Eu não vou mentir e dizer que eu tenho algum conhecimento sobre “Double Dragon”. Embora um grande fã de beat ‘em ups, a minha história com a franquia é, no mínimo, pífia. Joguei os originais muitos anos atrás e não passei disso. Pode ser que eu não tenha me acostumado com eles, ou eles não possuem o que “Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons” atualmente me oferece.
Pois veja bem, “Double Dragon Gaiden” se apresenta como um “Roguelike”, mas eu não diria que esse é o melhor termo para ele. No máximo, ele surfa na onda de superutilização de um termo que — para esse jogo — não é nada mais do que “as missões são ligeiramente aleatórias”. O que a Secret Base quer dizer com isso? Em suma, você pode completar cada fase na ordem que você quiser. Assim que uma fase for completada, a segunda fase será mais difícil, e por consequência, a terceira também. Além disso, cada uma delas tem mais estágios trazendo consigo uma promessa de rejogar o jogo e ver algo novo. É verdade, até certo ponto.
O maior elemento “roguelike”, é o fato de que você só tem uma vida, mas pode obter mais vidas caso decida usar o dinheiro obtido nas missões para melhorar os seus personagens ou comprar créditos adicionais. Ou seja, é a mesma “experiência” de jogar em um arcade só que com uma roupagem “nova”.
Inicialmente eu não fiquei muito entusiasmado com essa premissa. “Jogar as mesmas fases em ordem não sequencial e ver mais áreas? Se eu quiser isso eu jogo Mega Man”. Mas “Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons” tem uma excelentíssima carta na manga: uma quantidade considerável de personagens a serem desbloqueados.
Normalmente eu não ligo para a quantidade de personagens que um Beat ‘em up tem contando que eles sejam bem elaborados. Nisso a Secret Base se sobressai, com uma variedade imensa e o uso de um tag system onde você pode interromper golpes ou ações especiais e trocar os personagens para aumentar ainda mais a sua pontuação.
Caso você não tenha muita familiaridade com a minha obsessão com pontuação ou tabelas de liderança, recomendo a leitura do meu recente texto sobre Thronefall. Assim que um jogo me dá a oportunidade de “faça X combos” ou “Se você fizer algo de forma Y, seus pontos irão dobrar”, eu vou pular de cabeça.
Foi assim que as duas horas de jogo de “Double Dragon Gaiden” viraram quatro, depois 10, depois 15h. Eu adorava tentar encontrar a devida sinergia entre os meus personagens, descobrir como me aproveitar das situações ou como cancelar combos em mais combos e ver todos meus inimigos esmigalhados no chão.
Outros elementos como modificadores de dificuldade, aumentando a vida dos inimigos ou diminuindo a vida dos meus personagens também eram outro motivador para eu tentar completar “Double Dragon Gaiden” variando como eu enxergava os oponentes.
Infelizmente, esse é o cume do jogo. Se você espera uma experiência mais “tradicional” de Beat ‘Em Ups, ainda mais considerando o sucesso da franquia no geral, vai sair de mãos vazias.
Não importa a quantidade de modificadores, o jogo em si não oferece tantos incentivos externos para que você se envolva mais com a dificuldade. Tudo bem, você pode — como disse antes — liberar novos personagens, mas também se você liga apenas para a dupla Billy e Jimmy Lee, não vai achar muito o que fazer no jogo.
Outro problema que é impossível de não mencionar é o design das fases em si. Embora os chefões roubem a cena na maioria do tempo, o restante das fases de Double Dragon Gaiden são…. Medianas no máximo. Elas não contêm o carisma muito menos o estilo “vívido” de tantos outros beat ‘em ups recentes. Eu teria dado um desconto se os elementos roguelikes também valessem para a aleatoriedade das fases ou fazer com que elas sejam moldadas de formas diferentes, mas não é o caso.
Entendo que, para um jogo tão focado em combos, ter um pano de fundo relativamente estático é proveitoso, mas isso não é uma boa desculpa quando jogos como Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge conseguem atingir o mesmo patamar com cenários não só mais vívidos, mas também mais recheados de surpresas. As caixas ou outros itens destrutíveis de “Double Dragon Gaiden” apenas entregavam uma coisa: dinheiro, dinheiro e mais dinheiro.
Eu queria dizer que “Double Dragon Gaiden” vai “agradar os fãs da franquia”, mas tenho grandes dúvidas sobre isso. Sinto que, a não ser que você seja um grande apreciador de combos ou de aumentar a dificuldade no máximo e ver até onde chega sem usar nenhum continue, as chances de você apreciar o que a equipe da Secret Base vai fazer.
Acredito que o jogo teria feito mais sucesso, ou até mesmo alcançado um público maior se ele não tivesse chegado atrasado à renascença dos Beat ‘em Ups. Com tantas escolhas por aí — que vão de elementos simples como de Takedown — retorno de clássicos como Streets of Rage e tantos outros que estão por vir, “Double Dragon Gaiden” acaba virando o patinho “feio” da lista.
Eu realmente torço para que a Secret Base o continue atualizando com novos estilos de luta ou até mesmo um modo arena — algo que eu senti uma tremenda falta no game. Mas, mesmo que isso não venha a acontecer, eu ainda me vejo rejogando-o de tempos em tempos. Afinal, aumentar a sua pontuação até o limite que eu consigo nunca vai deixar de ser extremamente divertido.
Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons
Total - 7.5
7.5
“Double Dragon Gaiden” tenta vender a ideia de um roguelike, mas falha no processo com a falta de aleatoriedade e a própria falta de compreensão do termo em si. Ainda assim é um Beat ‘Em Up muito competente em relação a personagens, um bom sistema de combos e também com uma dificuldade bem distribuída. Só não espere um jogo da atual era onde você vai gastar horas e mais horas. Isto é, a não ser que você seja um grande fã de aumentar a sua pontuação como eu.