Quando lançado, Blood Bowl e suas subsequentes expansões nunca me prendeu. Menus confusos, uma interface estranha eram apenas alguns dos motivos que me faziam desistir de tentar aprender. Agora com Blood Bowl II, a Cyanide Studios fez com que parte dos meus medos fosse finalmente deixado de lado e comecei a ver o quão divertido é. Ele está disponível no Steam por R$ 79,99.
Baseado no jogo de tabuleiro da Games Workshop, Blood Bowl II coloca as raças do universo de Warhammer em uma sangrenta partida de futebol americano. Cada equipe realiza suas ações – como avançar no mapa ou pegar a bola – por turnos.
O sistema não é complicado de entender. Uma equipe é constituída de jogadores de variadas categorias, como os blitzers, com ênfase em bloquear o avanço adversário ou os runners, com maior chance esquivar dos ataques adversários. Cada raça possui suas diferentes habilidades. Humanos, por exemplo, conseguem serem habilidosos em variadas posições, mas não se especializar em nenhuma. Enquanto os anões se destacam pelo alto poder de força em detrimento de uma menor mobilidade em campo.
Claro que toda partida conta com um bom toque de Warhammer. Bloqueios se tratam de poderosos socos na cara do oponente, fazendo com que ele caia no chão e deixe rastros de sangue pelo campo. Trolls podem se rebelar e comer seus companheiros de equipe. Até mesmo um juiz pode ser comprado e prejudicar uma equipe.
Graficamente e esteticamente ele é mais um upgrade do que uma reimaginação. Orcs continuam seres asquerosos, humanos continuam…bem…humanos e o Chaos continua uma das minhas raças favoritas do universo Warhammer. Não é necessário um computador potente para rodar Blood Bowl 2, mas a falta de um maior controle sobre as opções ao invés de um medíocre slider de “baixo”, “médio”, “alto” e “muito alto” seria de grande ajuda. Uma das novidades fica por conta do novo sistema de câmera, mais fácil de controlar e ótimo para quem optar por jogar no controle.
Toda ação em campo é governada por um sistema de dados que decide o resultado. Um ataque pode resultar em um oponente desacordado, uma esquiva, ambos os jogadores desacordados ou apenas um empurrão para um ponto escolhido. Fatores como força, agilidade ou recuperação influenciam no resultado. Então, talvez não seja uma boa ideia colocar um goblin contra um gigante e esperar uma vitória. Falo por experiência própria.
Quando o assunto é aprender as variações entre mecânicas, Blood Bowl II faz um bom trabalho. Isto é, se você está disposto a jogar ao menos as primeiras partidas da campanha. Com uma história simples, boba até, o game oferece tal tutorial pela história de uma equipe falida que deve se reerguer com novos jogadores. Não acredito ser o intuito da Cyandie Studios produzir algo profundo, portanto cumpre muito bem o seu papel.
Parte do que facilitou o aprendizado foi a interface, que recebeu grandes melhorias. Agora está mais fácil de estudar e analisar quais jogadas podem ser feitas. Além disso, os cards de comparação entre jogadores são de simples entendimento e tudo o que precisa é mostrado na tela. Nada de ter de perder horas para aprender detalhes que não necessariamente irão tornar a experiência mais recompensadora.
Após sair da campanha, foi a hora de testar mais a fundo o modo skirmishes, onde é possível a criação de uma equipe personalizada para partidas contra o computador ou outros jogadores online. Bastou apenas umas partidas para chegar a terrível constatação que a Inteligência artificial não é lá essas coisas.
Ela funciona bem quando o assunto é não permitir que o jogador marque um ponto, mas não tão boa na hora de gerenciar o tempo ou pontuar na partida. Cada tempo é composto de 8 turnos, sendo um total de 16 turnos. Ou seja, não há tempo para ficar parado e esperar que o oponente cometa um erro que o deixe em desvantagem. A IA mostra que não sabe disso e pode ser facilmente impedida.
Quando a IA tomava posse da bola nos turnos finais de um tempo, ao invés de tentar avançar, optava por manter a bola na mesma posição ou movimentar de maneira limitada. Até mesmo em casos onde não havia ameaça alguma para o oponente – como em uma partida onde quase todos os meus jogadores ficaram desacordados de tanto apanharem – a IA decidia fazer algo.
Fora a campanha, é possível participar de ligas tanto online como off-line. Estas podem ser personalizadas com regras, existência ou não de fases de grupos, eliminação e por aí vai. O game dá uma ajudinha para quem não conhece muitos amigos que jogam e pesquisa automaticamente ligas online para participar.
Outro aspecto divertido é o Cabal TV, área onde se pode ver replays ou partidas ao vivo. Ironicamente foi uma das áreas onde mais passei tempo. Assistir partidas de Blood Bowl 2 é mais viciante do que sequer imaginei, além de servir como uma boa ferramenta de aprendizado para estudar algumas das táticas mais usadas pelos jogadores no multiplayer.
Sobre ele em si, tenho pouco a dizer. Minhas partidas foram um show de cenas lamentáveis com jogadores consideravelmente mais experientes que me destruíam a cada jogada. O netcode funciona bem e não vi problemas de desconexão.
Para quem é veterano, Blood Bowl 2 faz pouco esforço para conquista-lo, principalmente quando o assunto é conteúdo. Das 23 raças que temos na Chaos Edition, apenas oito delas estão disponíveis no jogo enquanto outras duas serão vendidas como DLC.
No fim das contas, Blood Bowl II consegue oferecer uma experiência mais fácil de entender, modo multiplayer melhorado e ainda assim sem perder o espirito que é o sangrento esporte. É bonito esteticamente, definitivamente um pacote atraente para aprender a jogar. Só não confie no juiz, ele é traiçoeiro.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Focus Home Interactive