Abyss Odyssey sempre foi um caso de ame ou odeie quando joguei na versão de PC. Com o lançamento da versão Abyss Odyssey: Extended Dream Edition para PlayStation 4, decidi dar uma chance para mudar a minha opinião. Uma pena não ter sido o caso.
Mais da metade dos motivos que gosto dos jogos dos chilenos da ACE Team é a tremenda estética, presa por uma jogabilidade mediana. Abyss Odyssey não escapa disso. Ele é um belíssimo jogo de plataforma, com controles que boa parte do tempo vai fazer você querer jogar o controle pela janela.
A história se passa no Chile do século passado, onde grandes buracos apareceram do chão graças a um mal chamado apenas de “Warlock”. Você controlará um dos três guerreiros criados da mesma fonte que o Warlock usou para soltar o mal pelo país. A solução para erradica-lo se encontra no final de uma série de cavernas subterrâneas criadas após a invasão.
Abyss Odyssey pega inspiração pesada em rogue-likes, mais especificamente a parte de permadeath e “aleatoriedade”. Coloco entre aspas pois a estrutura das fases pouco se modifica de uma partida a outra. Cada andar tem uma temática ou grupo de temáticas diferente. Por exemplo, as primeiras três áreas mostram um aspecto de “caverna subterrânea”, onde a quarta já se passa em um jardim e por aí vai.
O game parece não se decidir se quer ser luta, plataforma ou tudo ao mesmo tempo. Por um lado, obstáculos a serem superados, de outro, inimigos com golpes que mais me lembram Super Smash Bros. Cada vez que encontrar o inimigo, é colocado em uma espécie de “arena – como um beat ‘em up ou Okami. Tal método pareceu extremamente prejudicial não só as mecânicas em si como a dinâmica. Houveram momentos que a cada passo que dava, três inimigos surgiam do nada e tinha de lutar contra eles. Por serem aleatórias, as arenas as vezes eram criadas em áreas com um buraco, ou armadilhas demais e controlar o personagem não deixa fácil evita-las.
Ele tenta colocar comandos demais em botões de menos. Três tipos de golpe – com sequencias – três golpes especiais – itens e ainda tem o cancel. Para quem não conhece, um termo muito usado em jogos de luta para determinar golpes que podem ser interrompidos na metade da animação e unidos com outro. Acompanhou tudo até agora? Que bom, pois vai piorar ainda mais.
Os inimigos também possuem cancel, golpes especiais e diferentes maneiras de te bloquearem. Diferente de você, eles não erram. Eles parecem saber o que você vai fazer, quando e como vai fazer. Imagine ter que lidar com isso tudo em uma arena pequena? Pois é, não dá muito certo.
Se investir, bastante, digo, bastante tempo em se tornar mestre nos controles de Abyss Odyssey: Extended Dream Edition , a progressão se torna divertida. Esse empenho eu faria em jogos como Street Fighter, King of Fighters, dentre outros. Quando eu pego um roguelite, eu quero fluidez, uma jogabilidade dinâmica. Morreu, começa de novo em segundos. Binding of Isaac é espetacular nesse quesito e um dos motivos que gastei tantas horas nele.
Os problemas de Abyss Odyssey não param por aí, os itens são pouco interessantes. Uma espada flamejante, uma lança que envenena os inimigos. Úteis no combate, com pouca diferença visual. A não ser pelos cenários, não sentia que realmente progredia.
A ajuda vem no modo coop para dois jogadores, as batalhas se tornam mais divertidas e permitem criar várias táticas. Isso é, se ambos tiverem o empenho de aprender os nuances do combate.
Infelizmente Abyss Odyssey: Extended Dream Edition deixa a desejar e sofre com problemas técnicos. Quedas na taxa de quadros, demora de resposta nos controles, bugs e tempo de loading são os maiores problemas que vi. O online, por outro lado, funcionou sem problemas.
Abyss Odyssey: Extended Dream Edition é confuso, bizarro e requer um investimento considerável para aproveitá-lo. A ACE tentou adentrar em um novo gênero, não deu muito certo, mas não há como não parabenizar o empenho. Para aqueles que decidirem investir tempo, terão um jogo interessante com um sistema de luta que, se tivesse um pouco mais de polimento seria ótimo.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Atlus