Por muitos anos havia riscado da minha lista os jogos da Codemasters, mais especificamente a franquia F1 e DiRT. Após me surpreenderem positivamente com DiRT Rally, agora é a vez de ver que F1 alcançar o mesmo feito. Ele está disponível para Xbox One, PlayStation 4 e PC a partir de R$ 105,99.
Escrever sobre um esporte automobilístico o qual você não acompanha regularmente, o que é basicamente a minha relação com qualquer um deles, é uma experiência interessante. Primeiro por adentrar um mundo o qual não tenho um vasto conhecimento, segundo por ver o quão capaz é o jogo de me ensinar mais sobre ele.
Sim, sim, como sempre (e todo o jogo da Codemasters nos últimos anos), ele tem um modo carreira. A empresa sempre foi ótima no quesito apresentação. Mas se eu fosse jogar corrida pela apresentação ou estética eu teria parado em Gran turismo (Nada contra, fãs do jogo, mas eu prefiro uma seleção de carros menor com mais qualidade do que um colecionador de carros). Dito isso, este talvez seja um dos poucos títulos da empresa que não te enfia goela abaixo vinte minutos de tutoriais sobre cada assunto antes mesmo de te questionar se você quer ou não.
Ciente da minha incapacidade capacidade nas pistas escolhi a equipe com menos expectativa possível de vencer a temporada e comecei a testar as diversas mecânicas do jogo. Aqui está um problema com jogos de corrida, não importa o quão sensacional seja a apresentação, a partir do momento que você me faz perder tempo ou fazer desafios que se tornam um trabalho, eu pulo fora. Ainda bem que isto raramente apareceu em F1 2016.
Você ainda retém um senso de progressão à medida que faz as sessões de prática e qualificação de cada pista. Cada uma delas com mini objetivos para ajudar a entender o layout da pista, pontos de frenagem e receber pontos de desenvolvimentos. Os pontos de desenvolvimento são usados para “melhorar” o carro ao longo da temporada, apesar que senti mais impacto a partir do momento em que comecei a ajustar o carro para cada pista. E acredite, isto toma muito, mas muito tempo.
Completar as missões — que iam de atingir uma posição específica na qualificação a seguir uma linha em cada setor — não me parecia forçado, apenas um aspecto do jogo que se interligava a outro de maneira natural. Quando ficava cansado podia apenas acelerar o tempo, ir para a fase de qualificação e a tão esperada corrida.
A adição de uma partida manual com o uso de embreagem F1 2016 foi uma interessante decisão do ponto de vista da jogabilidade. Tais mecânicas normalmente ficam restritas aos simuladores ou semi-simuladores. No controle não tive problemas em usá-la, mas por algum motivo a versão PC não detectava a embreagem do meu G27 como bem… uma embreagem. Ficar restrito a um botão e manter o RPM no ponto certo não é muito bem o que eu planejava, mas deu para o gasto.
Apesar de ter me esforçado consideravelmente para gostar de F1 2015, a IA e os controles do jogo eram insuportáveis. Gastei mais tempo do que deveria tentando achar uma sensibilidade correta para o volante ou para o controle apenas para ter a sensação de que eu não tinha controle algum do carro. Na sequência isto mudou completamente.
Para quem joga no volante, definitivamente não será a melhor experiência de force feedback disponível, entretanto é decente o suficiente para você ter noção de quando está prestes a perder o controle do carro, que você errou o ponto de frenagem, o Apex ou que entrou um pouco demais na zebra. Até tentei me aventurar no controle, longe de ser a minha preferência e mesmo com as assistências desligadas ou ativadas no médio a resposta do carro aos comandos é indescritivelmente melhor.
A partir do momento em que eu não me irrito com controles, todo o resto flui com naturalidade. Minha interação com a equipe para a situação da pista, condições climáticas, pedidos de pit-stop não eram interrompidos devido a uma falha no reconhecimento de áudio ou desatenções ao tentar fazer uma curva.
A única interrupção do meu momento de felicidade, como você já pode imaginar, era a inteligência artificial. Disto tiro duas teorias: a primeira é que ela não foi completamente ajustada para cada pista e a segunda é que o Alonso realmente me detesta.
No GP da Austrália a IA sabia quando permitir passagem ou me cortar para que não ganhasse uma posição. Três corridas depois e eles completamente ignoravam a minha existência e se chocavam contra o carro. Mais duas corridas e tudo voltava ao normal. Eu sinceramente não consigo achar uma explicação plausível para tamanha discrepância de qualidade, ainda mais quando isso impactava o resto da corrida de forma que ou era forçado a usar os flashbacks — que permitem você “rebobinar” antes do ponto da batida — ou ser desqualificado dela.
Quando fiquei cansado de me frustrar com a IA decidi partir para o modo online, o que me fez perceber o quão bom a IA realmente é. Não me leve a mal, eu aprecio a Codemasters ter adicionado suporte a 22 pilotos por corrida, minha experiência frustrante com o online não veio do netcode ou problemas de conexão, mas dos jogadores em si. Tecnicamente impecável, eu tive o azar de entrar em todas as salas que o modo “carrinhos de bate-bate” estava habilitado, poucas vezes presenciei uma comunidade tão insuportável quanto a de F1 2016.
Problemas a parte com a comunidade, o suporte a campeonatos online permite o crescimento de ligas privadas dentro do jogo, algo que carecia e que fez com que a Codemasters ficasse muito atrás de outros games do mercado. Não é uma daquelas funcionalidades que usaria constantemente, mas sabia da necessidade para a criação de um maior senso de companheirismo, competitividade e acima de tudo de ter a chance de participar de partidas (no momento que me sobrar tempo) com pessoas que não as jogam como se fosse Mario Kart.
Se você for como eu, que prefere seus games de corrida levados a sério, F1 2016 não vai te fazer largar Assetto Corsa, iRacing, Rfactor, dentre outros gigantes do mercado. Tampouco é o objetivo da Codemasters fazer isso, mas a capacidade que teve de preencher a lacuna entre os games completamente arcade para os simuladores, primeiro com DiRT Rally e agora com F1 2016 é definitivamente bem-vindo.
É sempre bom ver uma desenvolvedora que já esteve no topo se reerguer de novo. Que F1 2016 não seja uma exceção e que volte a ser a regra. Também espero que o Alonso pare de me odiar, mas isso eu creio que não vai acontecer.
F1 2016
Total - 8
8
Após anos de lançamentos medianos, F1 2016 volta com uma ótima jogabilidade, conectividade melhorada no multiplayer e um modo carreira divertido. A inteligência artificial tem lá os seus problemas, mas não deixe que isto ofusque o brilho de um dos melhores jogos lançados recentemente pela Codemasters.