Três longos anos para que Dragon’s Dogma: Dark Arisen chegasse no PC, três anos de petições, de fãs implorarem a Capcom para trazer o peculiar RPG de ação. Como alguém que já gastou milhares de horas na versão original, não poderia estar mais feliz com seu lançamento no PC. Ele está disponível no Steam a partir de R$ 74,99.
A história gira em torno do Arisen, um humano que sobrevive a um ataque de um dragão e agora parte em uma jornada para derrotá-lo. Junto a ele estão os Pawns, servos vindo de um mundo paralelo conhecido como o Rift e que o ajudarão na jornada. Antes que comece a pensar se essa história é interessante, pare, pois não vai te levar a lugar algum. Ele tenta criar alguma trama interessante, mas se perde no meio, cenas parecem desconexas e quests fraquíssimas. Dragon’s Dogma: Dark Arisen nunca foi muito sobre a história, mas sim sobre o mundo e como o jogador interage com ele.
O sistema de combate é uma das melhores, para não dizer a melhor coisa de Dragon’s Dogma. Há várias classes básicas e avançadas que permitem ser um arqueiro que usa magia, um guerreiro que empunha uma espada em duas mãos, um mago capaz de invocar tornados enfim, uma enormidade de maneiras de personalizar o personagem.
A progressão em si é relativamente linear, com pontos obtidos ao completar quests ou derrotar inimigos. Estes são utilizados para comprar novas habilidades e aloca-las em um dos botões do controle ou teclado. Acho interessantíssima a maneira que Dragon’s Dogma força o jogador a fazer escolhas em relação as suas habilidades, ponderar sobre quais deve ou não levar para o combate, uma vez que estas só podem ser alteradas com personagens específicos espalhados pelo mapa. Meu aprendizado sobre isso veio rápido, quando percebi que não contava com nenhuma habilidade capaz de atacar inimigos aéreos, um dos motivos para evitar classes de combate corpo a corpo.
Minha escolha fica para as classes que atacam a distância, como arqueiros e magos. Além de possuírem ataques esteticamente bonitos, são mais fáceis serem controlados. Classes de combate corpo a corpo tomam um ar mais parecido com Monster Hunter, onde o “timing” do ataque deve ser preciso em monstros de maior porte. Aliás, por falar neles, é bom se preparar para algumas das batalhas mais intensas que você vai ter.
Foram incontáveis vezes que “passeava” pelo campo em busca de uma próxima quest quando um grifo pousou em minha frente e atacou minha party. Rapidamente tentei me esquivar de um dos seus ataques, sem sucesso. Monstros como ele não são fáceis de serem derrotados e saber seus pontos fracos é de suma importância para o sucesso. Como fará isso? Bem, você pode usar ataques de fogo, escalar em suas costas, invocar um tornado e por aí vai. Quando você derrota um inimigo, é por seu próprio mérito e não pq o jogo te deu uma ajudinha.
Digo também ser mérito meu devido à ineficiência de meus Pawns, que mais parecem aqueles funcionários preguiçosos que só aparecem para o serviço quando querem. Se listasse todas as vezes que estava sendo atacado e um pawn achou melhor catar amoras em um arbusto próximo esse texto ao menos triplicaria de tamanho. Era incapaz de me irritar com eles, os “burrinhos” se esforçavam ao menos e me avisam pela milésima vez que o monstro que estava a minha frente era poderoso.
Não há nada que fiz em Dragon’s dogma sem ter um sorriso no rosto, ele é prazeroso de jogar em praticamente todos os aspectos. Seja viajar de uma cidade a outra, encontrar goblins no meio da noite ou ser atacado por um ogro gigante. Há uma fluidez e você é capaz de exercer um controle sobre o personagem que apenas games como Vanquish, Metal Gear Rising: Revengeance ou Monster Hunter conseguiram replicar.
A Capcom é capaz de representar os golpes com belíssimas animações sem sentir que aquilo não era uma reação de um comando meu. Essa é uma das minhas maiores “birras” com jogos de ação, me sentir desconectado, de que o jogo completava a ação para mim e não que ela era um resultado direto de um botão que apertei no controle. Essa sensação nunca existiu em Dragon’s Dogma: Dark Arisen.
Enquanto essa fluidez era um pouco prejudicada devido à baixa taxa de quadros nos consoles, a Capcom — assim como tem feito nos últimos anos — entrega mais uma vez um port de altíssima qualidade no PC. Desde o anúncio estava com pé atrás por causa dos controles no teclado, coisa que não é comum de errarem e mesmo na combinação padrão eles são ótimos. Isso sem contar na taxa de quadros elevada e bastantes opções gráficas.
Tecnicamente ele não é nada de realmente impressionante nos dias de hoje, mas esteticamente ainda consegue surpreender, principalmente o efeito das magias e armaduras. Para quem aguentou jogar com um mago e ver as magias transformarem o combate em um slideshow de Powerpoint no PlayStation 3, vê-las em toda sua “glória” no PC foi uma visão e tanto.
Para quem esperava alguma mudança na conectividade online, podem perder a esperanças. O sistema de pawns continua a mesmíssima coisa dos consoles. Cada jogador tem a possibilidade de criar um Pawn e contratar outros dois. Por mais que eu queira algum modo cooperativo, acho o sistema de Pawns uma ideia brilhante, apesar de falha em algumas partes.
Minha maior diversão era encontrar os pawns criados pelos meus amigos e ver como progrediram da última vez que os vi. Mal posso esperar para fazer mais disso quando criar um novo personagem. Por outro lado, a interação entre o jogador e os outros jogadores fica apenas por isso, com uma opção de enviar itens para eles após remover o Pawn da sua party.
Por mais que tenha problemas na história, Pawns meio atrapalhados, Dragon’s Dogma: Dark Arisen ainda é um dos RPGs com melhor sistema de combate que já joguei e a versão PC chega para provar isso. Seja um veterano na franquia ou um dos diversos fãs que esperou todo esse tempo para jogá-lo, não ficará decepcionado.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Capcom