Como alguém que apenas passou os olhos por cima dos dois últimos Assassin’s Creed Chronicles, não tinhas muitas expectativas parar Assassin’s Creed Chronicles: Russia, o que em partes foi muito bom pela boa surpresa que ele me trouxe. Ele está disponível para PC, Xbox One e PlayStation 4 a partir de R$ 19,00
Você joga com Nikolai Orelov, um Assassino que planeja deixar a ordem dos assassinos após uma última missão e deixar sua terra natal para trás. Orelov já havia aparecido na série de quadrinhos Assassin’s Creed: The Fall, mas que novamente, tinha pouco conhecimento sobre. O meu grande interesse estava mesmo na ambientação, uma Rússia pré-revolução socialista. O interesse foi por água abaixo ao perceber que que novamente a Ubisoft perde a oportunidade de torná-lo mais interessante a não ser por meia dúzia de colecionáveis do Animus.
Ao menos dessa vez inclui uma história que não chega a prender, mas também não é aquela zona que vemos na série principal. É direta, interessante e com algumas revirevoltas que não esperava. Sem entrar muito em detalhes, Orelov ganha uma grande ajuda na de um segundo protagonista, a duquesa Anastasia Romanova.
Pelo menos a temática serve para entregar uma estética sensacional. Dentre os três games da série Chronicles, sem dúvidas Russia é o mais bonito de todos. O contraste entre o cinza das edificações com o vermelho — este que também destaca elementos interativos do cenário — é capaz de criar uma sensação de caos e nos remeter, mesmo que superficialmente, ao importante período da história russa. Minha maior surpresa foi na jogabilidade.
Quando ouvi falar na série Chronicles, não esperava uma qualidade tão boa quanto Russia entrega. Em partes, consegue concretizar momentos de stealth de maneira mais eficiente que a própria franquia principal. Orelov pode se esconder entre chaminés, chamar a atenção dos guardas, usar granadas de fumaça, enfim, diversas ferramentas à sua disposição para evitar o confronto direto e acredite, você não vai querer isso.
Na mesma moeda em que ele entrega as ferramentas, ele espera que as use de maneira sábia. Cada fase é dividida por pequenos setores, onde o jogador recebe uma pontuação de acordo com habilidades usada. Faça barulho, mate guardas de maneiras desastradas e uma medalha de bronze será a sua recompensa. Seja um verdadeiro “assassino” e a medalha de ouro é sua. Isso é apenas um pequeno detalhe sobre o porquê de saber usar essas ferramentas sabiamente, mas sim o quão punitivo Assassin’s Creed Chronicles: Russia é.
É uma pena que a maior dificuldade veio mesmo por causa dos controles, que nem sempre colaboram. Não são difíceis de entender, mas em momentos sentia que Orelov achava mais interessante não se soltar de uma escada ou que ficar preso na parede e ser visto pelo guarda era uma opção mais agradável.
Apesar de parecer forte, não se iluda, Orelov é frágil. Basta uma bala ou um golpe certeiro e você terá de retornar ao checkpoint. Para muitos isso pode soar como algo extremamente punitivo, para mim, que após anos após anos reclamou de que Assassin’s Creed era fácil demais, foi quase que um alívio. Eu finalmente conseguia parar para analisar o cenário, decidir qual seria a minha aproximação, qual tática seria válida para avançar e qual ferramenta seria a mais eficaz.
O segundo protagonista não se diferencia tanto em relação as habilidades de Orelov, mas o suficiente para mais uma vez ter de pensar como resolver certas situações. Pode parecer que eu fale que na realidade Russia é monótono, quando na verdade não é. A Ubisoft soube misturar sequências de ação, com stealth, com pequenas missões de escolta de uma maneira que o jogador fique sempre em movimento e sempre em um novo local a ser explorado.
Outro problema são seções com tempo, que apesar de felizmente não serem tão frequentes, sempre dão aquele gosto amargo na boca. Se encaixam em parte na temática, mas são frustrantes. Sou daqueles que prefere ter de sofrer por uma fase extremamente complexa do que aguentar qualquer tipo de timer. Entendo que é um ótimo elemento para gerar pressão ao jogador, apenas não é muito bem implementado em Assassin’s Creed Chroncicles: Russia.
Junto com Assassin’s Creed: Syndicate, Assassin’s Creed Chronicles: Russia é um dos meus favoritos da franquia nos últimos anos. Apesar de não ser nenhuma revolução em jogos de plataforma, os elementos que funcionam, funcionam muito bem. Poderia viver sem os problemas nos controles ou seções com tempo, mas no geral um game divertido e ao mesmo tempo desafiador.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Ubisoft