Por ser uma pessoa que sempre preferiu jogos em circuitos fechados do que em mundo aberto, The Crew estava longe de ser o meu favorito. Quando comecei a jogar Wild Run, não só apenas comecei a gostar mais do estilo, como me impressionei que o jogo de 2014 recebeu melhorias tão significativas que mal o reconhecia. Ele está disponível no Steam, Nuuvem e Uplay a partir de R$ 59,99.
Wild Run é mais do que uma expansão, apesar de ser anunciada como tal. Ela é também uma quase completa remodelagem de The Crew, com gráficos melhores, jogabilidade refinada e mudanças nos áudios dos carros. Todas essas melhorias são gratuitas, enquanto a expansão em si adiciona um novo conjunto de eventos situados em “The Summit”. Focados em corridas radicais, eles incluem corridas Drag, Drift e Monster trucks.
Entre elas, drag se mostra como o modo mais fraco. Não diria que é nem uma corrida em si, mais um minigame onde você deve apertar o botão certo quando a barra de aceleração atingir um ponto certo. Já drift e Monster Truck apresentam maior variedade de mapas e uma melhor integração com as mecânicas do jogo base.
Por falar em Monster Trucks, eles são umas das minhas partes favoritas de Wild Run. Desafiadores de controlar, com ótima animação, modelagem de danos e visualmente atraentes. Não é tão comum vê-los no mundo aberto, em parte devido ao custo altíssimo de se modificar um carro para transformá-lo em um Monster Truck. O mesmo vale para as motos, outra adição de Wild Run. Uma moto simples não sai por menos de 100 mil dólares—ou seja lá qual for a moeda de troca usada em The Crew.
O evento principal, “The Summit” consegue ser ao mesmo tempo interessante e confuso de se participar. Ele ocorre em vários pontos do mapa em diferentes datas, para participar é preciso completar várias etapas classificatórias — que vão de eventos de tabela de liderança e corridas PVP. The Crew nunca deixa isso exatamente claro, principalmente devido a ainda confusa interface. Em minhas primeiras tentativas, acabava em um evento de Monster Truck ou Drift sem bem entender o porquê de estar nela. Bem, ao menos estava me divertindo.
Wild Run se integra de maneira impecável ao jogo base, com dois — significantes — novos modos de desafios no mundo aberto. O “Manobras de modo livre” coloca você e sua equipe contra desafios como correr na contramão ou andar X quilômetros sem bater.
O modo livre, por outro lado, é uma das mecânicas mais divertidas que vi recentemente em jogos de corrida, ele permite que você crie corridas personalizadas de uma maneira simples. Segure um botão, coloque os checkpoints e comece a correr. É uma boa maneira de se divertir com amigos, mas nada interessante sozinho.
Enquanto no jogo base passei boa parte do tempo no controle, optei por jogar parte de “Wild Run” no volante, que possui um impressionante suporte para um jogo arcade. Detrás de meu G27, presenciei um dos melhores efeitos de Force Feedback dos últimos tempos, suporte a câmbio manual e sequencial, e uma série de configurações que coloca títulos como o F1 2015 no chinelo.
Há uma diferença gritante entre correr com controle e um volante com todas as assistências desligadas. The Crew toma um aspecto quase semi-simulador em algumas corridas. Eventos offroad me deixavam nervoso de ter de desviar das árvores, de outros carros, pisar na embreagem, trocar a marcha no tempo certo.
Quem opta ou só pode jogar no controle não ficará desapontado graças as grandes mudanças na jogabilidade. Aquela sensação de “dirigir um tanque” vai embora, carros esportivos ou pickups se comportam de maneira diferente em pistas ou offroad. Pegar uma moto e fazer uma viagem de Los Angeles até Miami é agradabilíssimo e relaxante. Parte disso vem das boas mudanças nos gráficos
Quando lançado, The Crew já estava longe de ser o jogo mais bonito ou polido da geração. A expansão dá uma resolvida nisso com melhorias na iluminação e clima dinâmico. Alguns elementos do cenário, principalmente prédios e carros genéricos, continuam a desejar. No geral passa a sensação de que a Ubisoft tivesse trazido de vez o game para a nova geração.
Nem tudo é foi melhorado em The Crew, porém. O “grind” para ganhar dinheiro e comprar um novo carro volta mais alto do que nunca. Os veículos de Wild Run são caríssimos, sendo voltados para aqueles que já completaram o “end game” do que aqueles que compraram o jogo agora. Acho uma pena, principalmente por ter de aturar a mediana “história” do modo principal para arranjar uns trocados a mais. Existe a opção de comprar mais fundos com dinheiro real, coisa que não concordo e não vejo necessidade.
The Crew continua um título quase que exclusivamente focado em uma experiência online ou com amigos. Jogar sozinho até certo ponto divertia, mas quando via a lista de coisas para fazer e a ideia que faria tudo sem a ajuda de amigos desanimava. Não ajuda em nada que a interface para interagir com outros jogadores permanece confusa e pouco intuitiva tanto no controle como no teclado.
Minha diversão vinha de explorar os cenários pelas peças de carro que ainda não havia obtido no jogo base, fazer eventos de Drift no Summit e de tempos em tempos algumas manobras com meu Monster Truck. Nunca fiquei horas demais em The Crew para não me sentir cansado, é perfeito para jogar uma ou duas horas ao longo da semana, ouvir a trilha sonora e ver como a ambientação muda quando começa a chover.
The Crew: Wild Run conseguiu tornar um jogo relativamente decepcionante em uma das experiências de corrida mais divertidas de 2015. Ainda é um jogo fraco para quem gosta de jogar sozinho, mas agora dá mais do que suficientes motivos para unir os amigos, seja nas corridas personalizadas, umas voltas de moto ou apenas para apreciar a vista.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Ubisoft