Escolha A, B ou C? Em inúmeros jogos você deve ter se deparado com uma dessas sequências cada vez mais comuns hoje em dia. A possibilidade de escolher o final de uma história, uma ilusão que muitas vezes é mal implementada e resulta em um jogo mediano. Ainda bem que não é o caso de Stories: The Path of Destinies, que está disponível para PlayStation 4 e PC a partir de R$ 27,99.
A história começa apresentando Reynardo, um pirata que após deixar a sua vida para trás, tem ajudado um movimento de resistência contra um imperador. É direta desse jeito e tudo o que você precisa saber para começar a jogar. Na primeira área Reyanardo toma uma decisão errada e faz com que um personagem seja morto. “Se eu pudesse fazer algo diferente”, disse ele na cinemática.
Fazer algo diferente, isso é o que sustenta Stories: The Path of Destinies do começo ao fim. Em cada fase o jogador deve decidir que caminho escolher e viver com as consequências. Não falo somente daquela decisão que irá afetar após horas de jogo, é uma mudança imediata, é como tecer a sua própria história em um livro cujas páginas apenas indicam os próximos passos a serem seguidos.
Cada partida gira em torno de quarenta minutos a uma hora, mas para liberar o “verdadeiro final” por assim dizer, pode contabilizar mais de oito horas ou dez horas. A chave para o segredo é explorar cada decisão e caminho a ser percorrido.
Na segunda missão passei por uma porta fechada que requeria uma das quatro espadas especiais que podem ser criadas com materiais obtidos nas fases. “Hmpf, como eles esperam que eu faça isso tão cedo?”, pensei. É aí é que está a beleza da coisa. Volte naquela área para a conhecer mais da história, destravar novos equipamentos e habilidades. Motivação na medida certa para conhecer mais do mapa, que acerta no balanço entre linearidade e alguns segredos que apenas os mais atenciosos irão perceber.
Algumas das minhas decisões resultaram em um final abrupto, sem sentido ou apressado? Sim, pois fui traído por meus companheiros, vi que as decisões que tomei resultaram em uma série de acontecimentos que me fizeram ser dominado pelo imperador. Foi um pequeno baque, afinal já tinha me acostumado a um jogo prosseguir sem que alguma decisão impactasse a esse ponto.
Nada dessa história de “o jogo continua independente da decisão”, o que acho uma atitude interessante dos desenvolvedores. Não se trata de ter escolhido algo “errado” ou “certo”, afinal sempre serão termos subjetivos, mas o que achou melhor para aquele momento. Dizer, porém, que a história é sensacional é um pouco demais. Carismática, mas não vai mudar a sua vida. Pelo menos é mais memorável do que o combate.
Criado com um aspecto que atende mais o timing do que “aperte um botão repetidamente para vencer”, esse sistema muito visto na série Arkham de Batman e Sleeping Dogs, é o básico em Stories: The Path of Destinies. Ande um pouco, lute em uma arena fechada com os monstros e siga para a próxima. Graças a curta duração de cada “jornada”, ele nunca chegou a ser repetitivo, porém tinha tudo para.
Não há muita variedade de inimigos e golpes. O sistema de progressão do personagem é desinteressante e, salvo uma ou outra habilidade, nunca senti que havia uma diferença impactante nele. As espadas adicionais dão um pouco mais de “sabor” com ataques únicos e poderes como cura ou causar um dano em área. Isso já me bastou para gastar algumas horinhas na busca de materiais para melhorá-las.
Falar que Stories é um estilo de jogo que eu me dou muito bem é uma grande mentira. Normalmente passo longe deles, não pela história, mas apenas por não ser algo que eu busco em jogos. Porém, a estética e ambientação do game são tão agradáveis que não tem como não ficar encantado. Os personagens são carismáticos, a fala é engraçada na medida certa e nunca testa a sua inteligência. Algumas piadinhas não funcionam, mas dos males o menor.
Talvez a minha maior “birra” com ele é justamente o esquema de controle para quem optar por jogar no teclado e mouse. Além de ser confuso, há um certo delay entre apertar a tecla e a ação na tela. Felizmente para por aí os problemas técnicos, não há muitas opções para personalizar os gráficos. A estética modesta faz com que até computadores menos potentes não tenham de se preocupar em perder a tão estimada “fidelidade gráfica”, que no fundo faz pouca diferença em um game como esse.
Stories: The Path of Destinies é um daqueles jogos para quem quer dar uma relaxada ou jogar com os filhos. É simples e você tem motivação o suficiente para encontrar novos caminhos e conhecer a verdadeira história. Jogue uma hora, faça uma linha da trama, volte para uma próxima mais tarde. E, ah, não confie em todos que cruzarem seu caminho, ok?
A análise foi feita com base em uma cópia para PC fornecida pela SpearHead Games
Stories: The Path of Destinies
Total - 7.5
7.5
O enfoque na narrativa e motivações para jogar mais de uma vez são o que desviam os olhos do combate quase que repetitivo e um sistema de progressão de personagem fraco. Stories: The Path of Destinies é simples, divertido e uma ótima opção para quem não quer viver apenas de jogos ultrarrealistas ou quer algo bem relaxante para o final de semana.