Se eu quisesse criar um nome mais direto do que The Aquatic Adventure of the Last Human, não seria capaz. Do nome a jogabilidade, o game que traz uma boa dose de exploração vai direto ao ponto e me pegou de surpresa. Ele está disponível no Steam por R$ 19,99.
Como o nome já diz, ele conta a história do último humano vivo, um homem (ou mulher) que viajou por um buraco negro e volta após mais de 1000 anos, onde uma era glacial eliminou quase toda a vida na terra. Quase pois os peixes ainda vivem e o jogador, munido de um submarino, deve explorar os mares em busca dos últimos momentos da humanidade.
Ao invés de se apoiar em oferecer um vasto conteúdo, The Aquatic Adventure of the Last Human trilha o caminho de games que preferem oferecer uma ambientação interessante. Enquanto poderia me decepcionar caso olhasse para ele de uma maneira puramente voltada as mecânicas, explorar o cenário em busca de pistas sobre os momentos finais da humanidade é quase como uma experiência “zen”. Os cenários subaquáticos apresentam impressionantes detalhes, com pequenas estruturas dando “vida” aqueles que seriam os resquícios da humanidade e ainda assim você nunca se sente pressionado ou amedrontado, como assistir o fim do mundo por trás de um vidro de um aquário.
Um dos pontos altos foram já nos primeiros minutos de jogo, onde após chegar em uma área relativamente grande, a trilha sonora se impõe sobre qualquer outro som ambiente para apresentar tons melancólicos e até um pouco surreais. Tanto quanto ver estações de pesquisa e estruturas corroídas pelas águas salgadas do mar.
Claro que essa paz dura pouco, em poucos minutos de jogo você já está de cara com um dos 11 chefões, uma minhoca gigante chamada apenas de The Worm. Lutar contra cada um deles drenou praticamente todas as minhas forças. Já não sou um dos melhores jogadores quando o assunto é qualquer forma de game 2D e The Aquatic Adventure of the Last Human fez questão de me lembrar disso.
Ele é capaz de manter um balanço perfeito entre prover um desafio constante, mas que o jogador não se sinta sobrecarregado de informações. Os padrões de ataque são até certo ponto imprevisíveis, requerem uma adaptação constante de posicionamento, mas a forma que esse padrão muda é passado para o jogador de maneira muito clara. Por mais que não se interesse pela parte artística, ele vale a pena ser jogado pela diversidade de mecânicas usadas em cada chefão.
Essa tal de “The Worm” foi um pequeno inferno na minha vida. Além de se esconder dentro de paredes, cuspia uma enormidade de pequenas minhocas que faziam parecer que a proteção do submarino era feita de papel alumínio. Lá pela vigésima morte, consegui sair vitorioso da batalha, aquela sensação boa de ter finalmente dominado cada ataque do oponente e saber os “ler” da maneira correta. Sensação que se repetia a cada chefão derrotado.
É uma pena que o sistema de progressão para o meu pequeno submarino é tão severamente limitado, com apenas uma meia dúzia de upgrades, o backtracking — voltar as mesmas salas para liberar novas áreas graças a obtenção de um novo equipamento — é um pouco menos recompensador do que eu gostaria. O mesmo vale para o combate, que fora as lutas com chefões, mal dá as caras e quando dá são apenas perigos do ambiente, como gases vindos de um cano quebrado.
Mas a cada deslize cometido, The Aquatic Adventure of the Last Human entrega outra área completamente diferente da última que estava e meu espírito de exploração falava mais alto. Quero apenas conhecer mais sobre o que aconteceu, quero encontrar uma nova espécie de peixe ou uma estrutura esquecida pelo tempo.
The Aquatic Adventure of the Last Human não redefine o que conhecemos sobre “metroidvania” ou exploração, mas é um game criado com tamanho cuidado e capaz de impressionar a cada nova música ou chefão encontrado que vale, e muito, jogar. Que o seu submarino tenha mais sorte em sobreviver as calmas e ao mesmo tempo assustadoras águas da Terra do futuro.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada YCJY