Eu pensei em uma dezena de introduções para esse texto, algumas mais empolgantes, outras, nem tanto. Pensei em escrever sobre a grande batalha entre facções, sobre como eu amo Sci-Fi, mas não. Etherium, o RTS intergalático da Tintalos Interactive que está a venda no Steam, nunca me fez comprometido o suficiente para.
Etherium se divide em dois componentes. Um mapa da galáxia, onde você move as unidades para planetas específicos e o combate em terra.
Tive sérias dificuldades de entender o uso do mapa galáctico, não por falta de conhecimento em outros jogos que usam um sistema similar (série Total War), mas a maneira que a interface é disposta, com muita informação escondida.
Você tem por exemplo, “power cards”, cartas que podem prejudicar o seu inimigo, só fui descobrir sobre elas depois do terceiro ou quarto turno. Isso sem contar a lentidão que é a mudança de turnos enquanto as suas facções movem as unidades. Ao menos serve para preparar um café.
Nos quesitos técnicos Etherium se sai muito bem, com bastante personalização para máquinas mais fracas e ainda assim belo. Não cheguei a gostar do design das unidades, mas também não as abominei. O ponto alto foi a sua ótima trilha sonora.
Já no combate em terra, as coisas melhoram e muito. Você começa com uma base em um mapa dividido por setores. Cada um desses setores pode ser capturado e nele construído um “outpost”, pense como um post avançado para a sua facção. Alguns dos setores também oferecem depósitos de Etherium, a moeda usada para comprar unidades e tecnologias.
Mas não é isso que impressiona, mas sim a qualidade da IA de Etherium. Eles são audaciosos, sabem quando avançar, quando recuar, que setores capturar. Até mesmo nos níveis mais básicos eu tinha de ter uma grande noção de táticas para movimentar as unidades e defender cada setor de maneira eficaz. Torres de vigilância começaram a se tornar corriqueiras e fortalecer uma região para prevenir que o inimigo passe por ela ainda mais.
No que Etherium se sobressai para as táticas, deixa a desejar nas unidades. Cada facção pode ter uma estética levemente diferente, mas as funções permanecem as mesmas. Não existe uma certa complexidade.
As partidas começam lentamente a se resumir em quem pega os depósitos de Etherium mais rápido, quem fortalece mais rápido, quem tem um grande fluxo de dinheiro disponível para mais e mais unidades. Boa parte das vezes a IA novamente sai na frente, não porque sou ruim em jogos de estratégia, mas eu tinha de sofrer a entender a interface de novo.
Apesar de consideravelmente melhor que o mapa galáctico, não existem maneiras de enviar de volta as suas tropas a base designada com um único clique, no que resulta em uma mistura da minha incapacidade de controlar tropas junto com a IA ser extremamente boa e conseguir salvá-las a tempo.
Fora a batalha, você tem o modo multiplayer, que atualmente já está vazio, com pouquíssimos jogadores. Nos testes que fiz, não vi problemas de conectividade, mas também não pude jogar muitas partidas.
Um dos grandes pontos que tornariam “diferente” de outros jogos de estratégia era o sistema climático. Adivinhe, não mudou praticamente em nada. Esses são ativados ao gastar Control Points (CP), que são ganhos em um ritmo lento enquanto a batalha se desenrola.
Eu tinha duas opções, usá-los ou as vezes fazer com que uma unidade voltasse para a base mais rápido para reparos. Todas as vezes optei pela segunda opção, uma unidade veterana com a vida cheia vale mais do que uma tempestade no deserto.
Os Control Points também são usados para acelerar a movimentação das unidades, revelar partes do mapa, bombardeios em áreas específicas. Normalmente não gosto desses bônus, mas tendo em vista todo o resto foram o ponto alto das batalhas.
Para vencer uma batalha Etherium oferece duas possibilidades: Destruir a base inimiga ou construir canhões que reduzirão os pontos da frota que está em órbita e fará com que ela fuja antes de tomar mais danos. Ambos as soluções são simples, eficazes, mas nunca com resultados realmente interessantes.
Creio que esse seja o problema constante de Etherium. Sabe quando você pergunta para alguém se um produto é bom e ele te responde “É bom, mas…”? Esse mas é onde se Etherium se encaixa.
Eu nunca detestei o jogo, nunca fiquei irritado, mas parecia tempo perdido, poderia jogar outras coisas melhores, mais interessantes. Não me senti envolto pela história, pouco ligava para as facções. Apenas veria se o próximo mapa seria mais legal e nunca era.
Etherium é isso, é algo que fica no limite de “bom” e “ruim”, ainda sem um objetivo definido, sem prender o jogador, mas com uma IA que vale a pena testar ao menos uma vez. Torcia para que fosse melhor, não foi dessa vez.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Focus Home Interactive