Não sou de me basear em posts de terceiros, mas o Flávio Croffi, editor do Baboo e colaborador da EGW me lembrou de um assunto que deveria ter comentado anteriormente aqui, mas não o fiz. Afinal de contas, jogos são apenas entretenimento ou também cultura?
Para quem não sabe, em audiência realizada na última semana, a ministra da cultura, Marta Suplicy em conversa sobre o vale cultura, afirmou que não considera jogos digitais como inclusos no pacote.
Sancionado em 2012, o vale cultura é uma iniciativa do governo que dará R$ 50 por mês a trabalhadores CLT que recebem até cinco salários mínimos.
“É parecido com o vale-transporte ou o vale-refeição. O trabalhador receberá um cartão magnético, complementar ao salário, que poderá utilizar para entrar em teatros, cinemas, comprar livros, CDs e consumir outros produtos culturais. O vale mensal será de R$ 50.”, aponta descrição no site oficial do governo.
Estão inclusos neste pacote coisas como TV a cabo, revistas, livros, DVDs, muitas outras coisas, mas jogos não. Eu meio que entendo essa iniciativa falha do governo, de incentivar o brasileiro a consumir mais “cultura”, o fato que os jogos não estão inclusos era de se esperar.
Sério, não entendi mil pessoas em sites de redes sociais, fóruns de discussão em busca da cabeça da Marta por não colocar jogos no pacote.
Nosso mercado já é considerado como o segundo maior para a Capcom, a acessibilidade de jogos a um menor preço, nem que seja 30 reais mais barato aqueceu o seu consumo, mas nossos governantes ainda não possuem a ideia de que eles são cultura.
Ah, mas Call of Duty é cultura? Por mais que possa doer, é. Se tem gente que considera Molejo cultura, porque Call of Duty não pode? Se encaixa no contexto? Sim. É algo bom? Não, assim como Molejo não é.
Brincadeira, Call of Duty não é tão ruim quanto Molejo, mas devo afirmar que já joguei coisa que me fez preferir ouvir Molejo, não que eu tenha o feito, claro.
O problema se encontra em que todos os outros elementos suportados pelo vale cultura já estão inseridos em nossa sociedade a maior tempo do que os jogos. Todo mundo consegue entender que música é cultura, mas que Fez é algo completamente distante.
Não tem como explicar os processos criativos de desenvolvimento de um jogo por A+B para alguém sem que ele tenha um bom background do mercado.
Aliás, achem que os jogos são uma supercultura que devem ser respeitados por todos. É possivelmente uma das maiores culturas descartáveis (salvo certos títulos) que está em crescimento. Para cada Pac-Man ou Tetris, existem 32 my Petz Farm que serão esquecidos ao longo dos anos, como qualquer outra cultura.
Considerar jogos a mais importante forma de expressão do século XXI é coisa de quem fica no PC o dia inteiro e se fecha para tudo que ocorre ao seu redor. É importante, mas não pense que a sociedade se baseará
Não condeno a atitude da Marta como outros por aí, afinal foi a falta de conhecimento de mercado que a fez falar tais coisas.
Condeno, porém, a atitude do governo em implantar um vale-cultura que 90% da população vai gastar com putaria, DVD inútil, revista pornô (sim, se encaixa no pacote), Capricho e TodaTeen para as filhas.