Se 2014 foi um ótimo para RPGs ocidentais, 2015 se firma como um dos melhores para quem gosta de RPGs japoneses. Primeiro com Disgaea 5 e agora com o RPG tático Stella Glow, o mais novo e último jogo da finada Imagepooch. Ele está à venda no Nintendo 3DS eShop a partir de US$ 49,99.
O RPG começa de maneira lenta, no vilarejo de Mithra, onde o protagonista Alto mora com Lisette e sua mãe. O vilarejo, situado no reino de Regnant, vem de um mundo onde não há música, banida pelos deuses pela a arrogância do homem. É na floresta nos arredores de Mithra que Alto encontra Hilda, a vilã da história e uma das poucas bruxas ainda capazes de cantar. A partir desse momento Alto e Lisette vão à captial para se juntar ao novo regimento dos cavaleiros de Regnant e desencadeia a história de Stella Glow.
Não é uma história particularmente original, recheada de estereótipos de anime e com reviravoltas previsíveis. No entanto, os personagens são muito carismáticos e o ritmo que ela se desenrola são agradáveis a ponto de tais problemas passarem despercebidos. Acaba que a história, para a minha surpresa, é um dos pontos altos de Stella Glow. Queria apenas que houvesse um pouco menos de “fanservice”, principalmente as roupas um pouco “sexy” demais de alguns personagens. Mas, não é algo que chegou a incomodar.
É muito difícil falar de Stella Glow sem lembrar de Luminous Arc, a série de ótimos RPGs táticos desenvolvido pela Imagepooch para o Nintendo DS. Os sistemas de combate de ambos os games são relativamente parecidos, com Stella Glow ganhando de disparada na apresentação, acessibilidade, mas perdendo na complexidade.
RPGs táticos são pouco amigáveis para quem começa no gênero. Pequenos detalhes nas mecânicas, uma enormidade de classes, itens, enfim…uma enormidade de coisas que você tem de verificar antes de ir para uma batalha. Surpreendentemente Stella Glow faz com que isso seja fácil e até mesmo divertido de aprender.
O primeiro passo é o simpático tutorial, onde explica as principais mecânicas enquanto desenrola a história e apresenta os principais personagens. A interface é simplesmente soberba. Todas as informações cruciais – como turno de unidades e status – ficam dispostas de maneira simples na tela.
Assim como em Luminous Arc ou Disgaea, a posição na qual o personagem fica após o final do turno tem grande impacto nas ações dos inimigos. Ataques laterais ou traseiros aumentam o dano, magias e habilidades são de grande ajuda contra chefões.
O combate em si não me cativou muito, principalmente por ser raso demais no quesito tático, ainda mais quando comparado com outros do gênero. Eu sabia o que fazer no início de cada batalha e a janela para surpresas diminuía a cada hora de jogo.
De maneira geral, é um jogo relativamente fácil, o que não ajuda nas mais de 30 horas de duração. A inteligência artificial é desnecessariamente passiva, prefere esperar ações do jogador para atacar, e não faz um bom uso do espaço para ataques oportunos. Não que não existam elementos interessantes, como usar o sistema de experiência.
O personagem que der o golpe final no inimigo terá um ganho considerável de experiência, caso aumente de nível ele terá seus pontos de vida e magia recuperados. Isso se torna de grande importância em certas batalhas, já que pode ser usado como elemento tático para recuperar aquela unidade que recebeu um considerável dano e fazer com que ela continue no combate. Mas, basta um erro e todo o plano vai por agua abaixo. É um interessante exemplo de uma mecânica de “Risco vs recompensa” que cai muito bem em certas batalhas de Stella Glow.
São raros os casos onde eu priorizo gráficos sobre a jogabilidade, mas Stella Glow consegue me cativar tanto com a estética e as animações que fazem com que o sistema de combate não pareça tão repetitivo. Junte isto a uma simpática trilha sonora – principalmente a música de exploração no mapa-múndi – e já tem alguns bons motivos para que eu não pare de jogá-lo.
Na mesma proporção que Stella Glow nunca sai do “competente” quando o assunto é jogabilidade, a estética, história e principalmente a música são os grandes atrativos. É um RPG que mostra a habilidade da Imagepooch de criar mundos envolventes e personagens engraçados. Uma pena que a sua história tenha chegado ao fim, vai fazer falta.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus