Análise – The Council Episódio 2: Hide and Seek

Há de se imaginar que um adventure episódico que termina seu primeiro episódio cheio de mistério, intriga e em um tom de perigo vá explicar esses elementos na sequência, correto? Pois bem, o segundo episódio de The Council (Steam, PlayStation 4, Xbox One), “Hide and Seek”, faz tudo menos isso.

“Esfriou” é pouco para descrever os acontecimentos de Hide and Seek, que não sabe se quer continuar a trama de Louis de Richet e a busca por sua mãe desaparecida, ou se focar na intriga política e a sociedade secreta que aparenta estar em grandes números na mansão do Lord Mortimer.

Comparado com o primeiro, “The Mad Ones”, o segundo episódio segue um caminho totalmente inverso no que tange as mecânicas; a importância extrema aos detalhes vai embora em favor de uma narrativa que mais parece que você está em uma brincadeira de gato e rato que não vai a lugar algum. Uma hora estou atrás de uma pista, na outra o jogo me manda esquecer o que eu vi nos últimos 30 minutos em favor de outra pista, e falha em prover uma boa justificativa para isso.  “Puzzles” que me fazem ficar mais entediado do que interessado no que, ou quem, está por trás deles. E o mais bizarro de tudo, a quase total ausência da tão aclamada árvore de habilidades.

Sim, aquele que a Big Bad Wolf tanto falou, e fez tanto uso no primeiro episódio, não tem espaço nos três capítulos desse episódio. Acontece que a desenvolvedora se focou tanto em usá-lo para tornar a narrativa mais reativa que se esqueceu das outras possíveis aplicações dele. Para um episódio que apoia tanto em puzzles como “Hide and Seek”, é um tanto estranho ver que só dois deles fazem uso de algum sentido de intuição, enquanto o resto cai no típico “move um objeto para lá, depois move outro para cá”.

O fato que as próprias conversações com outros personagens no segundo episódio falham em demonstrar qual é a real necessidade desse sistema de diálogo e habilidades — que dessa vez pouco impactou as minhas ações — me questionam qual é exatamente o objetivo da Big Bad Wolf com The Council.

Antes eu imaginava que era uma demonstração, mesmo que um pouco desastrosa, do que um sistema de diálogo mais rebuscado do que temos nos nu-adventures (jogos da Telltale, etc) podem oferecer ao se unificar com mecânicas de RPGs. Agora? Bem, agora eu não sei de mais nada, pois até em questão de escolhas o segundo episódio é severamente mais limitado (dos quatro possíveis finais do primeiro episódio, apenas dois deles são discutidos no segundo).

A sensação de decepção permanece por boa parte do episódio, que tenta se endireitar e dar algum — nem que seja o mínimo — incentivo para você ter vontade de desvendar o mistério. Depois de dolorosas três horas, The Council tenta se redimir nos trinta minutos finais. A história se endireita, acaba em (mais um) cliffhanger e a promessa de que algo “importantíssimo” vai acontecer no terceiro episódio. Olha, você me desculpe, mas eu já cai nesse papo e não vou cair de novo.

Os problemas vistos no primeiro episódio retornam em maior escala, a entonação dos personagens — especialmente de Richet — continua fraca e problemas de desempenho conseguem ser ainda mais críticos. Vi cenas onde a fala dos personagens travou por alguns segundos e eu não teria entendido nada se não fossem pelas legendas. Levando em conta que ele foi jogado em um i7-7700k e uma Geforce GTX 1080Ti e instalado em um SSD, ou era um problema (sério) dos drivers de vídeo, ou é The Council. Tendo a acreditar que é a segunda opção.

Mantenho minha teimosia e digo que vou até o fim com The Council, afinal, eu sou alguém que sobreviveu as seis temporadas de Lost, então a Big Bad Wolf precisaria alterar completamente o ritmo da história, e a própria premissa em si, para me fazer desistir.

Espero o terceiro episódio com dois pés atrás. Não estou disposto a aguentar mais um cliffhanger, muito menos resolver puzzles pouco inspirados e lidar com problemas técnicos. Espero que a Big Bad Wolf dê um bom descanso entre episódios e reveja as suas prioridades. Quem sabe assim algo realmente bom sai de The Council.