A Treyarch sempre foi uma empresa de inovar a franquia, primeiro pela história de conspiração estabelecida no primeiro Black Ops e com melhorias no multiplayer em Black Ops II. Parece que essa ambição não estava presente quando foi hora de desenvolver a campanha para o terceiro. Ele está disponível para Xbox One, PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox 360 e PC a partir de R$ 159,99.
A trama se desenrola sobre um futuro onde inteligências artificiais fazem parte do nosso dia-a-dia e um grupo de soldados que trabalha nos limites da moralidade. Desconexa, e com personagens fracos, ela tenta trazer reflexões sobre a moralidade no campo de batalha. Moralidade que nunca é bem trabalhada e acaba apenas por ser uma “motivação” em continuar para a próxima fase.
Na tentativa de trazer uma nova experiência, a Treyarch aposta na possibilidade de jogá-la em modo coop para até quatros jogadores, o que infelizmente acaba por agravar a situação. A campanha é sinônimo de corredores interligados entre cinemáticas, com mapas abertos que aparecem de tempos em tempos. Black Ops III é uma experiência ainda mais claustrofóbica, sem espaço para táticas avançadas ou trabalho em equipe.
A solução da Treyarch para esse problema — ao contrário do que eu esperava — não foi torná-la mais variada, mas sim colocar ainda mais inimigos poderosos quando jogado com outros jogadores. Cada fase é um total tédio repleta de inimigos poderosos demais, pouco recompensadores e um balanceamento estranho. Pela sétima missão, a única coisa que queríamos era que terminasse e pudesse ver o final.
Enquanto a campanha pode não ser das melhores, Call of Duty: Black Ops III se mostra como um dos quase melhores dos últimos anos quando o assunto é multiplayer. Ele se apoia em parte das mecânicas de jetpacks introduzidas por Advanced Warfare e adiciona a possibilidade de correr pelas paredes. Com isso temos partidas que não são só frenéticas como também com uma grande fluidez e dinamismo.
Black Ops III perde um pouco na personalização de personagem em prol de um novo sistema de “especialistas”. O jogador agora pode escolher um especialista com uma habilidade especial como a Battery — capaz de usar um escudo que absorve o dano por um curto período de tempo — ou o Prophet e sua arma de raios. Essas habilidades são interessantes e espaçadas o suficiente para garantir que uma partida fique ainda mais divertida sem perder o balanceamento entre as equipes.
Balanceamento é um assunto complicado, ainda mais quando o assunto é Call of Duty e Treyarch. Não é de hoje que vi problemas com armas superpoderosas, como a FAMAS de Black Ops I, e mapas confusos. Pela primeira vez desde que começou a produzir jogos da franquia a desenvolvedora lançou doze mapas balanceados e divertidos em diversos aspectos.
Em sua grande maioria eles oferecem diversos caminhos para chegar ao objetivo ou eliminar o inimigo sem que o jogador se sinta sobrecarregado de informação. Isso é um grande avanço após dois jogos com mapas que variavam entre medianos a terríveis.
Como já é de costume, Black Ops III descarta novamente os killstreaks em favor dos Scorestreaks, também usados no antecessor. Estes garantem o uso de habilidades especiais como UAVs e ataques aéreos na medida que o jogador faz pontos e não elimina os oponentes. Partidas de Team Deathmatch deixam de ser aquela festa de bombardeios a cada cinco segundos e se tornam mais táticas.
O shooter seria disparado um dos melhores desde Black Ops II de 2012 se não fosse por um pequeno, mas importante detalhe, a terrível conectividade com os servidores no Brasil. Das inúmeras partidas que joguei, nenhuma delas foi completada sem problemas. A cada alinhamento planetário, ou com uma boa dose de reza, conseguia entrar em uma sala onde o problema era um pouco menos aparente.
Ao menos isso é um problema em menor escala ao jogarmos o modo Zombie, que vem ganhando mais e mais atenção pela Treyarch desde o seu lançamento junto com Call of Duty World at War. Agora ele ganha um sistema de progressão separado e uma campanha para até quatro jogadores online — ou dois jogadores locais — chamada Shadows of Evil. Sua jogabilidade se mantém, em grande parte, similar ao resto do game, mas com um cenário Noir da década 40 e uma grande quantidade de armas clássicas.
Zombies se mostra mais uma vez um dos melhores modos de sobrevivência atualmente no mercado e não precisa mudar a fórmula para provar isso. O primeiro mapa incluso no game oferece uma progressão linear que ao mesmo tempo se torna desafiante e recompensadora.
Black Ops III é sem dúvidas o jogo mais bonito da franquia, mas essa beleza vem a um custo que não achei necessário. Nessa constante corrida por gráficos melhores, a Treyarch optou por uma taxa de quadros longe do que via antigamente nos consoles. Por ter jogado boa parte do tempo do PC o problema não me afetou, apesar que o desempenho ainda deixa a desejar com micro travamentos durante a campanha.
Call of Duty: Black Ops III tem uma jogabilidade soberba ofuscada por sérios problemas técnicos. O esforço de criar mapas balanceados e um multiplayer com uma fluidez sem igual vai embora no primeiro momento que se entra na sua décima sala com lag ou morre pela vigésima vez por um oponente que teleporta. Com uma campanha pouco memorável, ainda é um bom jogo, mas que deve ser jogado apenas por aqueles com uma boa dose de paciência para lidar com os defeitos.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Activision