Apesar de gostar bastante da série Shin Megami Tensei, eu não tinha um Nintendo DS na época que Devil Survivor lançou, consequentemente o deixei de lado. Agora, após jogar a segunda versão remasterizada para o Nintendo 3DS, tomei conta do erro que cometi.
A história com Tóquio destruída por terremotos, manifestações, tudo isso graças a uma horda de demônios que invadiu a Terra e agora ameaça a humanidade. Mesmo sendo uma sequência, Devil Survivor 2: Record Breaker não tem ligação direta com antecessor e pode ser jogado sem problema. O máximo que irá perder serão algumas referências, mas nada sério.
O jogo está dividido em duas partes, Septentriones Arc, a história original de Devil Survivor 2 e Triangulum Arc, uma história adicional onde os heróis agora devem enfrentar uma nova ameaça. Quando pensei em uma nova história, imaginei um pequeno DLC com uma, duas horas. Nada disso, Triangulum Arc chega a durar até 40 horas adicionais. Devil Survivor 2 já é um monstro de longo, cerca de 60 horas para terminar a campanha principal. Enquanto jogava para a review cheguei até próximo do fim do Triangulum Arc e já contava com 17 horas. Ou seja, um total de 77 horas. Não só isso, como o conteúdo é de qualidade, a história é interessante e consegue te prender.
Assim como em Persona, a interação entre os personagens é o ponto chave que faz a história dar certo. Não contam com tanto carisma quanto os da maior franquia da Atlus, mas estão longe de serem ruins. Para não dizer que não há problemas, existem certos pontos que a história se arrasta um pouco demais, as sequências são desinteressantes e o desenvolvimento dos personagens fica estagnado.
Seu sistema de combate é uma mistura de Final Fantasy Tactics com o Shin Megami Tensei clássico. Você move os personagens no cenário por turnos, ao atacar o inimigo será levado para uma tela de combate por turnos como em Shin Megami Tensei IV, por exemplo. Não é demasiadamente complexo e já na primeira luta você pega o jeito pelas mecânicas. A única coisa que pode dificultar novos jogadores é o sistema de fusão de demônios. É possível unir dois ou mais demônios para criar um demônio poderoso e usá-lo nas batalhas. Este é um componente essencial para avançar em Devil Survivor 2: Record Breaker, que mesmo os veteranos da série terão dificuldade no combate.
Muitas vezes cogitei desistir, partir para outro jogo, de tão irritado que eu estava com algumas lutas. O Devil Survivor 2: Record Breaker não chega a ser injusto, é apenas necessário que você execute todas as ações da maneira mais perfeita possível. Um deslize e todo o esforço irá por água abaixo. Eu vejo algumas batalhas como um grande quebra-cabeça. Saiba quando e como movimentar as peças para que tenha sucesso, não faça isso e encontrará derrota. Para quem não quer se irritar tanto, a Atlus disponibilizou um modo “fácil”.
Simples de entender, mas o combate não me cativou o suficiente. Não é de hoje que tenho dificuldades com jogos que possuem ênfase em um aspecto tático. Com a exceção de Disgaea e Blackguards poucos strategy RPGs me interessaram. Se Devil Survivor 2: Record Breaker se limitasse a exploração junto com combate como Shin Megami Tensei IV, Strange Journey, cairia no meu gosto. É um sistema bom, mas não divertido.
Assim como o Persona, Devil Survivor 2: Record Breaker usa um sistema de social link, ranks estabelecidos de relacionamentos entre o protagonista e seus aliados. Chamado de Fate System, estes podem ser aumentado entre o combate, ao avançar a história ou por outros meios. Ao subir de rank, você têm acesso a poderes ou habilidades especiais. Este sistema provê algo a mais a se fazer fora do combate, mas se mostrou raso demais ao ser comparado com Persona 3 ou Persona 4.
Por se tratar de um jogo quase que unicamente baseado em sprites, as melhorias nos gráficos se limitam apenas a uma resolução superior. Em comparação agora quase todas as falas do jogo estão dubladas em inglês e o script foi revisado. Não cheguei a comparar quais foram as grandes diferenças para o original, já que a Atlus tem realizado um bom trabalho de tradução há uns bons anos.
No fim das contas, me senti satisfeito com o que pude jogar de Devil Survivor 2: Record Breaker. O combate pode não ser do meu interesse, a história se arrastar as vezes, mas no fundo é um RPG de estratégia competente e mais uma ótima adição à biblioteca do Nintendo 3DS. Se você já jogou, terá muitas horas de conteúdo adicional. Caso não, separe muitas horas e uma boa dose de paciência.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus