A série Might & Magic Heroes (Ou Heroes of Might & Magic se você a acompanhou por mais de 10 anos) nunca foi particularmente interessante para após a terceira edição. Heroes V foi divertido, mas também deixou a desejar em diversos aspectos. Com o lançamento de Heroes VII, disponível no Steam ou Uplay por R$99,90, vejo a série cair nos mesmos problemas.
O jogo é dividido em três modos: Campanha, partidas locais ou partidas online. Da campanha em si, não tenho o que reclamar quando o assunto é conteúdo. A história é contada pelo ponto de vista de cinco facções diferentes, cada uma com uma quantidade enorme de missões e mapas a serem jogados. Não falo de conteúdo para cinco ou dez horas, mas para trinta a cinquenta horas. Quanto à qualidade, bem… digamos que eu não achei a história particularmente interessante. É aquela velha história de guerras entre facções, traição, vingança e magia em um mundo medieval.
O mapa central – onde você moverá o herói, obterá recursos e recrutará novas unidades – é bonito, mas mecanicamente desinteressante. Heroes sempre teve grandes altos e baixos neste aspecto. Os mapas de Heroes III eram vastos e variados, enquanto Heroes VI eles estavam consideravelmente limitados, coisa que se mantém no modo campanha de Heroes VII.
Na necessidade de se contar a história, a Limbic Entertainment limitou toda a “exploração” para trilhas que hora ou outra são bloqueadas por guarnições ou “selos mágicos”. Dávamos uma volta desnecessária para apenas chegar no mesmo ponto. Aceitaria tal decisão se ao menos as áreas que fui forçado a conhecer mostrassem algo de divertido. Longe disso, alguns monstros, poucas recompensas e uma boa dose de tédio.
O mais bizarro disso é que os mapas feitos para partidas locais ou online são vastamente superiores. Eles são variados, oferecem mais pontos interessantes a serem descobertos e melhor balanceados. O problema agora residia em aguentar o combate, que não é nada de especial.
A variedade de unidades é bem-vinda, mas há pouca profundidade tática nelas. Habilidades específicas foram removidas. Se não fosse pela estética, poderia até mesmo dizer que são idênticas de um ponto de vista de mecânicas. Aprenda como usar os flancos no oponente, reduza sua armadura e elimine-o.
Cada herói pode se especializar em certas áreas – como liderança ou magia negra – talvez seja esta a melhor parte de Heroes VII, pois graças a ela consegui acabar com um pouco do cansaço que me batia quando via aquele montante de unidades e pensava “Lá vamos nós para mais um combate chato”.
Assim as horas se passavam e cada vez mais percebia as pequenas e grandes falhas. Um conjunto de boas ideias, mecânicas nunca aproveitadas ao seu potencial completo. Desconectadas, jogadas no meio de outras na esperança de que criasse coerência. Nem mesmo a interface escapa. Confusa, que não faz um bom uso do espaço e com informações importantes escondidas por trás de menus.
Das antes belas cidades, peça central no desenvolvimento de seu exército e obtenção de recursos, restam apenas uma arte 2D e menus que são chatos de navegar. Foi preciso de alguns minutos para entender que para acessar a cidade era preciso clicar sobre o nome dela e não no ícone que justamente fica ao lado.
Esteticamente, tanto os mapas quanto os cenários são bem produzidos. A variedade estética de unidades me agrada e o efeito das mesmas não deixa a desejar. A câmera durante o combate tem os seus deslizes, principalmente agora que decidiram enfiar um efeito “cinematográfico” para tornar o combate mais “emocionante”. Algumas vezes ela acabou presa atrás de uma pedra, colada no chão e outras bizarrices. Fora isso, problemas de desempenho eram raros, um grande avanço se compararmos com o terrível lançamento de Heroes VI.
No geral eu divido meus jogos em duas categorias: mecânicas interessantes ou uma história divertida. A cada alinhamento planetário temos um jogo que consegue oferecer ambos. Might & Magic Heroes VII, não fica nem em um, tampouco em outro.
É um jogo belo, mas terrivelmente raso, sem personagens marcantes e com um sistema de combate repetitivo. A intenção foi boa, é possível enxergar que ele caminhava na direção certa – mas faltou investimento – faltou aquilo que fizesse eu me interessar a continuar sua campanha. Já falei mais de uma vez e torno a repetir: jogos não vivem de beleza, vivem de oferecer uma experiência interessante ao jogador. A série já teve momentos melhores e não vai ser dessa vez que voltarei a jogá-la.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Ubisoft