Um planeta desconhecido a ser explorado, oponentes em busca da nova terra, Civilization Beyond Earth busca fugir do que tornou a franquia famosa e agora almeja as estrelas. Em partes, conseguiu seu objetivo, mas a um custo elevado.
A primeira vista, Beyond Earth parece quase um mod de Civilization V, já que usa o mesmo motor gráfico e retém boa parte das mecânicas. As similaridades param aí, porém. Na busca por uma identidade própria, o game se distancia das civilizações tradicionais e cria as suas nações do futuro.
Perdemos unidades especiais para cada nação, mas ganhamos uma maior personalização que se adapta ao estilo de cada jogador. Antes de cada partida, você pode escolher qual nação usará, quem irá financiar a sua viagem e as suas peculiaridades.
Outro ponto importante na personalização vai para a teia de tecnologia. Antes onde tínhamos uma progressão linear para as tecnologias durante os anos, agora você pode definir melhor como a sua nação irá se desenvolver.
Isso acarreta dois problemas, porém. O jogo não trabalha muito bem como o jogador deve proceder para escolher as tecnologias, sendo possível pegar tecnologias que não lhe trarão um bom retorno a curto prazo e prejudicar a sua partida. Outro problema vem da confusão que a própria interface cria. A teia oferece filtros, mas não determina bem o que faz o que.
Uma das novas mecânicas em Beyond Earth é o sistemas de quests. Ao longo dos turnos o jogo lhe oferece novas missões para incentivar o jogador a explorar, buscar outras tecnologias e se envolver mais com o jogo. É uma mecânica interessante, já adotada por games como Age of Wonders e Warlock II. Em contrapartida, nunca me senti realmente motivado para completar as quests.
A AI de Civilization: Beyond Earth ainda carece uma maior atenção. Ela é inconsistente e não sabe travar guerras. Muitas vezes fomos denunciados a outras nações por algo que não fizemos. No caso era a destruição de um posto de troca que nem tinha ideia que existia.
Ela não cria unidades ofensivas, ela não te ataca até o final do jogo praticamente, o que ela faz é enfiar o máximo de unidades perto de suas cidades como medidas defensivas e espalhar exploradores pelo mapa. É um problema recorrente em Civilization que gostaríamos de que tivesse sido sanado em Beyond Earth.
O mesmo acontece com a falta de envolvimento deles para as novas vitórias de Civilization: Beyond Earth. Além da tradicional conquista por dominação, o game oferece quatro outras vitórias.
Como apontado antes, Civilization Beyond Earth aproveita muito da estética de Civilization V, principalmente no mapa mundi. Ainda assim ele traz uma estranha sensação de “falta algo”. Não sei se é da interface, das unidades mas tudo parece abaixo do que se espera de um game da Firaxis.
Tomemos como exemplo XCOM e XCOM: Enemy Within, ambos com interfaces competentes, bela estética para as unidades e uma ótima trilha sonora. Agora quando se olha Beyond Earth, parece que cada pessoa fez uma parte da interface e no final juntaram tudo. A interface de gerenciamento de cidades está abaixo do esperado, condições de vitória e por aí vai.
Outro problema que aparece é o background futurista de Beyond Earth, por causa dele você não vê uma progressão estética como em outros games da franquia. Ao passar das eras, você via as suas unidades melhorarem o equipamento, da espada para arma, de carruagens para tanques e por aí vai.
O sistema, apesar de se diferenciar de Beyond Earth promove pouca mudança estética. Suas unidades recebem um equipamento levemente diferenciado que durante as partidas não pareciam um avanço. Ironicamente, Pandora da Matrix Games oferece uma opção maior de unidades com mais peculiaridades.
Os novos líderes também carecem o carisma e os detalhes de Civilization V. Como apontado antes, agora você pode melhor personalizar cada civilização, mas os líderes oponentes se mantém os mesmos. O mais incômodo foi ter um líder brasileiro que fala uma mistura de português com espanhol e não faz o menor sentido.
Por ainda ser um aplicativo x86 (32Bit), Civilization Beyond Earth cai nos mesmos problemas de outros games 4X lançados esse ano, não utiliza toda a memória do computador e continua a sofrer com longos turnos após boas horas de jogo.
Estranho como muitos games de estratégia continuam com esse mesmo problema. O único a buscar uma solução recente foi Galactic Civilizations III, que deixou para trás o suporte ao Windows XP e o Windows Vista. Compreensível no caso de Civilization já que a franquia seria prejudicada.
Para quem tem placas AMD o Civilization faz uso do Mantle, a solução que promete um melhor desempenho para as Radeon. Benchmarks apontam uma melhoria considerável em relação em relação a usar Directx 11, o que é raro pois nunca vejo alguém usar a API de maneira satisfatória.
Ao menos a trilha sonora de Beyond Earth continua sensacional, em partes tão boa quanto Civilization V. Enquanto perde horas da sua vida só por “mais um turno”, terá um bom som para te acompanhar.
O problema é que Civilization sempre foi visto como uma franquia que inovava, que buscava agregar elementos interessantes em cada sequência. O que temos em Beyond Earth é um breve retrocesso, como ocorre com todo jogo-base (sem expansão). Será preciso muito trabalho para tirar esse gosto de “inacabado” que o game futurista passa ao jogador.
Ainda vicia? Claro, mas não por ser uma ótima sequência, mas sim por a mecânica da série ser tão bem polida hoje em dia que o conceito de “só mais um turno” está bem estabelecido. Se você for realmente fã da série ou de games futuristas, acredito que vá se divertir contando que não mantenha as suas expectativas tão altas.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela 2K Games