Há muitos anos, quase na virada do milênio, uma empresa chamada Relic criaria o que muitos considerariam um dos melhores títulos de estratégia espacial, Homeworld. Após anos desaparecido, longe dos sistemas de distribuição digital como o Steam, ele volta melhor do que nunca em Homeworld Remastered Collection.
A história de Homeworld começa com os Kushan descobrindo a capacidade de atingir a velocidade da luz e com isso causando a quebra de um tratado intergaláctico entre espécies.
O mais interessante da campanha de Homeworld é como o jogo não te faz sentir em uma campanha. Muitos títulos de estratégia oferecem um mapa central, mudanças entre fases, elementos que te removem da imersão, não em Homeworld. Eu comecei a jogar a primeira missão e quando vi já estava na sétima e nem notei.
A trama te prende, você não vê as horas passarem e o desafio vai aumentando exponencialmente. No total são mais de 30 missões onde você não verá nem que existem.
Quando lançado, Homeworld não era um título fácil de ser aprendido e aproveitado. a remasterização conserta parte desses problemas graças a nova interface. Como apontado antes, agora está mais fácil de construir naves, pesquisá-las e enviá-las para o combate. Só queria que pudesse reajustar o tamanho sem ter de usar as opções pré-definidas pela Gearbox. Algumas opções a tornavam pequena demais, outras grandes demais.
De qualquer forma a curva de aprendizado do mesmo ainda continua grande. Estamos acostumados com títulos de estratégia onde movemos as unidades apenas em um terreno, enquanto em Homeworld ele ocorre em um plano tridimensional. Você tem de estar atento a altitude das naves em comparação com os oponentes pois isso pode se tornar tanto uma vantagem como uma desvantagem.
Existem diversos comandos, nuances que podem afetar o combate. Uma formação mais agressiva em conjunto com o posicionamento das naves podem gerar uma vantagem a seu favor.
A campanha de Homeworld 1 tem muitos picos de dificuldade, se você não for cuidadoso, saber explorar os recursos de cada mapa antes de ir para o próximo, caso não o faça terá sérios problemas em fases posteriores. Uma delas me fez quase perder toda a frota e consequentemente a fase seguinte foi quase impossível de passar.
O uso de Scavenger Corvettes, naves que podem capturar unidades inimigas é essencial para avançar na campanha. Você não tem aquela tranquilidade de outros títulos onde pode construir o seu exército sem pressa. Você está no espaço, longe de seu planeta com raças alienígenas loucas pela sua destruição. A sensação de pressão, de desespero fica sempre presente e isso que me diverte em Homeworld Remastered.
Em Homeworld 2 as coisas melhoram consideravelmente, inclusive a história fica ainda mais interessante e a dificuldade não é tão impedosa. Como os dois agora rodam no mesmo motor gráfico você não verá o pulo de qualidade que vi quando os joguei.
O combate dele para os padrões de hoje em dia, com todos os MOBAs, Starcraft e por aí vai, é lento. Não espere batalhas emocionantes, o foco é no macro gerenciamento do que no micro.
Atualmente o título mais próximo que chegou a imitar o combate foi Sins of a Solar Empire, este, consideravelmente desconhecido a não ser para um nicho específico. Fica difícil recomendar para quem nunca jogou anteriormente, é um estilo que não vai cair no gosto de todos, principalmente de quem não viveu a época.
Para os veteranos, houveram sim mudanças no sistema de combate do primeiro Homeworld, já que incorporou algumas das mecânicas do segundo título. São mudanças pequenas, mas que farão diferença na hora da campanha. Por exemplo, o cálculo de dano das naves agora se baseia nos dados de Homeworld. A Gearbox também balanceou algumas naves que estavam um tanto quanto fortes, novamente não vejo como algo preocupante, já que não tirou o espírito de Homeworld.
De todos os Remasters que já joguei, é inegável que Homeworld Remastered foi o que recebeu o maior cuidado. Uma nova interface, novos efeitos gráficos, texturas de maior resolução e por aí vai. O desempenho também está ótimo, com grande possibilidade de ajustar de acordo com a máquina que tens.
O que mais gostei foram os novos efeitos de iluminação, como godrays e desfoque dinâmico. As batalhas ficam mais emocionantes de assistir de perto. Os cenários de fundo, que já eram belos, ficaram ainda mais nessa versão.
Convenhamos, Homeworld original não envelheceu muito bem, ainda mais a primeira versão de 1998. Homeworld Remastered também inclui os dois games clássicos e ao voltar para o original foi que pude ver o ótimo trabalho da Gearbox.
O único defeito foi mudar algumas músicas da trilha sonora que eram cruciais para a história, mas quem nunca jogou anteriormente não irá notar isso. Tendo em vista que Borderlands 1/2 não eram um primor no quesito configuração e desempenho no PC saí satisfeito. Dizer que não existem bugs seria um exagero, eles estão presentes mas nada preocupante. Alguns erros na iluminação e sombras
Homeworld Remastered é essencial para fãs de estratégia, é um clássico da Relic, que poucos jogos chegaram tão perto da diversão, campanha interessante e combate que ele oferece. Não vai fazer o gosto de todos, mas é uma relíquia dos anos 90 que foi trazida de volta à tona graças a um trabalho excepcional da Gearbox.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Gearbox