma delas.
Esses toques de nostalgia, de um humor que não exagera nem apela para temas contraditórios é uma das mecânicas que movem e incentivam ao jogador a explorar mais dessa torre. Tentava sempre que possível interagir com algum objeto do cenário para ver qual seria a próxima pérola que sairia da boca de Dan. Certa vez ele comentou como uma das crianças queria participar do filme, então as vestiu como lulas. Não faz sentido algum e ao mesmo tempo é genial. The Deadly Tower Of Monsters não é apenas isso, como também uma jogabilidade bastante refinada.
No controle de três personagens, cada um deles com suas próprias habilidades especiais, você pode acessar diferentes áreas com segredos, objetos colecionáveis ou itens usados para a melhoria de armas. Estas, que continuam a ideia de um Sci-Fi de baixo custo e incluem equipamentos como uma espingarda que na verdade é um barbeador elétrico. A variedade é grande, enquanto a usabilidade vai do ótimo ao terrível. Muitas delas simplesmente são situacionais demais, como o rifle que dá choque em área ou a própria espingarda, cujo alcance é minúsculo.
O grande trunfo da ACE Team é o uso da verticalidade como forma de progressão. Ao acessar fases situadas em pontos altos da torre, você pode usar poderes como jetpacks ou um apetrecho de teleporte para alcançar áreas previamente impossíveis, fazendo com que tivesse de estar atento a toda oportunidade. Por outro lado, você nunca se sente limitado apenas a fase a qual está, pois, todos os andares anteriores da torre ficam automaticamente liberável. Você quer se jogar do vigésimo andar da torre para pegar um colecionável no primeiro? Não tem problema, é só lembrar de usar o jetpack para amortecer a queda.
Em nenhum momento isso foi explicitamente explicado e nem mesmo é necessário. Mais uma vez o trabalho em estabelecer mecânicas que dialogam com o jogador tão conciso que basta algumas situações, como inimigos que atacam de andares inferiores da torre, para que perceba que usar o jetpack nessa situação é viável.
Minhas maiores críticas para The Deadly Tower of Monsters ficam mesmo na dificuldade e algumas mecânicas para controlar o jogador. Esteticamente não posso falar nada dos inimigos, principalmente pela variedade e como se adequam o tema. Uma pena serem fáceis demais, nem mesmo elevando a dificuldade eles apresentavam ataques que eram realmente devastadores. O desafio chegava na forma de chefões, escassos e um pouco decepcionantes.
Em outros momentos parece que a ACE Team superestimou a duração e as chances de jogá-lo novamente. Não que não há bastante coisa para fazer, como os itens colecionáveis citados acima, apenas que o sistema de upgrade requer tanto investimento que realmente não vale a pena. Após completa-lo, o que demorou por volta de quatro a cinco horas, pouco mais da metade dos upgrades estavam liberados. Fez falta? Não, apenas que requerimentos tão longos poderiam ter sido investidos em outros aspectos para torná-lo ainda mais variado.
Com um humor sensacional, The Deadly Tower of Monsters é mais um grande sucesso da ACE Team. É extremamente divertido e despretensioso. Um claro exemplo do domínio artístico e de mecânicas que conseguem transformar uma história que teria passado como desinteressante em uma das mais engraçadas desse ano.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus