Eu adoro jogos rítmicos / jogos musicais. Perdi horas em Dj Max, Rock Band, Guitar Hero e Beatmania. A partir do momento que se une isto a uma das minhas séries favoritas, Persona, o anúncio de Persona 4: Dancing All Night me fez pular de alegria desde o primeiro trailer.
Persona 4: Dancing All Night reúne o elenco de Persona 4 para desvendar o desaparecimento dos integrantes da banda comandada pela cantora Rise. De que maneira? Dançando no chamado Midnight Stage, um reino dominado pelas sombras que só podem ser derrotados por meio da música. Sim, estou completamente ciente que isso soa ridículo, mas é a realidade. Dentro dessa temática estranha, surge uma história da criação de laços de amizade, aceitação de quem você é de verdade e como uns se veem aos outros. Tema recorrente da série, que novamente foi bem explorado dentro do grupo de jovens.
Como se já espera de um jogo como Persona, pode se preparar para ler muito. Mesmo sendo um jogo rítmico, as cinemáticas e narrativa são consideravelmente longas, ao ponto de durar trinta a trinta e cinco minutos de conversas entre cada música. O que não vejo de todo mal, afinal gosto dos personagens ali, mas para quem não tem muito conhecimento do que se trata Persona 4, pode não pegar algumas referências, mas nada que justifique jogar um RPG com mais de 80 horas. A trama demora um tanto para começar a se tornar interessante, mas quando menos perceber já estará no palco do Midnight Stage dançando aos sons da trilha sonora de Persona.
A jogabilidade no geral é simples. Com o uso de até seis botões, você deve apertá-los no tempo correto que os círculos alcançarem seus ícones. Em momentos você deverá segurar dois botões por um curto período de tempo ou apertá-los ao mesmo tempo. Fora os botões, duas ações requerem o uso do analógico: Scratch e Fever. Scratch aumenta a sua pontuação e consequentemente o combo. Já o Fever Mode adiciona um segundo personagem a música e melhora o espetáculo. Tudo isso é apresentado em uma interface limpa e não intrusiva.
Tecnicamente o jogo faz bom proveito do poderio do vita para demonstrar um visual limpo e sem quedas na taxa de quadros. Como sempre a arte de Persona se destaca, os personagens estão cheios de vida, expressões faciais e obviamente muitos estilos de dança diferentes de acordo com a música ao fundo.
As músicas são cativantes, divertidas de se jogar e toda a animação que ocorre ao fundo é agradável de se ver. Uma pena não poder dizer o mesmo para a dificuldade. Em boa parte da história ela se mantém baixa até demais para que eu sequer considerasse um desafio, para apenas do nada ficar empacado em duas ou três músicas mais complexas.
Se você tem alguma experiência prévia em jogos rítmicos, terminará o modo história com o pé nas costas. Isso não significa que obterá a pontuação máxima de cara, algumas músicas têm combos de mais de 400 notas. Até a publicação desse texto, só havia conseguido isso em quatro. Os mais perfeccionistas precisarão de horas e mais horas de treinamento para dominá-las.
Fora do modo história, existe o Free Dance Mode, onde você pode treinar as músicas liberadas ao progredir na trama ou destravar algumas para o modo. A quantidade em si é considerável, com 30 músicas que vão de remixes de clássicos de Persona a trilhas criadas especificamente para Persona 4: Dancing All Night. Ouvir novamente as músicas criadas por Shoji Meguro, como a sempre excelente “Heartbreak, Heartbreak”, com uma batida agora ainda mais animada trouxe boas lembranças.
De acordo com a pontuação obtida, você pode liberar novas roupas, parceiros de dança ou acessórios para os protagonistas. Assim como outros jogos rítmicos, ele usa um sistema bizarro e confuso que não deixa claro ao jogador o que deve ser feito para obter acessórios. Ao completar uma música com pontuação alta, não ganhava nada, enquanto outras vezes uma nota mais baixa permitia com que eu comprasse acessórios novos.
Depois de muitas horas de jogo, me peguei pensando se gostei de Persona 4: Dancing All Night por ser simplesmente bom, ou apenas por ser fã de Persona. Em comparação com outros games do gênero, confesso que o conteúdo decepciona um bocado. Das roupas alternativas a história sem sentido, músicas um pouco fáceis demais, tudo havia sido feito de maneira mais interessante em outros títulos, mas Persona não queria ser esses títulos.
Persona 4: Dancing All Night irá cativar qualquer fã da franquia, seja com seu estilo exagerado, o toque “humano” da história ou a explosão de carisma que é ver Teddy Roubar a cena mais uma vez. Mesmo que não seja, ainda é um competente jogo de música e uma ótima adição a sua biblioteca do PlayStation VITA.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus