Uma, duas, três, quatro, cinco batalhas. Os minutos passavam e estava na décima quinta. Não sabia o motivo pelo que lutava, nem mesmo qual seria o resultado disto. Domina seria uma perfeita alusão sobre o uso da violência para a transmissão de uma mensagem superficial, na realidade só é um péssimo “manager”.
A ideia é que o jogador é um dono de escravos durante o período Romano e os usa para ganhar fama nas batalhas entre a vida e a morte, nas arenas de gladiadores. Seria preciso então gerenciar suas habilidades, treinamento, satisfação e obviamente torcer para que saiam da arena o menos feridos possível e assim leva-los para as principais batalhas da Roma antiga.
A execução, por outro lado, é mais de um “cookie clicker” do que qualquer outra coisa. O aspecto de gerenciamento é superficial ao ponto de ser entediante. Três classes específicas, uma meia dúzia de equipamento que pouca diferença faz tanto a curto e longo prazo e batalhas que duram entre trinta segundos e um minuto.
Domina não tem nenhum elemento que faça o jogador realmente se importar com o gerenciamento dos contestantes ou como você distribui os ganhos entre as batalhas. Há períodos onde uma automatização do sistema em si é tangível. Você já tem em mente como melhorar os lutadores, qual equipamento comprar, quem você deve contratar ou não nos primeiros trinta minutos de jogo. Ao levar em conta que o desenvolvedor planeja uma duração de três a quatro horas, todo o restante é pura monotonia.
Não entra na minha cabeça o que eu devo extrair de duas horas de acompanhar — ou participar, caso desbloqueie a habilidade para isto — de combates onde a maior estratégia é apertar o botão esquerdo do mouse e andar para trás para não ser atacado. Esperava que ao menos a variedade de oponentes, já que cada partida é gerada aleatoriamente, fosse o segredo de Domina, pelo contrário, a configuração parece ser a mesma.
Quando uma partida não é ridiculamente fácil, é ridiculamente difícil de todas as maneiras erradas. O jogo coloca todos os fatores contra o seu favor, como amarrar o oponente e jogar tigres para cima de você quase que como na tentativa que passe mais tempo suportando a jogabilidade enjoativa.
Como se já não bastasse a superficialidade e o sistema de combate desenvolvido para te dar uma fabulosa tendinite, o desenvolvedor optou por não incluir um sistema de save em Domina. O motivo é a curta duração do jogo (de três a quatro horas) e que a inclusão iria acarretar em uma série de bugs.
No meu auge de “tempo livre para jogar”, ou seja, solteiro estudante de ensino fundamental / médio e sem um emprego eu jogava uma média de duas horas com pausas no máximo. Perdoe-me caro desenvolvedor, mas você assumir que eu vou reservar três horas da minha vida — o que acabei fazendo para publicar este texto — para jogar o seu jogo de uma vez só em pleno 2017 é no mínimo insanidade.
Primeiro que você não me passou nenhuma garantia anterior de que essas três horas vão valer a pena, segundo que o seu jogo não tem uma mecânica que permita maleabilidade ao ponto de rejogá-lo mais vezes, terceiro que não é um rogue-like. E no último exemplo ao menos eles te dão tantas escolhas que eu posso jogar mais de 100 horas e não ver tudo.
Domina não tem uma trama, não tem um gancho que justifique decisão estapafúrdia, é mais uma barreira de entrada em um jogo que já não tem muitos pontos a seu favor. Este tipo de decisão se conquista, não se joga ao vento e espera que todo mundo vai achar isso a maior maravilha do mundo. Eu até daria um desconto se a jogabilidade evoluísse, se existisse uma maneira de reduzir o impacto de não poder salvar, mas não há uma justifica isso.
Queria soar menos negativo, mas não tem como, Domina tem dois fatores no qual acerta, a estética muito bem trabalhada e uma trilha sonora fantástica. Nessas horas queria ter instalado um contador de tempo para ver quantas horas eu ouvi repetidamente a trilha, pois com certeza foi mais tempo do que eu investi em Domina. Além do que, ouvi-la não vai me dar tendinite.
Domina
Total - 3.5
3.5
Superficial e quase uma piada de mau gosto de se considerar um “manager”. Domina toma decisões no mínimo duvidosas em relação a sua progressão e dificilmente te dá motivos para investir mais do que meia hora nele. Além do que, você não vai poder salvar mesmo, então nem perca o seu tempo.