Divinity: Original Sin foi um dos meus jogos favoritos de 2014 para o PC. Jogar a Enhanced Edition – versão remasterizada e agora lançada para os consoles – me deixa ainda mais feliz com suas adições. Ele está disponível no Steam, Xbox Live e PlayStation Network a partir de R$ 72,99.
Enquanto muitos RPGs se focam em contar histórias sombrias ou com personagens engimáticos, Divinity: Original Sin segue o ritmo mais leve e cômico o qual os jogos da Larian já são conhecidos. Tudo começa com a chegada de dois Source Hunters – um grupo especializado em reconhecer e erradicar a ameaça do Source, algo como a magia do universo de Divinity – em Cyseal para investigar um assassinato.
Por boa parte do jogo, a história se mantinha tanto interessante como bem-humorada, mas a versão original deixava a bola cair com os atos subsequentes mais fracos. Enhanced Edition conserta isso de ótima maneira, com a adição de novas quests e uma repaginada nas quests atuais. É uma história para quem – assim como eu – não quer sempre estar em universos a beira da destruição ou onde tudo parece caótico. Afinal, quem imaginaria que conversar com um cachorro o ajudaria a solucionar um assassinato?
O mais legal de Divinity Original Sin está em sua maleabilidade. Nem toda quest tem uma única solução e nem todo combate deve ser vencido por métodos tradicionais. Praticamente tudo no mundo pode e deve ser interagido. Não tem uma chave da porta? Ora, destrua-a. Um inimigo está na chuva? Use-a para aumentar seu dano e eletrocutá-lo.
Ele, porém, nem sempre mostra isso para o jogador e espera que ele aprenda isso por meio da experimentação. É um RPG de PC clássico, com muitos nuances que podem passar despercebidos para quem não conhece muito o gênero. O tutorial inicial dá uma ótima base para que o jogador entenda as mecânicas principais, mas elas raramente são reforçadas ao longo da jornada e algumas vezes você acaba preso em partes que poderiam ser evitadas com uma dica a mais. Isso é, se você não tem um segundo jogador para te ajudar – ou irritar – durante boa parte da jornada.
Pois é, Divinity Original Sin Enhanced Edition é um jogo que deve e merece ser desfrutado em coop. Tudo bem que eu entendo algumas limitações para aqueles que optarem pelo modo, afinal jogar um RPG com mais de 80 horas de duração e arranjar alguém com tempo suficiente para isso não é fácil. Mas isso não o torna só mais interessante como mais dinâmico.
Um segundo jogador não é apenas importante para o combate, como também pode mudar o rumo de algumas quests. De tempos em tempos Original Sin força-os a engajar em diálogo entre personagens, com cada um deles mostrando um ponto de vista de acordo com a personalidade escolhida durante a criação. É um sistema que encoraja o “roleplay”, mas sem necessitar de experiência prévia em jogos de tabuleiro. O mesmo é visto com companheiros controlados pela inteligência artificial, que serão muito úteis no combate.
RPGs despertam e matam meu interesse em grande parte por causa do sistema de combate. Divinity Original Sin, no entanto, continua como um dos mais divertidos que já pude desfrutar nos últimos anos. Os turnos são ditados de acordo com um sistema de pontos de ação, quanto mais poderoso for o ataque, mais pontos ele irá gastar. Assim como as quests, tudo é questão de encontrar oportunidades e usá-las a seu favor.
Posicionamento tático, saber como usar o ambiente para ganhar vantagem e outros pequenos detalhes são essenciais para vencer. Quando joguei a versão original, por exemplo, eu fui capaz de vencer a luta contra um chefão apenas por movimentar algumas caixas de explosivos para próximo dele e as explodir com uma magia de fogo. É ter aquela sensação de recompensa que você acabou de fazer algo que outros títulos não permitiriam que torna todo esse combate ainda melhor.
Para quem já jogou a versão original, a Enhanced Edition ainda traz alguns truques na manga para torná-lo ainda mais interessante. Um deles é o Tactician Mode, que altera basicamente toda a composição dos inimigos no combate. A Larian pegou as principais táticas usadas pela comunidade e adicionou elementos que as tornassem menos eficazes. Por exemplo, uma batalha que possui três esqueletos arqueiros e um mago pode possuir três arqueiros, um mago e dois soldados.
Tentei jogar nesse modo, fui capaz de sobreviver as primeiras dez horas, mas era demais para mim. Cada batalha virava um imenso quebra cabeça que, aliado a já extrema dificuldade, não era algo que me divertia tanto. Ainda mais com alguns monstros exclusivos do modo fazendo a minha vida um inferno a cada passo. Mas o desafio está aí e parabenizo aqueles que conseguirem completar a história nesse modo.
Divinity: Original Sin Enhanced Edition é um RPG clássico e como todo bom RPG clássico tem uma tonelada de falas, itens a serem obtidos, equipamentos para serem trocados e magias a serem descobertas. Fazer toda essa tarefa nos consoles é.… cansativo. O jogo teve uma interface claramente desenvolvida para PC e não importa o esforço da Larian – que foi louvável – ele nunca irá se adaptar bem a um controle.
Imagine ter de acessar um baú, só que ao invés de apertar um botão você ainda tem três outras opções: mover, atacar, inspecionar. É preciso de uma senhora dose de paciência, pois ele já não é um dos games mais dinâmicos do mercado e ainda lidar com tantos menus em um controle limitado é um tanto quanto irritante. Salvo os problemas no controle, a versão de PlayStation 4 se mostrou surpreendentemente competente e não deixa nada a dever nos quesitos técnicos em relação a versão PC. O melhor de tudo fica para a opção de coop local, com suporte a tela dividida e raros momentos onde a taxa de quadros cai.
Jogar a campanha de Divinity Original Sin mais uma vez apenas reforçou sua posição de que é um dos melhores RPGs que joguei nos últimos anos. Ele oferece uma liberdade quase inigualável para completar quests e um sistema de combate interessante. Seja sozinho ou com um amigo em modo coop, é garantia de umas boas horas de diversão e desafio.
A análise foi feita com base em uma cópia enviada pela Larian Studios