Com A-ha – Take on Me tocando no fundo, Venom Snake subia mais uma vez em um helicóptero para a próxima missão. Qual ela seria? Ainda não sabia, mas eu tinha certeza que seria divertida. Essa era foi a minha sensação pelas mais de 60 horas que gastei em Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Ele está disponível para PlayStation 3 / PlayStation 4 / Xbox 360 / Xbox One e PC.
A trama se passa nove anos após os acontecimentos de Ground Zeroes, quando Big Boss acorda de um coma e é perseguido pelo vilão Skull Face. Enquanto Metal Gear Solid 2,3 e 4 se focavam pesado na história, esta ficou menos evidente em Phantom Pain. Não que eu veja isso como algo negativo, a partir do momento que o que restou fosse suficiente, o que não é o caso.
O que é passado por meio de cinemáticas é consideravelmente superficial, enquanto o grosso da história continua escondido atrás de fitas cassetes, uma alternativa para os Codecs. Muitos reclamavam que os diálogos dos Codecs quebravam com o ritmo do jogo. Parecia que Metal Gear Solid era mais história do que diversão. Independentemente da maneira que é passado, as fitas são longas e ainda vão dar uma “quebra” nesse ritmo. Preferia parar e ouvi-las no helicóptero do que em uma missão, por exemplo.
Enquanto o enredo não me faz cair de amores, o desenvolvimento de certos personagens é importantíssimo para o grande arco de Metal Gear Solid. Principalmente Kaz Miller e Revolver Ocelot. A surpresa, porém, fica para Quiet. Sem falar uma única palavra, ela consegue ser umas das personagens mais intrigantes de The Phantom Pain. Uma pena que devido a certas decisões no design da personagem, ela ficará mais conhecida pela controvérsia que irá gerar do que outra coisa.
O poder da Fox Engine
The Phantom Pain é o segundo jogo da Konami a usar a Fox Engine. Mais uma vez a atenção aos detalhes impressiona. A versão PC, usada para essa análise, oferece vasta seleção de opções e consegue ser bonito até mesmo em configurações mais fracas. O destaque ficou para a iluminação “natural” que foi implementada e os efeitos climáticos.
Em cada mapa, efeitos, como tempestades de areia ou chuva, acontecem aleatoriamente. Além de alterarem a jogabilidade, são belíssimos. Uma das primeiras missões no continente Africano se passa de baixo de grande chuva. Optei por avançar o tempo para invadir a noite. A maneira que a chuva altera o cenário, a iluminação, todo o ambiente impressiona e bastante.
Novas mecânicas para uma nova geração
Falo sem sombra de dúvidas que Metal Gear Solid V é um dos melhores jogos da franquia quando se trata de jogabilidade. A adição de um mundo aberto e novas maneiras de alcançar um objetivo são os principais destaques.
Quanto ao mundo aberto, passa longe de ser meu favorito, porém consegue cumprir seu propósito. Ele, infelizmente, é muito “estático” no sentido de que, fora as missões principais ou secundárias, não há muito o que fazer neles. Ambos os mapas principais (Afeganistão e África) são descritos como grandes zonas de conflito, principalmente os Mujihadeen e o exército soviético no Afeganistão. Ainda assim, não vemos nada disso, apenas Snake infiltrando-se em locais sem vida.
Fora das missões, Metal Gear Solid V retorna com a mecânica da Mother Base, vista previamente em Peace Walker. Ela é usada para gerenciar os soldados obtidos com o fulton – um balão que ao ser preso em objetos ou inimigos os leva de volta para a mother base – para serem alocados na pesquisa de novos equipamentos e refinamento de materiais.
Gerenciá-la dessa vez está mais rápido do que em Peace Walker, apesar de que visitá-la mostra o mesmo problema das áreas do mapa. Simplesmente não há o que fazer. Você pode andar, pegar um jeep, bater em alguns soldados e ver algumas cenas exclusivas. Fora isso, o jogo não te dá motivos o suficiente para navegar pela Mother Base. Confesso, porém, que resgatar soldados com o Fulton é uma das coisas mais divertidas a se fazer em Metal Gear Solid V, junto com o desenvolvimento de novas armas.
Fora isso, Metal Gear Solid V adiciona um componente online, as Foward Operating Bases ou FOBS. Estas não foram testadas para a análise devido a instabilidades constantes nos servidores. Estas, que prejudicaram também o carregamento de certos menus no modo de um jogador. O segundo componente, Metal Gear Online, será lançado ainda este ano para consoles e em 2016 no PC.
Mesmo com a história fraca, os problemas do open world, eu queria, eu precisava de mais e mais missões. Fossem elas principais ou secundárias. Quando todas as peças estão em seus devidos lugares, The Phantom Pain é um deleite de ser jogado.
Existem inúmeras maneiras de se alcançar um objetivo, eliminar inimigos ou recuperar itens. Algumas missões eu optava por uma aproximação mais furtiva, com dardos tranquilizantes e ao usar o Fulton para levar os soldados para a Mother Base. Em outras eu decidia que era simplesmente mais fácil pedir suporte a helicópteros e bombardeios enquanto ficava a distância com uma metralhadora.
De acordo com a maneira que completar as missões, o jogo tentará contrabalancear com as suas próprias táticas. Usar muitas granadas fará com que os soldados comecem a utilizar armadura pesada ou escudos. Câmeras de vigilância serão instaladas ou snipers serão posicionados pela região e por aí vai.
Graças a isso, mesmo quando os objetivos podem parecer similares, sempre existia espaço para experimentação ou ideias mirabolantes. Afinal, em qual outro jogo um cocô de cavalo faria com que carros derrapassem?
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain comete muitos deslizes ao longo das mais de 60 horas de jogo, mais do que eu gostaria. A adição de uma história melhor desenvolvida, um mundo aberto mais interessante de ser explorado seria bem vindo. Mas, no fundo, ainda é extremamente competente no quesito jogabilidade e um dos melhores jogos desse ano. Seja você fã ou não de Metal Gear Solid, merece ser jogado.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Konami