“Com esse botão você pula, esse você ataca. Pronto, agora se matem e vence quem chegar no outro lado do mapa”. Descrever Nidhogg para quem nunca jogou é mais simples do que fazer miojo. Dois jogadores, um campo de batalha e intensidade do começo ao fim. Se em time que está ganhando não se mexe, Nidhogg 2 é um exemplo perfeito disto.
Superficialmente é o Nidhogg que conheço e amo. Um jogo que eu posso mostrar para qualquer pessoa e ela vai entender a base da jogabilidade em instantes. Ao mesmo tempo, a variedade de equipamentos e mapas da sequência adiciona um grau de profundidade que dominá-los o torna ainda mais atrativo.
Não subestime a adição de três novas armas para o repertório como algo que pode ser deixado de lado. Além da tradicional esgrima há uma adaga, uma espada longa e um arco e flecha. Entender posicionamento no mapa vira uma habilidade quase que essencial. Uma espada longa, por exemplo, é capaz arrancar a espada da mão do adversário com um golpe, flechas podem ser rebatidas com uma tomada de decisão crucial em alterar a altura da espada e adagas — apesar do alcance ridiculamente baixo — atravessam o mapa com mais agilidade do que qualquer outra arma.
Se antes ignorava como e quando eu atacava o inimigo (já deu para perceber que estou longe de ser o melhor jogador de Nihogg, né?), agora eu tomo um cuidado redobrado. Desta vez existem novas variáveis que tem de ser levadas em consideração, uma análise mais interessante do cenário deve ser feita antes de tomar uma decisão.
Tanto por minha parte como a do meu inimigo havia uma hesitação, um breve silêncio, aquele momento antes de tudo se transformar em caos. A excelente trilha sonora toca ao fundo e eu tentava decifrar os passos, a posição da arma, encontrar uma abertura, uma chance. Assim que o primeiro golpe é desferido é que Nidhogg 2 sucumbe ao completo caos.
Um rola para lá, outro rola para cá, eu tento desesperadamente pegar uma das armas jogadas no chão, quando não conseguia chutava e pisava a cabeça do meu oponente até a morte. Sangue caricaturado espirrava, escorria pelo cenário. É maravilhoso como uma partida de Nidhogg pode durar um minuto ou cinco minutos. Um choque de adrenalina que pode ser sentido por qualquer um sem ter de passar por um longo período de aprendizado ou aprender semânticas.
Mesmo assim, quanto mais tempo gasto nas partidas, mais é notável a profundidade da sequência. Há um maior uso de plataformas, perfeitas para impedir o avanço para a próxima tela, usar como pontos de vantagem caso esteja equipado com um arco e flecha. Ele dá essa oportunidade ao jogador de se sentir recompensado por ter descoberto uma nova tática pelo acaso, sem alarde e muito menos sem pedir para que ele tenha de recorrer a guias.
É essa mistura de caos, adrenalina, o aprendizado em conjunto e a rapidez das partidas que o faz um candidato perfeito para longas sessões na frente do computador ou do console. Modificadores como baixa gravidade, limitações para armas — ou colocar apenas esgrimas ao estilo do primeiro Nidhogg — e um competente sistema de torneios são a cereja no topo do bolo para aumentar a diversidade.
Infelizmente a decisão de tornar o jogo ainda mais amigável para partidas contra outras pessoas resulta em novamente um conteúdo para “um jogador” demasiadamente anêmico. Um modo “arcade” que pode ser completado em minutos, mas serve ao menos para entender as variações entre mapas. Queria que ao menos o modo versus tivesse a opção de usar uma IA para treinar, nem que fosse para quando meus amigos não estivessem online. Parece que é pedir um pouco demais.
Falando em mapas, pode dizer o que quiser da arte dos personagens, que eles são coadjuvantes rejeitados do Simpsons, terríveis, etc, mas os mapas são de uma qualidade inigualável. Ainda mais se levar em conta que a Messhof sempre trabalhou com uma estética minimalista, vide Flywrench, o próprio primeiro Nidhogg e Sratch Race.
Não somente belos, eles são a espinha dorsal para fazer com que a maior quantidade de armas tenha ainda mais impacto. Cada mapa segue uma temática específica e pode ou não ter armadilhas. Meu favorito dos novos é Winter, que conta com pequenos icebergs e assim que dois jogadores pulam nele, começam a flutuar intensamente e viram desafios de como acertar o pulo ou se esquivar sem ser esfaqueados.
Mas no fundo, eu sou alguém que opta mais por partidas online do que ter o tempo, e a disponibilidade, de conseguir juntar oito pessoas para um torneio de Nidhogg. Felizmente a sequência leva embora o gosto amargo de problemas de conectividade. É só pular no matchmaking que tudo funciona suave como seda.
Independentemente de localmente ou online, entre gastar meu tempo com jogos que me pediam uma boa dose de atenção e ainda horas de narrativas ou uma partida frenética de Nidhogg 2, eu escolhia sempre a segunda opção.
É justamente este estilo de jogo que faz com que jogos mais diretos permaneçam no meu computador, e consequentemente na minha vida, do que épicos de 2000 horas com 32 elementos de crafting e um mundo open world. Vide Fortnite, que joguei recentemente e tinha tanta coisa para me preocupar que o simples ato de defender uma base era uma tarefa herculana. Céus, as vezes eu só quero sentar e relaxar.
Como aconteceu com Nex Machina da Housemarque, que virou o meu porto seguro para competir com outras pessoas para ver quem faz a melhor pontuação no mapa, Nidhogg 2 preenche o espaço de um jogo de luta que eu posso jogar com qualquer um.
Seja optando pelas regras clássicas do primeiro game, se deliciando com as novas armas ou decifrando como usar os mapas para a sua vantagem, uma coisa é clara: a base da jogabilidade de Nidhogg 2 é tão boa quanto há três anos atrás. Uma sequência que sabe o que evoluir sem perder a essência.
A análise foi feita com base na versão PC enviada pela Messhof.
Nidhogg 2
Total - 9
9
Nidhogg 2 evolui as áreas necessárias para continuar a ser um game competitivo sem cair na armadilha da complexidade. Tão frenético quanto antes e um imenso deleite de se jogar seja online ou com amigos. Só não espere muito conteúdo para quem quer jogar sozinho.