Falar que odeio meus vassalos, a essa altura, deveria ser considerado pleonasmo. Porém, Crusader Kings – Conclave me fez odiá-los ainda mais. A 11ª expansão para o game de estratégia da Paradox está disponível no Steam a partir de R$ 27,99.
Crusader Kings II é primariamente um jogo de estratégia onde o micro gerenciamento de relações entre figuras de poder é o foco e Conclave expande justamente isso. Onde antes existia apenas um simples, porém funcional, sistema de leis e controle de vassalos, este agora foi trocado por um robusto conselho onde cada um deles quer um pedacinho.
Os tempos onde a tirania e o medo reinavam acabaram. Agora muitas das minhas decisões tinham de passar pelo conselho, de pequenas mudanças na forma que todos os vassalos eram taxados ao encarceramento de um personagem.
Um dos meus maiores problemas com Crusader Kings II era o quão lento os eventos aconteciam quando se passava da fase de expansão e o reino estava relativamente estável. Agora, com o conselho na minha cola a cada instante, esse momento foi embora. A cada segundo era um ou outro personagem com sede de poder em busca de entrar no conselho ou reclamar que não tinha poder suficiente. Claro que muitas vezes aproveitei disso devido ao novo sistema de favores.
Favores é justamente o que o nome implica, “uma mão lava a outra”, como dizem por aí. Um dia você pode pedir apoio de um membro do conselho, mas que cedo ou tarde irá te cobrar um “favorzinho” e esse favorzinho pode não ser tão pequeno quanto imagina.
O resultado? Algumas vezes decidi não cumprir minha parte do tratado, por falta de tempo ou por pedidos de guerra. Obviamente inúmeras conspirações, facções e outros problemas surgiram no meu reino. Não tardou para que uma guerra civil tomasse conta, pela milésima vez, meu rei fosse assassinado e lá se foi a minha partida.
É um sistema imprevisível, inconsistente e sem dúvidas o motivo que gostei tanto dessa expansão. Acertar o balanço perfeito entre ter um conselho “amigável” e favorável as suas ideias é algo quase impossível. Alguns querem guerras pela glória do país, outros querem um enfoque na igreja. Às vezes eu só queria que me deixassem em paz.
O momento mais interessante foi quando um dos meus vassalos, já irritado por não estar no conselho, ameaçou se rebelar contra meu reino. Na tentativa de ser um bom rei, coloquei-o no conselho. Passados alguns meses ele começa a reclamar que não tem autoridade suficiente dentro do conselho. Dei-lhe um pouco mais de autoridade para ver se ficava quieto.
No fim das contas, descobri que havia criado conspiração para assassinar a minha esposa, onde busquei prendê-lo e executá-lo. Claro que tudo isso após ser aprovado pelos outros membros, que já não gostavam muito dele. Ah Crusader Kings 2, tem momentos que você me tira do sério, mas em outros eu me apaixono cada vez mais.
A segunda grande adição está no sistema de como você gerencia os seus herdeiros quando crianças. Anteriormente tínhamos a opção de definir um caminho específico para seguirem. Agora? Não muito.
Crusader Kings 2: Conclave permite apenas uma pequena direção geral a qual ele deve seguir. É um sistema confuso e pouco explicativo. De todas as vezes que eu tentei decifrar, acabava com um herdeiro que não era do meu agrado. Talvez seja esse o intuito mesmo da Paradox, junto com o novo conselho de vassalos tornar a partida ainda mais imprevisível. Só que, dessa vez, não caiu no meu agrado.
Por mais que seja interessante todo esse aspecto de “surpresa”, um limite de controle por parte do jogador é necessário e essa adição tira quase que completamente. Uma partida pode ir por água abaixo em questão de horas quando o seu herdeiro não seguir um caminho específico ou voltar com atributos um tanto quanto decepcionantes.
Não é também uma expansão para novos jogadores, principalmente se você tem aquelas suas dez horas de jogo. As mudanças são impactantes e as explicações necessárias não estão lá. É como abrir um jogo, ver que tudo mudou, mas esqueceram de te enviar o manual.
Como quase toda expansão da Paradox, há uma série de mudanças significativas adicionadas com uma atualização gratuita, sendo a maior delas a mudança no sistema de diplomacia. Casamentos reais agora criam pactos de não-agressão e podem ser renegociados assim que uma das partes falece.
Junto a isso a Paradox promete mudanças na inteligência artificial e que o combate está melhor baseado no sistema de moral dos exércitos. Na prática? Não vi muita diferença, os exércitos ainda ganham por números do que cansaço. Com exceção, é claro, de ataques a fortalezas ou qualquer cidade, que mantém o estilo anterior de “espere alguns dias e uma hora essa fortaleza cai”.
Crusader Kings 2: Conclave é no mínimo ambicioso, com mudanças que afetam o ritmo e a maneira que as partidas são jogadas. O conselho de vassalos torna o meio e o final do jogo muito mais interessante; onde por outro lado as mudanças no lado que seus filhos são criados me desapontaram um pouco. É um bom motivo para voltar a jogar Crusader Kings 2, mas apenas se você estiver disposto a aguentar algumas dores de cabeça.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Paradox