Há uma constante em Crusader Kings 2, me lembro bem de ter falado anteriormente em algum texto dela e é a seguinte: Alguém te odeia e você irá morrer mais cedo ou mais tarde. The Reaper’s Due, a nova expansão para o Grand Strategy da Paradox, torna isto mais proeminente. Não é maravilhoso? Ela está disponível no Steam por R$ 19,99.
Mas, ao invés de falar para você o que a expansão traz de novo, quero contar uma pequena e simpática história. Ela começa na Polônia, onde o duque Prezemyslaw Polaj levava uma vida de paz e prosperidade (se é que isso existe em Crusader Kings 2). Até que bem, a peste bubônica chegou.
Começou com sintomas leves, um pouco de tontura, enjoo, diarreia. Nada que um ótimo tratamento da idade média — como tomar leite morno ou alguma outra tática bizarra — não desse jeito. Apenas que dessa vez não deu. Os sintomas pioraram e mesmo nos melhores hospitais da época o duque faleceu. Restou apenas seu filho, odiado por metade da corte dado a seu falso senso de grandeza e crueldade. Não demorou muito para que seu legado chegasse ao fim, morto envenenado pela pessoa que mais confiava, o homem que o educou.
Crusader Kings 2 sempre pôs os personagens a frente da estratégia, da conquista, de tudo. As duas últimas expansões, Conclave e The Horse Lords foram boas, mas de certa forma não traziam a mesma sensação de ser o que me interessava no game da Paradox. O sistema de favores, introduzido em Conclave era divertido, mas carecia melhores motivos para usar. The Horse Lords pouco me impactou pós lançamento, já que não era de grande interesse meu jogar com tribos nômades (apesar de compreender a decisão da Paradox em expandir tal lado do mapa). The Reaper’s Due, ah, este sim me fez relembrar a inquietude e tênue equilíbrio entre um poderoso soberano e a ruína de sua dinastia.
A principal mecânica, como o nome deixa de certa forma implícito, é o aumento na quantidade e impacto de epidemias ocorridas durante a idade média. Estas vão da tuberculose a peste Bubônica. Cada uma delas pode começar dinamicamente em um período e se alastrar pelo mapa todo, primeiro pelas principais rotas de tráfego da região e depois para as províncias mais próximas.
Para equilibrar as chances, os jogadores agora podem construir hospitais, edificações que reduzem a taxa de mortalidade de uma província. Sim, você leu certo, não há como prevenir. Uma hora ou outra o jogo vai te dar um tapa na cara e você vai ter que lidar com uma ou mais doenças. Hora de torcer que uma das suas melhores províncias não seja completamente tomada pela peste (acontecerá, aceita que é melhor)
Tipicamente faço meus textos sobre Crusader Kings 2 baseados em duas, três, no máximo quatro partidas para ver todas as novas funcionalidades. Com The Reaper’s Due eu tive de me distanciar do jogo para ser capaz de comentar sobre. Poucas foram as expansões que me fizeram rir tanto dos absurdos que aconteceram.
Primeiro foi meu rei ser levado pela peste bubônica, depois quase todo o meu conselho ser morto ao não estarem isolados no castelo durante a epidemia (que pode durar meses ou anos). Quando pensava que tudo ia correr bem na próxima partida, ou meu rei enlouquecia, ou meu spymaster tentava me assassinar ou alguma outra desgraça acontecia no meu reino. Uma das melhores partes foi uma intriga contra um dos meus filhos que foi desfeita pois o mentor de toda a trama morreu de peste bubônica.
Aqueles que conseguirem segurar as pontas das províncias serão beneficiados com um sistema que a Paradox chama de Prosperity. Basicamente são bônus na coleta de taxa e recrutamento de soldados de uma província específica. Dado a minha ineficácia como rei, isto raramente aconteceu. Prosperidade é dado quando uma província fica cinco ou mais anos sem guerras, invasões ou doenças.
Quando estava próximo de completar a data, dois de meus vassalos decidiram brigar justamente em cima dela enquanto um terceiro clamava para que atacássemos algum território no Oriente Médio. Minha vontade? De puxar ele para um canto e falar “Meu amigo, pega esse mapa e me aponta onde você quer criar briga, agora olha onde estamos. Você está se estapeando na minha terra e ainda quer que eu marche até lá? Ah, para vai. ”
The Reaper’s Due também tem lá seus “charmes” para os sádicos. Se é que posso chamar de charme ou tentar mencionar isso de uma maneira que não me faça soar completamente louco. Falo da inclusão de novos métodos de tortura e suas consequências. Calma, calma, não foge nem me indica a um psiquiatra.
Os novos e bizarros métodos de tortura, que vão de humilhação, mutilação ou jogar na masmorra trazem bônus ou prejuízos para o personagem. Agora os machucados são visíveis. Como a vez que eu achei uma ótima ideia usar um método experimental para me curar de uma doença, que fez com que meu rei ficasse desfigurado. Acho que ele não ficou muito contente com a máscara que teve que usar pelo resto da sua vida.
Como de costume, a atualização 2.6 não faz feio em trazer pelo menos um pouco de conteúdo para quem não comprar a expansão. Agora se pode personalizar a partida, aumentar a intensidade das doenças, desativar as invasões mongóis ou a invasão asteca (para donos do DLC Sunset Invasion). Não necessariamente significativo, mas uma dúzia de eventos para DLCs anteriores, a chance de personalizar sem desativar DLCs ou ser obrigado a recorrer a mods é algo que a Paradox devia ter feito há muito tempo, mas fico feliz que decidiram incluir.
Acho que posso passar o resto deste texto apontando tudo o que eu vi de Reaper’s Due e que me fez gostar tanto dele. O mais legal disto tudo é que a Paradox conseguiu englobar mecânicas que conseguem agradar todos os jogadores. Daqueles que preferem jogar com tribos nômades, os nórdicos ou mulçumanos.
Do Rei ao duque ao vassalo. As doenças não escolhem credo, etnia ou posição social. Fazia tempo que não via uma expansão tão atraente para todos os jogadores de Crusader Kings 2. Tem vezes que os pequenos detalhes são os que impactam mais e nada melhor do que a morte para provar isso.
Crusader Kings 2: The Reaper's Due
Total - 9
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Fazia tempo que não tinha momentos tão divertidos em Crusader Kings 2 e The Reaper’s Due certamente foi um dos motivos; Novos eventos que trazem mais variedade e desequilíbrio as partidas foi a aposta certa da Paradox. Um DLC para todo tipo de jogador que deseja mais desafio, mais acontecimentos bizarros, dominarem o mundo ou verem seu reino sucumbir as ruínas.