Entra ano, sai ano e Europa Universalis IV recebe mais conteúdo. Não foi diferente com Cossacks, mas só que dessa vez ao invés de fazer um dos meus jogos de estratégia favoritos brilhar ainda mais, fez justamente o contrário. Ele está disponível no Steam, Nuuvem e no site da Paradox a partir de R$ 36,99.
Assim como a última expansão, Common Sense, Cossacks chega com o propósito de fortalecer para os aspectos internos e diplomáticos de um país. Para um jogo cujo elemento principal é a conquista de territórios, a diplomacia sempre foi muito deixada de lado. Cossacks melhora isso, mas não torna uma experiência tão profunda como Victoria II, o que não me surpreende.
A primeira função é o Diplomatic Feedback, onde agora você pode definir províncias de interesse, postura perante outros países e ganhar favores. A curto prazo me parecia um sistema pouco desenvolvido, coisa que foi melhorando ao longo de uma das minhas partidas.
Agora posso definir minhas atitudes como hostis ou cautelosas com um país que eu quero ou não conquistar. Ao jogar com a Inglaterra, defini uma atitude hostil contra países menores, assim se tornando mais fácil tomar terra deles por meio de ameaças de guerra. Há pequenas alterações na forma que países entram em guerra junto a você como aliados. Quanto mais favores eles te deverem, mais chances de participarem. No papel parecia que funcionava, enquanto na prática eu não vi uma diferença concreta. Quase todos acabavam por participar independentemente da quantidade de favores que me deviam.
Parte do meu interesse por Europa Universalis vem da visualização de dados e de como é interessante pintar aquele mapinha com a movimentação certa de tropas, diplomacia ou espionagem. Junto com esse sistema de Diplomatic Feedback, você pode aplicar filtros no mapa quais províncias são de interesse ao inimigo, assim se torna mais fácil se preparar para uma possível guerra. Apesar de todo meu preparo, boa parte das guerras aconteceram de disputas internas graças a adição dos Estates.
Estates é uma tentativa, ainda que superficial, de solucionar a falta de políticas internas de Europa Universalis IV. Dentro de cada país existe duas ou mais grupos que brigam pelo controle de províncias e cabe ao jogador, no caso eu, deixá-los contentes e com bastante terra para administrar. Cada um deles oferece bônus e ações especiais. O clero, por exemplo, pode doar alguns Ducats à corte em troca de um pouco mais de autonomia nas províncias e uma redução temporária na lealdade.
Cada uma dessas facções possui um fator de influência, que ao atingir mais de 80%, pode tentar usurpar o trono do jogador. A ideia é muito boa, afinal, mais uma mecânica para interagirmos e tornar o metagame de Europa Universalis IV mais dinâmico. Porém, ela se torna mais uma coisa para cansar e irritar do que o planejado.
Não importava o que eu fizesse, praticamente todos os grupos estavam descontentes comigo. Algumas vezes eventos reduziam a lealdade ou aumentavam a influência. Agora, eventos que reduziam a influência eram escassos.
Existem um ou dois modificadores que ajudam o jogador, fora isso, só modificadores que tornam a sua vida irritante. Acabava que me via em uma partida com grupos constantemente entrando em embate com o meu exército sem que eu tivesse um controle melhor da situação.
Outro problema dos Estates é que não há uma maneira boa de entender o que influencia ou deixa de influenciar cada um deles. Claro, eu posso acessar o Wiki do Europa Universalis e descobrir, mas nenhuma ferramenta ou anotação dentro do jogo permite isso.
Por outro lado, as pequenas de Cossacks caíram muito bem no meu gosto. Uma delas é um novo sistema para tribos nômades. Ao invés de Legitimancy, que definia o quão unido esta sua nação de acordo com o monarca no poder, os nômades oferecem um sistema de união com base em guerra. Fique muitos anos sem destruir cidades ou entrar em guerra e conflitos internos serão mais prováveis.
Essa mecânica, bem parecida com a que há em Horse Lords de Crusader Kings 2, é interessante pois te empurra para o conflito, coisa que as vezes tinha receio de fazer em Europa Universalis. Agora, ao jogar com países como Kazhak, tenho de me preparar para o inevitável conflito com países vizinhos e destruir o máximo possível.
Ainda no aspecto de gerenciamento de uma nação, Cossacks adiciona outros três, mas importantes, elementos para ajudar na expansão a longo prazo: Mudanças no sistema de cultura, na espionagem e na relação com povos indígenas. Agora é possível voltar uma província para cultura anterior, enquanto no âmbito da espionagem, há como estudar tecnologias de outros países ou ajudar países subjulgados na luta pela independência.
Por fim, as relações com povos indígenas agora podem ser definidas como amigáveis — que reduz as chances de motins — de mercado para aqueles que preferem obter lucro da matéria prima, ou repressoras, que aceleram o processo de colonização. Tal mudança, assim como outras, foi imperceptível. A não ser pelo bônus mostrado ao colocar o mouse sobre a opção, minha partida ia seguir em frente e não ia notar a diferença.
Confesso que todas essas mecânicas adicionadas por Cossacks de uma forma ou outra me atraem, mas que impactam aspectos específicos do jogo e a longo prazo. Não é como em Art of War que no primeiro momento de jogo eu já via quais foram as principais mudanças e tinha de me adaptar a elas. Cossacks é questão de jogar um pouco, lentamente modificar seu estilo para que possa usufruir das adições.
Imagino que não seja fácil tornar um jogo de mais de dois anos desde seu lançamento, atraente e ainda sem perder a sua identidade. Um pouco mais de diplomacia interna e acabamos com algo que pode parecer Victoria II. Enquanto um pouco mais de ênfase no combate (apesar de querer isso) e vamos ter uma versão mercantilista de Hearts of Iron.
Me fez jogar algumas horas a mais de Europa Universalis IV? Com certeza, mas a cada partida que fazia parecia que essas adições se mesclavam tanto com o que já existe e são usadas — em grande maioria — em cenários tão específicos que as vezes esquecia delas. Isso é, com a exceção dos Estates, que me importunavam como uma criança que quer sorvete todo dia e a cada hora.
Entre Common Sense e Art of War, Cossacks se mostra como a mais fraca das grandes expansões de Europa Universalis IV. É divertido ter mais ferramentas para brincar de ser líder, uma pena que elas não te prendem tanto quanto prometem.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Paradox