O que você faria se tivesse de escalar uma torre com outras onze pessoas, sendo que algumas delas são traidores e querem te matar? Essa é a premissa de Lost Dimension, RPG tático desenvolvido pela Lancarse e distribuído pela Atlus para o PlayStation 3 e o PlayStation VITA.
A história é simples e direta. Você faz parte de um grupo chamado S.E.A.L.E.D. Presos em uma torre misteriosa, você deverá acabar com o vilão The End. Para isso, deve subir até o topo, já que ele supostamente vive em uma “dimensão paralela” e não há como mata-lo de métodos tradicionais.
Lost Dimension mostra uma estrutura padrão de RPGs de estratégia. Em cada andar você deve fazer uma série de batalhas para que avance na história. Nada espetacular, mas a interação com outros personagens e o sistema de traidores foram o foco da Lancarse.
Em cada novo andar, você deve sacrificar um dos personagens para avançar. Alguns desses onze personagens serão traidores. Como descobrir? Conversando com eles. Lost Dimension usa um sistema parecido com os sociais links de Persona ou da série Fire Emblem. Ao dialogar com os outros integrantes do grupo, a afinidade do jogador aumenta. Isso libera novas habilidades de ataque e uma maior chance de que aquele personagem te ajude em batalha.
O sistema não é tão elaborado quanto os jogos citados anteriormente. Carece de algo que motivasse. Conhecer um pouco da história de cada personagem secundário nem sempre está na minha lista de prioridades em um RPG. Em conjunto, nenhum deles me pareceu particularmente interessante. Algumas cenas são engraçadas, enquanto outras são levadas a sério demais.
Os bônus em assist foram bem-vindos, principalmente nas áreas finais, porém a maior utilidade para o sistema é encontrar quem é o traidor. É uma tentativa fraca de fazer com que o jogador se importe, crie um elo entre o personagem e o traidor. Há inconsistência entre os personagens, uns receberam maior atenção enquanto outros mostram uma história rasa e pouco inspirada.
Por ser relativamente curto – de 20 a 30 horas – a história mantém um ritmo que nunca me fazia sentir que perdia tempo ao jogar. Um problema que é muito comum em RPGs japoneses. O melhor final, ou o tecnicamente “verdadeiro” só é disponibilizado assim que maximizar as ligações sociais com alguns personagens. Não é um sistema que me agradou, sendo assim não cogitei retornar e fazer as mesmas áreas novamente.
O combate pega muitas ideias de Valkyria Chronicles e outros títulos cujo sistema de movimentação é livre e não por quadrados ou hexágonos. Cada personagem tem liberdade de andar para qualquer parte do mapa e atacar os inimigos. Posicionamento é essencial para garantir assistências na hora de desferir ataques
Cada personagem tem o seu arsenal de magias, ataques e peculiaridades. Alguns podem adicionar um turno extra, curar ou queimar os inimigos. Cada personagem tem uma barra de stamina. Ao chegar a 0, ele ficará atordoado por um turno. Aprender a usar isso é essencial para maximizar o dano e garantir que os inimigos mais fortes não consigam te atacar ao ponto de eliminar um dos personagens em campo.
Há variedade, mas não profundidade táticas. As batalhas se assemelham demais umas às outras. Aprenda a abusar do sistema de stamina, posicione os personagens para a maior quantidade de assistências e fim. Ao longo dos andares o jogo começa a ficar mais difícil, nunca em um ponto onde eu senti que o jogo começou a “roubar” ou torna-las propositalmente desfavoráveis para mim.
Esse é um dos maiores defeitos de Lost Dimension, ele me deixa com a sensação de “É bom, porém poderia ser melhor”. Parece que todo o potencial dele nunca conseguiu ser usado ao máximo. Eu nunca me senti entediado, já que muitas das batalhas eram rápidas e como apontado – a história se desenrola em ritmo agradável.
Dentre a versão PlayStation 3 ou PlayStation VITA, recomendo jogar no portátil da Sony. Não apenas pelos gráficos – que estão em melhor qualidade e menos problemas na taxa de quadros – Lost Dimension é um bom jogo para ser jogado em curtas sessões. Caso jogue em demasia, vai se cansar rápido devido a repetição do combate. Tentei começar no PlayStation 3, mas ele não parece se encaixar direito com a proposta do console.
Lost Dimension é um jogo bom, apenas isso. Bom. Ele não faz nada de inovador, o sistema de Social Links é interessante, mas nunca se desenvolve o suficiente para que sentisse vontade de dar a devida atenção. Um combate simples e uma duração razoável faz com que ele se torne uma ótima escolha para o VITA, nem tanto para o PlayStation 3.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus